domingo, 25 de agosto de 2019

OLHOS E CORAÇÃO




 Em português

Amo-te tanto, Brasil.
Como pode fazer isso?
Talvez porque seja varonil
Seja também mortadiço.

Lindo o som
Folhas e chuvisco
Triste o crepitar
Cérebro do cretino

A grande fábrica
Barulho.
Incêndios em museus e florestas
Ruídos.
Ódio e ignorância
Gritos.
Humanidade
Alheia e muda.

- Isso é comunismo. – Diz A.
- “Vai, vende o que tem e compartilhe com o irmão”. Quem disse isso? – B responde enquanto A se cala:
-
- Crê mesmo que socializar é ruim? – Continua B e C completa:
- Quem disse isso foi Jesus Cristo. E se Ele viesse hoje e falasse essas mesmas palavras, seria chamado de esquerdista. E do jeito que são mau caráter seriam até capazes de crucificá-lo de novo.

A solidariedade cristã
“Senhor, multiplica a comida daqueles não a tem”.


En español

OJOS Y CORAZÓN


Te amo mucho, Brasil.
¿Cómo puede hacer eso?
Tal vez porque sea varonil
Sea también muertadizo.

Lindo el sonido
Hojas y llovizno
Triste el crepitar
Cerebro del cretino

La gran fábrica
Ruido.
Incendios en museos y florestas
Barullo.
Odio e ignorancia
Gritos.
Humanidad
Ajena y muda.

- Eso es comunismo. – Dice A.
- “Va, vende todo que tiene y lo comparta con los hermanos”. ¿Quién así dijo? – B contesta mientras A se calla:
-
- De verdad, ¿cree que socializar es malo? – Continúa B y C completa:
- Quien dijo eso fue Jesucristo. Y se Él volviese hoy y hablase esas mismas palabras sería llamado de “izquierdópata”. Y como sus ‘seguidores’ no tienen carácter noble lo crucificarían otra vez más.

La solidaridad cristiana
“Señor, multiplica la comida de los que no la tienen”.


Ofereço como presente aos aniversariantes:
Gonzalo Schnieper e Ronal Faria (Skarabajo).

Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO.
É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes.
É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”.
Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”.
Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Foto do autor – Girvany de Morais.
Dragão – tirada da internet.
Foto com cartaz – Renata Coelho.

Escrito no correr do mês de agosto de 2019. Alguns originalmente em português e outros, em espanhol.

domingo, 18 de agosto de 2019

DIPLOMACIA SEM ARMAS É MÚSICA SEM INSTRUMENTOS



Olha as meninas histriônicas a beberem cerveja. “Prefiro as araras, mais harmônicas” e volta sua atenção a quem lhe interessa no momento: Tênis claro, jeans cobrem montes possivelmente paradisíacos, camiseta preta. Pele clara, quase branca. Olhos pretos. Curtos cabelos cacheados quase crespos. Sentado meio de costas, meio de banda. Não se conhecem ainda. Gosta disso.
Na mesa próxima três escritores conversam sobre pessoas e livros. Ri para si: em sua agenda há um grande 17. Observa os títulos dispostos na mesa vizinha: Quase Quarenta, Quase Proibido; A Elite do Atraso; Quem Manda no Mundo?. Os autores são Flávia Frazão, Jessé Souza e Noam Chomsky. Não conhece nenhum deles e o desconhecido lhe atrai, mas não o conhecimento. Ouve os três. Girvany de Morais fala da dor alheia; empatia, dor comungada. Sorri. Gabriel Miguel fala da dor social. Pensa em dor “comum gado” e sorri. Vinícius Siman fala da dor própria. Sente a ereção e sorri.
A tarde não para e a noite vai a um barracão no fundo do lote afastado de outras moradas na rua poeirenta. Tudo bem limpo e cada coisa bem ordenada em seu lugar.
Na parede da sala, recorte de jornais falando de GTM e LHC na escola de Suzano. Na parede do quarto, artigos de bdsm.
No canto da porta, perto da cama, tênis lado a lado com o jeans dobrado por cima e este abaixo da camiseta dobrada. Tudo bem ordenado.
Braços magros bem esticados com as mãos acima da cabeça e com músculos distinguidos. Pele branca coberta de vermelho cremoso. Olhos bem abertos, rápidos. Deliciosos cabelos entre meus dedos.
Beija a testa, os lábios, o umbigo fazendo suspirar de prazer e envergonhar-se disso. Sorri para a timidez. Alterna mordiscos e lambidinhas nos mamilos fazendo gemer de prazer e envergonhar-se disso. Sorri para o pudor. Olhos nos olhos que se desviam dos seus. Suave lhe segura o queixo a conduzir seus olhos aos seus. Tenta fechá-los, mas os abrem em segundos. E lhe olha nos olhos. Medo, vergonha e prazer.
Sua língua dança no erógeno centro. Cheira lenta e profundamente o púbis negro. Seus lábios dançam no erógeno centro. Saboreia o sumo que, finalmente, escorre. Ouve a melodia do orgasmo.
Com a boca ainda molhada pelo suco beija-lhe os lábios. Sem violência a língua abre caminho à sua língua e se mesclam. Seus olhos voltam a abrir-se para olhá-lo com medo, vergonha e prazer para voltarem a fechar-se.
Sem prensar senta em sua barriga a acariciar seu corpo; da barriguinha ao pescoço. Seu fluído branco se mescla ao seu fluído vermelho quando a sagrada faca ritualística entra e sai suave do peito ao coração e deste àquele. Reverente a observa no ar antes de deitar-se sobre o corpo apaixonado para dormirem juntos seu último sono.


Ofereço como presente aos aniversariantes:
Marilda Lyra, Carlos Glauss, Rômulo Gomes, Leila Marques, Magali Ramos, Davi Klystie e Marcia Regina.

Recomendo a leitura de:
“Socos e Alívios”, de Girvany de Morais:
033991042299 (zap);
“Epifanias”, de Gabriel Miguel:
“Os Trunfos da Riqueza”, de António MR Martins:

¹ Fala do Zero Três (Eduardo Bolsonaro) na abertura do seminário ‘Desafios à Defesa Nacional e o papel das Forças Armadas’. Disponível https://veja.abril.com.br/politica/diplomacia-sem-armas-e-musica-sem-instrumentos-diz-eduardo-bolsonaro/ . Acesso 18 Ago 2019.

Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO.
É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes.
É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”.
Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”.
Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Foto do autor – Girvany de Morais.

Manuscrito no Feirarte na tarde de 17 de março de 2019. Digitado dois dias depois. E trabalhado entre os dias 13 e 18 de agosto do mesmo ano.

domingo, 11 de agosto de 2019

AOS BUSCADORES DE SANTIDADE



Ofereço aos pais, não àqueles que fizeram/fazem filho e sai...
Esses são reprodutores menos que gados.
Ofereço em agradecimento a todos os pais.


E até que a morte eu sinta chegando
Prossigo cantando, beijando o espaço
Beira-Mar, Zé Ramalho.

Uma noite comum de estrelas...

- , Jesus não era santo.
- Blasfêmia!
- Santo é “aquilo que é separado”.
- Perjúrio!
- Ele disse para irmos aos pecadores, não para separá-los de nós. Disse...
- Apostasia!
- Disse para amar...
- Deturpado!
- Família não é homem e mulher apenas. Família é laços. Família é human...
- Luxúria!
- Disse que ao derribar os templos o verdadeiro Templo se reerguerá.
- Imprecação!
- Não é para fazermos igrejas, mas para irmos para dentro de nós. Lá encontraremos a Deus.

... fagulhas da terra sobem até as fagulhas do céu numa noite comum.


Ofereço como presente aos aniversariantes:
Vera Tufik, Teuler Guimarães, Derick Ândres, Denise Silva.

Recomendo a leitura de:
“Andarilho”, de Eraldo Maia:
“Corcovado”, de António MR Martins:
“Epifania”, de Gabriel Miguel:

 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO.
 É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes.
 É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”.
 Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”.
 Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
 Imagens:
 Epifanias – foto do poeta Gabriel Miguel.
 Foto do autor – Girvany de Morais.

Escrito na noite de 05 de agosto, após uma conversa com Matheus Menezes, e trabalhado entre os dias 06 e 11 de agosto. Tudo em 2019.

domingo, 4 de agosto de 2019

EXISTEM PESSOAS TÓXICAS E EXISTEM PESSOAS MEDICINAS¹


Em português:

A noite foi fria e a madrugada está quase fria.
Da rua se ouve a voz de Bruna junto com as de Sheylla e Wedson:
- Ocês são noiados, desgraças! – Alguns palavrões – Midá outra na cabeça.
Com um pouco de custo consegui virar para o outro lado e dormir.
A noite foi fria e a manhã quase fria. Mas a tarde contrariou seus antecessores. Alguém canta no Feirarte e não tenho ideia de quem seja.
Na mesa, PartIdas, de Gely Fantini, Socos e Alívio, de Girvany de Morais, João Cabral de Melo Neto e Reinações de Narizinho. À mesa acompanham-me, perdidos no tempo, Ronal, Girvany, Janio, Julian e Vinícius.
- ... aquilo que gosto não interessa a ele.
Depois dessa fala pega no ar vindo de alguma mesa próxima é ouvido; mas escutado?
- En la fiesta que me fue anoche estaban solo unos pocos amigos: Bigote, Rodri y yo. A los que se encuentran cuando hay té de hongo no fueron. No son amigos de verdad.
- É Ronal, um dos poucos trechos da Bíblia que valorizo é mais ou menos assim: “Tenha muitos conhecidos, mas um só confidente entre mil, pois amigo fiel é proteção poderosa e nem o ouro nem a prata podem ser postos em paralelo. Saiba, amigo fiel é remédio que cura”. – Uma pausa para uma bebida. – Dou-me bem com muita gente, mas são poucos que chamo de amigos. A esses outros digo que são conhecidos de quem gosto.
- Rodrí estaba enfadado. El novio de su hermana quiere que ella lo vea en la prisión pues habla que es el dueño de ella. Rodrí quería comprar un arma para usar contra “el Basura”, que es como llama a sí mismo. Nosotros demos buenas ideas a nuestro amigo… Cuando me quedé con depresión los dos me ayudaron a sanarme. Bigote también está en malo momento y estamos juntos a él para no pasar por eso sin nadie.
- ¿Recuerdas de aquél video que me has filmado? – Julián toma la palabra. – ¿Aquél donde entreno malabares? Él empieza con dos libros tuyo.
- Lembro sim. – Respondo sorrindo. – Mas quais livros eram mesmo?
- Pedagogía del Oprimido y Eu.
Alguém que chega do nada intervém na conversa:
- “Pedagogia do Oprimido” é de Paulo Coelho e “Eu” é de Augusto Cury, né?
- Coelho jamais escreveu um livro com esse tema. “Eu” é de Augusto dos Anjos e Pedagogia do Oprimido é de Paulo Freire. Você confundiu os sobrenomes.
- Confundi não. Você é que está enganado. Cury escreve sobre realismo e Coelho também.
- Realismo é escola literária e...
- Pois é. Os dois, Coelho e Cury, falam da realidade.
- Acho que você está querendo dizer que Augusto Cury escreve... – penso em dizer autoajuda, mas prefiro dizer: Escreve sobre psicanálise informal. E Coelho sobre misticismo bem ficcional.
- Pois é, Cury fala do realismo com psicologia.
Decido não contestar, mas explico:
- O realismo apresenta cenas humanas como se apresentam, sem idealizá-las ou poetizá-las.
Percebendo que o assunto renderia sem rendas informativas prefiro mudar de assunto. Enquanto isso, meu interlocutor inicial volta ao assunto que tratávamos.
- Sobre el video. Uno de mis amigos los vio en el Caralibro y preguntó que libros eran aquellos. Y nos quedamos platicando sobre el tiempo que estamos sin nos ver. Él y yo somos de la misma ciudad. Entonces lo dije que son del profesor con quien viv…
- Olha! – Intromete outra vez. – Tenho certeza que “Eu” é do Cury.
- Não, não é. – Pego a bolsa e tiro o livro, procuro determinada página e leio:
Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se alguém causa ainda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!”.
- Este é o poema Versos Íntimos, de Augusto do Anjo. Presente no único livro por ele publicado.
Da mesa ao lado ouço:
- Pai, você só fica feliz no dia de pagamento...
Diz o pós-adolescente em tom crítico. O homem mais ou menos da minha idade não fala nada. Mas seus olhos dizem o mesmo que pensei. “Não posso dar a vocês o máximo de conforto que eu queria, mas garanto o mínimo”.
De outra mesa me chegam os pensamentos:
- ... caí e ainda perdi meus equipamentos de trabalho... Estou física e emocionalmente muito machucado... Tenho que parar de buscar respostas no meu exterior e buscá-las dentro de mim ao lado dos verdadeiros amigos. Mais tarde volto para casa e termino minha cura psicológica. 

Após tantos paralelos o diálogo retorna aonde parou:
- Mi amigo piensa que usted mi tiene para su satisfacción; no por amistad. Sin embargo, siento que no hay cambio entre nosotros. Recibo y nada retribuyo…
- Você me dá afeto, companhia e bons diálogos. Tamb...
- Mas Pedagogia do Oprimido é...
- Peço licença, mas estamos de saída.
Enquanto falo cai em minha mão uma flor do ipê rosa acima de nós.


En español:

HAY PERSONAS TÓXICAS Y HAY PERSONAS MEDICINAS


Anoche fue fría y la madrugada está casi fría.
De la calle se oye la voz de Bruna junto con las de Sheylla y Wedson:
- Sois dos pibes chorros, hijos de mierda. – Unas palabrotas más – Quiero una más en cabeza.
Tras un largo rato me quedé dormido.
Anoche ha sido fría e la mañana casi fría. Pero la tarde contrarió sus antecesores. Un tipo canta en el Feirarte y me importa un huevo todo.
En la mesa, PartIdas, de Gely Fantini, Socos e Alivios, de Girvany de Morais, João Cabral de Melo Neto y Las Travesura de Naricita. A la mesa me acompañan, perdidos en el tiempo, Ronal, Girvany, Janio, Julián y Vinícius.
- … que más me gusta no apetece a él.
Después de esa habla agarrada en el aire viniendo de alguna mesa cerca es oído pero, ¿es escuchado?
- Na festa que fui ontem a noite estavam só uns poucos amigos: Bigote, Rodri e eu. Os que se encontram quando tem chá de cogu não foram. Não são amigos de verdade.
- Valle, Ronal. Uno de los pocos trozos de la Biblia que valoro es más o menos así: “Tenga muchos conocidos, pero uno solo confidente entre mil, pues amigo fiel es protección poderosa y ni oro ni plata pueden ser puestos en paralelo. Sepa, amigo leal es medicina que sana de verdad”. – Una pausa para una bebida. – A mí me gusta mucha gente. Sin embargo, son pocos que llamo de amigos. A los demás digo que son conocidos que me encantan.
- Rodri estava com a cabeça fora do lugar. O namorado de sua irmã quer que ela o veja na prisão pois diz que é o dono dela. Rodri queria comprar uma arma para usar contra “O Lixo”, que é como ele chama a si mesmo. A gente deu boas ideias para nosso amigo... Quando tive depressão os dois me ajudaram na recuperação. Bigote também não está num bom momento e estamos juntos a ele para não passar por isso sem ninguém.
- Você se lembra daquele vídeo em que me filmou? – Julian toma a palavra. – Aquele onde treino malabares? Ele começa com dois de seus livros.
- Me recuerdo. – Contesto sonriendo. – Pero, ¿qué libros eran?
- Pedagogia do Oprimido e Yo.
Un tipo saliendo del nada interviene en la respuesta:
- “Pedagogía del Oprimido” es de Paulo Coelho e “Yo” es de Augusto Cury, ¿verdad?
- Coelho jamás escribió un libro con ese tema. “Yo” es del brasileño Augusto dos Anjos y Pedagogía del Oprimido es de Paulo Freire. Vos confundió los apellidos.
- No me he confundido. Vos es que está equivocado. Cury escribe sobre realismo y Coelho también.
- Realismo es escuela literaria y…
- ¡Entonces! Los dos, Coelho y Cury, hablan de la realidad.
- Creo que quieres decir que Augusto Cury escribe… –, cambio de idea y hablo: Escribe sobre psicoanálisis. Y Coelho habla acerca del misticismo bien ficcional.
- Entonces, Cury habla del realismo con psicología.
Decido no contradecir, pero explico:
- La Literatura Realista en Argentina y en Uruguay rompieron en ideología y en formalidad con el Romanticismo. Sus escritores observaban minuciosamente a las personas y su comportamiento para descubrir el verdadero ser humano. No ocultan los aspectos negativos de la vida y da voces también a los antihéroes. No ponen en sus obras lo convencional pues imitan la realidad al decir de manera bella las cosas feas y repugnantes.
- ¡Vaya! En Hispanoamérica puede ser así el realismo, pero no es así en Brasil.
Percibiendo que el asunto rendiría sin ganancias informativas prefiero cambiar de asunto. Mientras eso, mi interlocutor inicial vuelve al tema de nuestra discusión.
- Sobre o vídeo. Um de meus amigos o viu no Caralivro e perguntou que livros eram aqueles. Acabou que a gente ficou conversando um tempão sobre o tempo em que a gente não se via. Nós dois somos da mesma cidade. Mas disse a ele que os livros eram do professor com quem mor...
- ¡Mira! Tengo certeza que “Yo” es del Cury.
- No, no lo es. – Agarro el bolso y saco el libro, me voy a cierta página y leo:
¡Ves! Nadie asistió al formidable
Entierro de tu última quimera.
Solamente la ingratitud – esta pantera –
Fue tu compañera inseparable.

Acostúmbrate a lama que te espera
El Hombre, que, en esta Tierra miserable
Vive entre fieras, siente inevitable
Necesidad de ser también fiera.

Toma un fósforo. ¡Incendie tu cigarrillo!
El beso, amigo, es la víspera de la flema
¡La mano que acaricia es la misma que apedrea

Si a alguien aún causa pena tu llaga
Apedrea esta mano vil que te acaricia
Y escupe en esta boca que te besa.
- Este es el poema Versos Íntimos, de Augusto dos Anjos. Presente en el único libro por él publicado.
De la mesa más cercana oigo:
- Papá, usted solo se queda feliz en los días de pago…
Dice el pos adolescente en tono crítico. El hombre más o menos de mi edad no habla nada. Pero sus ojos dicen el mismo que pensé. “No puedo darles el máximo de conforto que me gustaría, pero garanto el mínimo”.
De otra mesa me llegan los pensamientos:
- … caí y todavía perdí mis equipamientos de laboro… Estoy física y emocionalmente muy herido… No me puedo más buscar respuestas en mi exterior. He que buscarlas dentro de mí y al lado de verdaderos amigos. Más tarde me vuelvo a mi casa y termino mi psicológico. 

Tras tantos paralelos el diálogo vuelve adonde paró:
- Meu amigo acha que o senhor me tem para sua satisfação; não por amizade... Mas fico pensando que entre nós não há trocas. Recebo e nada retribuo...
- Vos me da afecto, compañía e buenas charlas. Tamb…
- Pero Pedagogía del Oprimido es…
- Permiso. Vamos a otro lugar. Hasta pronto.
Mientras hablo cae en mi mano una flor del lapacho rosa arriba de nosotros.


Ofereço como presente às aniversariantes
Luiza Senis e Siomar Queiroga.

¹ O título é uma fala que ouvi do artista de rua Faire.

GRIMALDO, María Saavedra. Literatura del Realismo Argentino. Disponible https://pt.slideshare.net/MariaSaavedra8/literatura-del-realismo-argentino . Acceso 20 Jul 2019.
BLIXEN, Hyalmar. Romanticismo y Realismo en la Literatura Uruguaya. Disponible https://mariajoseguerra.webcindario.com/romanticismo__y__realismo.htm . Acceso 30 Jul 2019.

 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO.
 É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes.
 É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”.
 Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”.
 Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
 Imagens:
 Ipês rosas – foto do autor.
 Foto do autor – Girvany de Morais.

Junção de dois manuscritos em 2018; um no domingo de 18 de março e outro no domingo de 26 de agosto. Digitados em 28 de agosto; trabalhado entre os dias 30 de julho e 04 de agosto de 2019.