Esteve na Praça Primeiro de Maio (Ipatinga)
uma barraca para alistar apoiadores para Boçalnato. Uma musiquinha rezava “os
comunistas vão fugir, esconder”. Não me passa pela cabeça como alguém possa
querer destruir tanto que alguém precise fugir, esconder-se...
Sei que essa é a prática.
É como define Nietzsche (ou como escreverei
doravante: Nite) “Ser forte é ser mau. Ser bom é ser fraco”. Partindo do que
ainda mais falou Nite no seu livro O Anticristo compreendo: o “deus” no
judaísmo, cristianismo e islamismo teve três involuções.
Primeiro era um deus forte e invadiu Canãa
e exterminou toda a população. Toda! Homens e mulheres: crianças, jovens, adultos
e idosos. Era um deus mal, portanto, forte. Quando o Catolicismo tinha poder
usava de violência como bem nos mostra a “santa inquisição” mais a sua ação na
América Latina e o protestantismo na América do Norte; como mostra o
cristianismo na África, Ásia, Oceania.
Depois tornou-se um Deus praticante do bem
e do mal: “Para que se saiba, até ao nascente do sol e até ao poente, que além
de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro. Eu formo a luz e crio as
trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas as coisas” (Isaías
45, 06-07). Tornou-se um deus “que rouba, mas faz”, um deus político.
Em sua terceira fase tornou-se apenas bom e
o demônio passou a ser algo efetivo: o mau fazedor do mal. Deus tornou-se fraco.
Justifica-se que deus permite o diabo para deixar a humanidade livre para escolher
o lado que preferir. A verdade, porém, é que ele não teria força de decisão.
As religiões, para justificar sua existência,
precisou promover a cisão entre o bem (fraco deus) e o mal (forte diabo). E a
força para propagandear é dizer que um deus bom é o que tem de melhor.
Eu não discutiria se isso fosse a verdade:
Deus bom é forte e o ideal. A verdade é, diz Nite e quem mais for pensante, que
o homem é mau e pratica o mal. Criou as religiões para dar a doce ilusão de um
bom futuro no céu se aceitar viver baixo a maldade alheia, pois essa é a
garantia de um cantinho no Paraíso.
Dizer “o homem criou as religiões” é dizer “a
humanidade criou Deus”? Não discutirei isso; por hora. Discuto as
justificativas humanas para o mal; como:
“Preto
não tem alma. Para não irem pro inferno devem ser escravos aqui e, quando
morrerem, os bons pretos merecerão ser escravos no Céu.” Mas se não têm
alma, como irão pro inferno? Essa é a ignorância cristã. Não tem lógica, mas
tem ganância.
Os “livros sagrados” gritam não pode homem com homem, mas se calam mulher com mulher não pode. Isso porque
sexualidade feminina não se considera... O amor entre homens é vedado, mas a
prática masculina do incesto, da pedofilia, do estupro, da guerra, da violência
e da escravidão são aceitáveis. Por quê? A lógica é procriar mais guerreiros e
produzir mais operários sem se importar com quais meios.
Já tive vontade, muita vontade de dar aula
de religião:
- Alunes! Nas igrejas vocês encontrarão Satanás. Cuidado ao passarem na frente de uma; é a porta do inferno. Sabe essas cantorias e discursos que se ouvem nas igrejas? São os gemidos de agonia dos torturados no inferno e os palavrões dos demônios.
- Iguais aos seus?
Perguntaram-me, perguntam-me e hão de perguntar-me.
- Produzir pensamentos e reflexões; não cópias
de minhas ideias que não sou de igreja. Produzir pensamentos e reflexões; eis a
sanha de meus sonhos.
Ofereço como presente aos aniversariantes:
Emilci R. Martins e Silvia M. Coronel.
Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog
literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor de Português, Literatura, Espanhol e
Artes. É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do
Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua
Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”. Autor dos artigos
científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e
Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola,
Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e
“Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro
Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Imagens – fotos do autor.
Sem anotação de quando comecei a escrever, mas encerrado em 25 de
julho de 2021.