Leitura em português
e espanhol pelo autor no canal aRTISTA aRTEIRO:
Português
História 1
Toc
toc toc. – É uma onomatopeia. Mas, ninguém responde. Toc toc toc continua o
tímido chamado e a madrugada ainda está silenciosa. Eram apenas três horas.
-
Abram, por favor. – Silêncio. – Sou eu, Ritinha. – Silêncio. Exceto pelas
onomatopeias. E assim aconteceu por longo tempo. Onomatopeia; fala sozinha; e
nada de resposta. Até que
-
Cala a boca, vadia! Não te quero e não espere nada de mim.
-
Chama Geleia para mim, por favor. Preciso falar com ele.
Silêncio.
Onomatopeia. Silêncio.
-
Aaaaaiiiiiiiiiiiiêêê! Só quero viver. Me dá uma pedra, por piedade.
Silêncio.
Até ela correr pela rua gritando.
História 2*
Um burburinho.
Chega
um homem e...
Arfando
e com suas pálpebras trêmulas olha para um burburinho. Retira o paletó, solta-o
lentamente no chão, caminha devagar, deixa-se cair no chão e rola como se
dançasse ou estivesse em luta. Levanta-se; ainda meio curvado diz alguma coisa
e a conclui quando todo ereto.
-
Quem bulir com meu filho vai se ver comigo.
O menino
sem pai arregala os olhos, cresce um sorriso, olha para os olhos do homem,
dá-lhe a mão e sai de cabeça erguida com seu primeiro pai; e único verdadeiro.
História 3
- Oi, amiga!
- Oi, que-ri-da! Beijinhos, beijinhos.
- Três, pra casá!
- Já tô casada, que-ri-da.
- Verdade? Com quem, amiga?
- Com Alexandrão!
- O borracheiro?
- Não, o advogado, que-ri-da.
- Que bom. Estão felizes?
- Um pa-ra-í-so.
- E você, onde está indo com tanta pressa?
- Meu aniversário está chegando e estou fazendo os últimos
preparativos. Apareçam! Você e o borrach... o Alexandrão.
- Compareceremos, sim. Que-ri-da!
- Vou indo, amiga. Até logo.
- Você está tão linda, tão bem cuidada... Mas va-idosa...
- Me chamou de idosa?
- Nããããão, imagiiiiina, que-ri-da. É que você é tão
vaidoooosa. Mas pudera. Com esse corpinho tããããão lindo. Tem que ser messssmo.
Mas vai, amore. Preparar a festa.
Español
Historia 1
Toc toc toc. – Es una onomatopeya. Pero, nadie
contesta. Toc toc toc continúa el tímido llamado y aún hay silencio en la
madrugada. Eran solo tres horas.
- Abran, por favor. – Silencio. – Soy yo, Ritita.
– Silencio. Excepto por las onomatopeyas. Y así aconteció por largo tiempo.
Onomatopeya; charla sola; y nada de respuesta. Hasta qué
- ¡Cállate, perra! No te quiero y no espere nada
de mí.
- Llama Jalea para mí, por favor. Necesito
platicar con él.
Silencio. Onomatopeya. Silencio.
- ¡Haaaaaaaaaaaay! Solo quiero vivir. Deme una
piedra, por piedad.
Silencio. Hasta ella correr por la calle
gritando.
Historia 2*
Un ruido.
Llega un hombre y…
Arfando y con sus pálpebras trémulas mira el
alboroto. Se saca el saco, lo suelta lentamente al suelo, camina despaciosamente,
lo deja caer al suelo y rueda como se bailase o estuviese peleando. Se levanta;
todavía medio curvado dijo alguna cosa y la encierra mientras erecto.
- De ahora adelante, quien molestar mi hijo se
quedará roto.
El menudo sin padre abre desmesuradamente los
ojos, crece una sonrisa, mira los ojos del hombre, le da la mano y sale de
cabeza erguida con su primer padre; y único verdadero.
Historia 3
- ¡Hola, cariño! – Hablan Juana, Sebastiana y
Donana.
- ¡Hola, a-mi-gas! Besito, besito. – Contesta
Ana.
- Tres, para casar. – Habla Juana: Así dicen los
brasileños.
- Ya estoy casada, a-mi-gas.
- ¿Verdad? ¿Casaste con quién? – Indaga
Sebastiana.
- Con Machón.
- ¿El gomero? – Se espanta Donana.
- No, con el abogado, a-mi-ga.
- ¡Qué bueno! ¿Están felices? – Charla Juana.
- Estamos bajo el cielo.
- Y tú, ¿de dónde has venido y para dónde vas? Me
parece tan puta, es decir, en horas puntas. – No se cala Donana.
- Estaba en búsqueda de un salón para alquilar. Y
lo he encontrado en el Club de las Cascadas. Mi cumpleaños está cerca y estoy
en los últimos preparativos.
- ¡Qué lindo, cariño! – Platica Sebastiana.
- ¡Aparezcan, a-mi-gas!
- ¡Si, claro! – Charla Juana.
- Vamos a rever el gome… – Completa Sebastiana.
- … el Machón. – Enmienda Donana.
- ¡Ay ay! – Suspiran las tres y hablan juntas:
Nosotras lo extrañamos…
- Iremos sí, cariño. – Dice Joana.
- Me voy, a-mi-gas. Estoy tan cargada. ¡Hasta
pronto!
- ¡An… sí, Ana! Estás tan guaaaapa. – Platica
Joana.
- ¿Me llamó de anciana?
- No, amiiiiiiga. Jamás.
- Es tan joooven. – Charla Sebastiana.
- Va mismo a preparar la fiesta. – Termina
Donana.
Ofereço como presente aos
aniversariantes:
Brauner F. Pinto, Josué S. Brito,
Vitória Amaral, Francisco P. Araujo, Gerusa Melo, Marcelo Rocha, Elvira
Nascimento, Marilélia R. Ezequiel, Vilma Escarlate, Homero Dias, Samanta Bela, Sarah
Helena, Graca Maria, Felipe Freitas, Everaldo Nunes, Alvine Kengni, Felipe de
Medeiros, Sarah Coelho, Maximiano Lagares, Carlos Antonio, Flavia Rohdt, Nathy
Costa,
Recomendo a leitura de:
“Poema que Virou um Continho”,
de Girvany de Morais:
“Salvo Conduto”, de Xúnior
Matraga:
“Feitiço”, de Bispo Filho:
“A Quem Serve a Sensação de
Impunidade”, de Josué da Silva Brito:
* Embasado no conto Pai e
Filho, de Sebastião Bicalho (Prosa Gerais – Clesi). Minha versão foi criada na
Oficina da Literatura à Cena, ministrada pelo dramaturgo Julio Viana no Centro
Cultural Usiminas.
Rubem Leite é escritor,
poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO
todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras. É professor de Português, Literatura, Espanhol
e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em
Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua
Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”,
“Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos
“Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua
Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como
é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura
de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal
de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Foto de Vinícius Siman.
Escrito 14 de agosto de
2014. Trabalhado entre 20 de julho e 31 de dezembro de 2017.