ou AMÉRICA LATINA, SEUS GOVERNANTES TE REPRESENTAM
Very sad!
Boys, are treated
like social worms just for being boys.
Girls, for being
girls, have to be protected inside the society itself.¹
TRAGALUCES – Los
monstruos la acechaban en la oscuridad. Codiciaban su luz. Ella titilaba
inocente y feliz sin sospechar que corría un grave peligro. Su brillo era tan
intenso que no veía que a su alrededor se agazapaban más y más bestias. Se
sabía hermosa y avanzaba segura. Radiante se adentró en la oscuridad última. No
recuerda cómo acabó entre sus dedos. No se explican cómo se apagó tan
rápidamente. Y la dejaron allí, como inerte.
(Ginimar de Letras)
Segundo o decreto de lei nº 2.848/1940, induzir ou instigar
alguém a se suicidar ou prestar auxílio para que a pessoa faça gera uma pena,
que vai de dois a seis anos de prisão, se o suicídio se consuma.
Em português
Penso.
Quando desistira de suicidar-se, um garoto brasileiro
de dezessete anos foi assassinado pelo povo a gritar “pula, pula, pula...”.
Outro garoto, um argentino de dezoito anos, morreu
eletrocutado e o povo o culpou por ser negro, artista e pobre. Disseram que era
um verme a menos no mundo.
Uma garota mexicana foi abordada por dois homens
quando percorria o mundo pela primeira e última vez.
Mas rapazes não são perigosos; somente estão em
perigo.
E, triste, as jovens estão em perigo pelos
machõezinhos. Contudo, os homens fazem alguma coisa ou não existem homens de
verdade?
Brasil.
Uma longa carta foi escrita. Um rapaz de dezessete
anos se propôs a suicidar-se; após escrevê-la, saiu. Contudo, o Corpo de
Bombeiros negociou por quase uma hora e este desistira.
Mas o povo... Ah, o povo!
O rapaz se viu um pássaro; sentiu-se um pardal e
abriu as asas.
Argentina.
José Fonseca, artista de rua com dezoito anos,
viajava com Ciro Ferreyra, seu amigo dois anos mais velho. Ciro ficou “apenas”
gravemente ferido enquanto José...
Mas o que eles estavam fazendo além de quererem
voltar para casa? Tentavam conseguir algum dinheiro, mas a crise econômica,
política e social agride cruelmente a quem tem a oferecer apenas arte de rua.
Por isso caminham muitos dias, mas por causa de suas peles marrons nada
conseguiam.
Mas a sorte vem para todos. É como reza o provérbio
português que meu pai tinha em sua cabeça: “Até nas flores / se vê a diferença
da sorte: / Umas enfeitam a vida / outras enfeitam a morte.”.
Havia um trem parado. “Será possível?”. Cansados
aceitaram a mão oferecida pela Sorte e subiram ao teto da locomotiva. Faltando
menos de um quarto de hora para chegarem, Ciro se abaixa para pegar algo na
mochila. Mas o amigo... Este se prendera em um cabo de força e recebeu um
choque de vinte e cinco mil volts.
México-Costa Rica.
Enquanto percorria o mundo, María Trinidad Mathus
Tenorio disse quase como últimas palavras: “Hoje começo a viajar só. Depois de longo
tempo sonhando viajar sozinha pelo planeta, por fim realizo o meu desejo.
Chegou a hora de preencher-me de natureza.”. Mas um crime a frustrou.
Brasil.
O povo quer sangue e grita “pula, pula, pula...”.
Desencorajado a viver é encorajado a abrir os braços
e a pular da passarela como se fora um pardal prestes a voar.
Ah, Brasil! Seus governantes te representam.
Paradoxo para uns, curiosidade para outros. Justiça
para uns, tristeza para outros. Porém o fato é: suicida assassinado! E os
assassinos estão sendo identificados pelos vídeos que circulam pelas redes
sociais.
Argentina.
O trem estava lotado de gente em condições tão
desumanas ao ponto de filmarem e fotografarem violando a intimidade de uma
desgraça.
Descomunal falta de empatia.
Sem dó pela vítima nem piedade por aqueles que o
amava; obrigando-os a rever e rever e rever seguidamente multiplicado o corpo
queimado de seu garoto.
José morreu por ser pobre; morreu pela cobiça
capitalista; morreu pelas más qualidades dos serviços hospitalares que não
queriam recebê-lo; morreu pela cruel sociedade.
No entanto, o pior massacre foram os comentários nas
redes sociais: “É porque não quis pagar a passagem”; “morreu porque preto,
quando não caga na entrada, caga na saída”; “um verme a menos”; “Bem feito!
Quem mandou ser burro?”.
Zombarias e humilhações jorraram dos cristãos
corações.
Quais bocas protestaram pela falta de emprego digno?
Ou dos preços caríssimos das passagens a impedir a viagem dos mais pobres ou o
direito de todos os jovens – não só os das classes mais abastadas – a se
divertirem nas férias? Muito poucas bocas.
México-Costa Rica.
Um sujeito disse que somente os idiotas viajam
sozinhos e confiam nas pessoas. Houve quem dissesse: “Adoro os finais felizes.
Quem mandou ela sair da cozinha? Se
tivesse ficado quieta cuidando da casa nada disso teria acontecido...”. Outros
disseram que o povo de Costa Rica – onde aconteceu o crime – é sujo. E muitos
costarriquenhos culparam todos de Nicarágua pelo crime dos dois nicaraguenses
que a abordaram.
E não faltou quem apoiasse as falas desses e de
outros imbecis retrógrados.
Sinto.
José, Ciro e o brasileiro, por serem rapazes, são
vermes sociais. María, por ser garota, tem que ser protegida da sociedade na
sociedade.
Conheço vários mochileiros e artistas de rua, entre
eles: Ronal Faría, Emilio Bigote, Rodri Go, Zarza Mora, Kadosh Miranda, Juli
Ariel, Martín Dali Ramirez, Trinity Veguin, Faire e Ramom, Julio Guerine, Gabriel
Corrêa, João P. Juggle, Diego e Maria. São todos jovens pássaros enquanto sou
só uma árvore meio velha.
Destes e de outros mochileiros que viajam em meu
coração, três são mulheres. Com a terceira preocupo, mas pouco, pois está com
seu marido; a segunda me preocupa um pouco mais, mas está sempre com um
namorado; já a primeira me preocupa bastante, uma vez que viaja só. Horrível,
horrível, horrível! É inaceitável, ainda hoje, sentir a necessidade de um homem
acompanhando-as para senti-las seguras.
Se a María, o José, o Ciro, o rapaz brasileiro e meus
amigos são vermes desprotegidos, sou igualmente uma minhoquinha frágil. E me
lembro de uma história que li sobre Santo Antônio.
Os franciscanos viajam em duplas e o companheiro de
frei Antônio era frei Lucas, um rapaz sorridente e brincalhão. Enquanto Antônio
era bonitão e de boa fala, Lucas era tranquilo e manco. Porém um dia Lucas
estava triste e calado. Antônio perguntou o que acontecera, mas não recebera
resposta.
- Ou me fala porque está amuado ou mando essa árvore
me dizer.
Então Lucas disse: “Ontem escutei umas pessoas
dizerem que eu sou a nuca de Antônio, a sombra de Antônio, o cachorrinho de
Antônio”.
Frei Antônio olhou o céu e orou:
- Deus, muito obrigado! Por sua bondade em me
presentear com um amigo tão verdadeiro. Somente um amigo sincero pode ser a
nuca do outro, pois é onde o cérebro repousa; só um bom amigo pode ser a sombra
para que o outro brilhe; só um amigo fiel pode ser comparado a um cão, o maior
exemplo da mais pura amizade. Muito obrigado!
Todavia, governos geram o ódio social quando
reprimem, desalojam ou desvalorizam os artistas do povo ou os vendedores na
rua.
Morreram José Fonseca, María e o brasileiro sem nome.
E em mim dói. Porém Ciro Ferreyra e meus amigos artistas-mochileiros ainda vivem
como esperanças para lembrar o direito de segurança e respeito a todos os
jovens e artistas de todas as idades que praticam malabares nos semáforos ou
que pedem carona nas estradas.
En español
PIBES NO SON
PELIGROSOS; ESTÁN EN PELIGRO o
LATINOAMÉRICA,
SUS GOBERNANTES LOS REPRESENTAN
Pienso.
Cuando
desistiera de suicidarse, un pibe brasileño de diecisiete años fue asesinado
por el pueblo a gritar “salte, salte, salte…”.
Otro
pibe, un argentino de dieciocho años, se murió electrocutado y el pueblo lo
culpó por ser morocho, artista y pobre. Dijeron que era un verme a menos en el
mundo.
Una
piba mexicana fue abordada por dos hombres cuando recorría el mundo por su
primera y última vez.
Los
pibes no son peligrosos sino que están en peligro.
Y,
triste, las pibas están en peligro por los machotes. Pero, ¿los hombres hacen
algo o no hay hombres de verdad?
Brasil.
Una
larga carta fuera escrita. Un chaval de diecisiete años se propone a
suicidarse; tras escribirla, salió. Sin embargo, el Cuerpo de Bomberos negoció
por casi una hora y este desistiera.
Pero
el pueblo… ¡Ah, el pueblo!
El
chaval se vio un pájaro; se sintió un gorrión y se abrió las alas.
Argentina.
José
Fonseca, artista callejero de dieciocho años, viajaba con Ciro Ferreyra, su
amigo dos años mayor. Ciro se quedó “solamente” gravemente herido mientras
José…
Querían
volverse a casa, ¿pero qué hacían para lograrlo? Intentaban conseguir mangos,
pero la crisis económica, política y social no tiene piedad de quien solo puede
ofrecer arte callejera. Entonces caminan muchos días, pero sus pieles marrones
no atraían solidaridad.
Sin
embargo, la suerte sonreí para todos. Es como en el proverbio portugués que mi
padre llevaba en su cabeza: “Hasta en las flores / se ve la diferencia de la
suerte: / Unas adornan la vida / otras engalanan la muerte”.
Había
un tren parado. “¡Vale! ¿Será posible?”. Sin fuerzas aceptan la mano ofrecida
por la Suerte y subieron al techo de la locomotora. Faltando menos de un cuarto
de hora para llegaren, Ciro se abaja para agarrar algo en la mochila. Pero el
amigo… Este fuera arrestado por un cable de alta tensión y recibió un choque de
veinticinco mil voltios.
México-Costa
Rica.
Mientras
recorría el mundo, María Trinidad Mathus Tenorio dijo casi como últimas
palabras: “Hoy empieza mi viaje sola. Después de mucho tiempo de haber deseado
irme por el planeta a viajar sola, por fin lo hago. Llegó la hora de llenarme
de naturaleza.”. Pero un crimen la truncó.
Brasil.
El
pueblo quiere sangre y grita “brinque, brinque, brinque…”.
Descorazonado
a vivir es encorajado a abrir los brazos y a saltar de la pasarela como se
fuera un gorrión prestes a volar.
¡Ay,
Brasil! Sus gobernantes te representan.
Paradojo
para unos, curiosidad para otros. Justicia para unos, tristeza para otros.
Pero, la verdad es: ¡Suicida asesinado! Y los asesinos están siendo
identificados por los videos que circulan en las redes sociales.
Argentina.
El
tren estaba relleno de personas en condiciones tan inhumanas al punto de
filmaren y fotografiaren violando la intimidad de una desgracia.
Descomunal
ausencia de empatía.
Sin
compasión por la víctima ni piedad por aquellos que lo amaban; obligándolos a
rever y rever y rever seguidamente multiplicado el cuerpo quemado de su niño.
José
se murió por ser pobre; se murió por la codicia capitalista; se murió por las
malas calidades de los servicios hospitalarios que no querían recibirlo; se
murió por la sucia sociedad.
Sin
embargo, lo peor masacre fueron los comentarios en las redes sociales: “Que no
quería pagar el boleto”; “que era un negro de mierda”; “que es un verme a
menos”; “que se joda por idiota”.
Burlas
y humillaciones chorrearon de cristianos corazones.
¿Cuáles
bocas protestaron por la falta de empleo digno? ¿O de las altas tarifas a
impedir el viaje de los más pobres o el derecho de todos los pibes – no solo de
las clases más abastadas – a disfrutar las vacaciones? Muy pocas bocas.
México-Costa
Rica.
Uno
dijo que solamente los idiotas mochilean solo y confían en las personas. Hay quien
dijera: “Adoro los finales felices. ¿Quién la manda a salir de la cocina? Si te
hubieras quedado arreglando la casa nada de eso hubiera pasado…”. Otros dijeron
que el pueblo de Costa Rica – donde ocurrió el crimen – es sucio. Y muchos
costarriqueños culparon todos los nicaragüeños por el crimen de los dos “nicas”
que la abordaron.
Y al
cabo hay a quien le gusta la charla de los imbéciles retrógrados.
Siento.
José,
Ciro y el chaval brasileño, por ser chicos, son vermes de la sociedad. María,
por ser muchacha, hay que ser protegida de la sociedad en la sociedad.
He
conocido muchos mochileros y artistas callejos, entre ellos: Ronal Faría,
Emilio Bigote, Rodri Go, Zarza Mora, Kadosh Miranda, Juli Ariel, Martín Dalí
Ramirez, Trinity Veguin, Faire y Ramón, Julio Guerine, João P. Juggle, Diego y Maria. Son todos jóvenes
pájaros mientras soy un árbol un poco viejo.
De
estos y de otros mochileros que viajan en mi corazón, tres son mujeres. Con la
tercera preocupo, pero poco, pues está con su esposo; la segunda me preocupa un
poco más, pero está siempre con un novio; ya la primera me preocupa bastante,
una vez que viaja sola. ¡Horrible, horrible, horrible! Es inadmisible, aún hoy,
sentir la necesidad de un hombre acompañándolas para sentirlas protegidas.
Si
la María, el José, el Ciro, el pibe brasileño y mis amigos son gusanitos desprotegidos,
soy igualmente uno frágil lombriz. Y me recuerdo de una historia que leí sobre
San Antonio.
Los
franciscanos viajan en parejas y el compañero de frey Antonio era frey Lucas,
pibe sonriente y chistoso. Mientras Antonio era guapo y de buena habla Lucas
era tranquilo y renco.
Pero
un día Lucas estaba triste y callado. Antonio preguntó que ocurriera pero no
fuera contestado.
- O
me hablas porque estás triste u ordeno a ese árbol decirme.
Entonces
Lucas dijo: “Ayer escuché unos tipos diciendo que yo era la nuca de Antonio, la
sombra de Antonio, el perro de Antonio”.
Frey
Antonio miró el cielo y oró:
-
Dios, ¡muchas gracias! Por Su bondad en regalarme con un amigo tan verdadero.
Solo un amigo sincero puede ser la nuca del otro, pues es donde el cerebro
reposa; solo un bueno amigo puede ser la sombra para que el otro brille; solo
un amigo fiel puede ser comparado a un perro, el más grande ejemplo de la más
pura amistad. ¡Muchas gracias!
Sin
embargo, gobiernos generan el odio social cuando reprimen, desalojan o
desvalorizan a los artistas populares o a los vendedores en las calles.
Se
murieron José Fonseca y el brasileño sin nombre. Y en mi duele. Pero Ciro
Ferreyra y mis amigos artistas-mochileros todavía viven como esperanzas para
recordar el derecho a seguridad y respeto a todos los pibes y artistas de todas
las edades que practican malabares en los semáforos o que hacen dedo en las
rutas de Latinoamérica.
Ofereço como presente aos aniversariantes:
Margô Inácio, Mª Fátima W. Leite M., Helena L. Lopes, Helena
Couto, Dinei Gonçalves e Max Benítez (Ernesto Cobos).
Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve ao Ad
Substantiam ocasionalmente às quintas-feiras; e todo domingo no seu blog
literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor
de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. É
pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na
Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e
Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso
Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura
Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da
Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de
Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga
MG (representando a Literatura).
Imagens:
Fotos de: Faire, João e Gabriel (01); Maria (02); Ronal e
Emilio (03); Zarza (04). Todas tiradas de suas páginas no facebook.
Foto do autor tirada por Vinícius Siman.
Escrito entre os dias 08 e 17 de fevereiro de 2019.
E choro junto com Ronal Faria, que publicou em sua página
no fb seu lamento sobre a morte de José e de onde me veio a ideia inicial do
presente cronto; e ambos lutamos para que isso pare de acontecer.