domingo, 26 de novembro de 2017

O QUE QUERO DISCUTIR



Foto do autor: nascer do sol pela varanda.
  
Desvio Cultural:
Em apoio às artes, contra a censura, a favor da liberdade de expressão.
Desvio Cultural:
En apoyo a las artes, contra la censura, a favor de la libertad de expresión.
Desvio Cultural:
In support arts, against censorship, in favor of freedom of expression.

Leitura pelo autor postado no canal aRTISTA aRTEIRO:

Samsa adolesceu. Seu nome esquisito, sua pele não suficientemente branca, seus quilos a mais, seus óculos de grau, seu rosto não formoso, sua alta inteligência, seu...
- Bem, chega de descrição. Já deu para entender que Samsa sofria bulling na escola. Sua inteligência até tentava, mas a solidão... Ah, a solidão... Não, a solidão não. Esta é sintoma, não a causa. A depressão lhe tirava a...
- A alegria?
- Não. Tristeza é apenas sinal. Depressão é desesperança; é falta de esperança. Contudo, não é esse o assunto que quero discutir.
Samsa não se limpava. Nem arrumava seu quarto.
E em uma manhã o quarto imundo se metamorfoseou em uma estrepitosa vulva que em geração espontânea devolveu como um monstro de gosma o que em vai-e-vem manualmente contínuo projetou imaginariamente.
- E?
- Use a imaginação.


Ofereço aos aniversariantes:
Emanuel Santos, Gunther Estebanez, Edilaine S. Peres, Marcelo Garbine (Mingau Ácido), Camila Marques, Bruna Marin Jr., Jéssica Ribeiro, Hudson Welling, Welliton Baubino, Nauana Louzada, Marília S. Lacerda, José Silva, Armando Sumbane e Juliana Queiros.

Recomendo a leitura de:
“Bolsonaro, o candidato sem plano”, de Josué da Silva Brito:
“Afinal, o que é ideologia de gênero?”, de Vinícius Siman:
e “Corpo Presente”, de Girvany de Morais:

 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura). Foto de Vinícius Siman.


Escrito em 25 de junho de 2017. Trabalhado entre 30 de agosto e 26 de novembro do mesmo ano.

domingo, 19 de novembro de 2017

RETORNO FANTASMA


Leitura do cronto no canal aRTISTA aRTEIRO:


Em português

Não tanto o sono
Mas o desânimo da vida
Dificultam o meu levantar.

Foram-se!
Um Mal habitou um ponto local assustando cada Menor Mal.
Retirado por Bom Mal, o Um Mal se foi. Ficou o vazio de almas sem sair a sombra retinente.
Um Menor Mal veio e se foi. Vieram outros e se foram. Agora há um bolinho trevoso donde escuros lumes faiscaram vez e vez. E carrinho de churrasquinho fatura na diversão sanguínea.
A rua frequentada por usuários de craque saíram para uma boca se instalar. A polícia os retirou(?) para paulatinamente voltarem usuários.
Usuários da vida na morte.


En español

No tanto el sueño
Pero, el desánimo de la vida
Dificultan mi levantar.

¡Se salieron!
Un Mal habitó un punto local aterrando cada Menor Mal.
Retirado por Buen Mal, el Un Mal se fue. Se quedó el vacío de almas sin salir la sombra tintiniente.
Un Menor Mal veo y se fue. Surgieron otros y se fueron. Ahora hay un oscuro alboroto tenebroso de donde negros rayos chisparon vez y vez. Público festivo compra peros calientes a salsa de sangre.
La calle frecuentada por drogadictos salieron para un fumadero¹ instalarse. (¿)El policía lo retiró(?) para de poco a poco volvieren adictos.
Adictos de la vida en la muerte.


¹ Punto de venda de drogas.

Ofereço como presente de aniversário:
Manuel Ayala, Sávio Tarso, Igor Dias, Fernanda Hergis, Nari Farias, João Borges, Helon Tavares, Tania Mattos, Ruana Shipton, Aline Valadares, Sula Valgas, Stéfany Késsya, Débora Juliane, Rubens Ramalho, Erdinachele M. Salatiel e Aline Medeiros.
Recomendo a leitura de:
“Aldravismo, a escola poética minimalista”, de Vinícius Siman:
“Coisas de Família”, quadra trilíngue deste macróbio que vos fala:
“Dias Incertos”, de Girvany de Morais:

 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura). Foto de Vinícius Siman.

Quadra escrita no fim da madrugada de 10 de agosto de 2017. Dois dias depois, no início da manhã, a prosa foi escrita. Trabalhadas entre os dias 05 e 19 de novembro do mesmo ano. Foto de Vinícius Siman.

Viva a Bandeira do Brasil (hoje – 19 de novembro – é seu dia). Viva a Bandeira de Minas Gerais.

domingo, 12 de novembro de 2017

JARDIM PANORAMA – FECHA OS OLHOS

  
Leitura do cronto pelo autor no canal aRTISTA aRTEIRO:

... pensamentos do que vem à frente à dos já acontecidos conduzem seus pés pelo bairro Jardim Panorama. De vez em vez para sob uma árvore qualquer de uma calçada, abre a caixinha e olha a aliança de noivado que a sociedade não lhe autoriza. Já atravessou a Avenida Minas Gerais, sentou na Praça Capitania de Minas Gerais, passou pela Avenida Juscelino Kubitscheck e agora olha a casa mais bonita da Rua Serra do Espinhaço.
Cria coragem e chama.
Ninguém atende.
Chama de novo.
Ninguém
Chama outra vez.
Alguém?
Em um momento temerário testa o portão estranhamente destrancado. Entra. Experimenta a porta da sala, também destrancada. Entra. Atravessa alguns cômodos e chega ao quarto.
Quem buscava se encontrava sobre a cama. Olhos fechados, rosto palidíssimo, braços rentes ao corpo nu. Olha o sexo; para o sexo que ansiava e que se mostrava inapto para a realização do sexo que se avizinhava a sonho.
Aproxima-se sem medo, pudor ou nojo do corpo.
Senta-se, leva a mão ao rosto amado, beija a boca sem se preocupar ou mesmo pensar em como ou por qual motivo morrera.
Deita-se ao lado, braços rentes ao próprio corpo, com uma das mãos sobre a mão fria.
Fecha os olhos.

- Não dá para acreditar nisso...
- As pessoas creem no que querem; não na verdade.
- Mas essa história é verdadeira?
- A verdade é o que as pessoas acreditam; não o que realmente seja.
- Então, aconteceu realmente?
- Pode ser que sim...


Ofereço como presente aos aniversariantes:
Natália Andrade, Jaeder T. Gomes, Isac Silva, Fernanda La Noce, Rodrigo Neiva, Eder Loures, Chicão Fidideus, Carla L. Barros, Vera Pagani, Caroline Fael, Carla L. Mafra e Terroso Amador.

Recomendo a leitura de:
“Juckbox”, de Girvany de Morais;
“William Waack, entre os sacis e as fadas”, de William Delarte.

 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura). Foto de Vinícius Siman.


Manuscrito no início da tarde de 30 de abril de 2017 e trabalhado entre os dias 04 de agosto e 12 de novembro do mesmo ano.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

IGUAÇU – AFETO


AFECTO


Leitura do autor postado no canal aRTISTA aRTEIRO:

Em português:

Percorri com Benito a Rua Xingus, passamos em algumas outras, fomos à igreja de Nossa Senhora Aparecida e fizemos uma prece à Virgem que nos olhava sorrindo. Depois que saímos andamos até atravessar a Avenida Brasil, chegamos à praça e...
- Benito! Ô, Benito! Benitinho!
Olhando para o som vejo um sujeito numa moto suja. Não o conheço. Contudo, Benito o reconhece. Não pela sujeira, mas sim a voz sobre a moto.
- Luzmário!
Enquanto o conhecido se apeia da moto e se aproxima de nós diante da banca de revista onde estávamos, Benito me olha e diz em pensamento quem é. E sem me ver – pois somente olhos especiais me captam – ele para ao meu lado e à frente do protagonista. Os dois se abraçam quando retira o capacete e se beijam.
“Beijaram!?! Isso é coisa de viado.” Ouço a exclamação de alguns leitores; e falo para todos: Não discutirei isso. A mim me basta gostar de meus irmãos. Ouço a insistência de alguns: “Irmãos? Sei!” Irmãos no sentimento. E escuto ainda a insistência de alguns: “Mas...” Mas o quê? Por favor; eu gosto de dialogar com quem me lê, mas no momento vocês estão atrapalhando o desenrolar do cronto. Desenrolar que, provável, ajudar-te-iam entender. “Credo, e o cara ainda mesocliseia...” Desde que não me xinguem de Temer eu usufruo de todas as possibilidades que nossa língua permite; principalmente hoje, Dia Nacional da Língua Portuguesa. Mas, voltemos à história, por favor.
- Vou te dar carona.
Ele é moto-taxista quando não está internado pelas surras ou se fumando via pedras de seu cachimbo.
- Parabéns pelo seu aniversário, Luzmário.
- Você lembrou? No dia, só Jesus e minha mãe me cumprimentaram...
Percebo, e Benito também, que a voz saiu difícil.
- Lembro-me de você sempre.
- Sabe a última vez que a gente se viu? – Pausa enquanto Benito aquiesce. – Tinha um sujeito que me conhece e nos viu. Quando você saiu ele perguntou se você é viado ou religioso.
Eu ri e Benito também. Eu despreocupado e ele desinteressado; a gente riu.
- Disse o que vejo: religioso!
Benito sorriu contente, mas tranquilo. Olho para as árvores na praça, para o trânsito de um final de tarde na avenida que leva aos bairros Cidade Nobre e Ideal; volto às árvores da praça e aos dois amigos.
- Suba na moto que eu te levo.
Com carinho o transporta. E eu os sigo pelos ares. Chegando ao destino:
- Gostaria de verocê mais vezes. Apesar do atraso, eu tô quereno comemorar o meu aniversário. – Desce da moto. – Você vai?
- Sim, claro. Quando?
- Em um sábado próximo. Você vai?
- Vou sim.
Sobe na moto e dá um beijo rápido e suave nos lábios do amigo. Afasta-se lento. Uma lágrima nos olhos de Benito. Vai, não sei se para algum carinho, se para algum cliente ou se para a noite. Entramos na casa e...
- Você vem? Sim, você que está lendo. Você vem?


En español

Recorrí con Benito una calle, pasamos en algunas otras, fuimos a la iglesia charlar con la Virgen que nos miraba sonriendo. Después que salimos caminamos hasta atravesar la Avenida Brasil, llegamos a una plaza y…
- ¡Benito! ¡Oh, Benito! ¡Benitito!
Mirando hasta el sonido veo un tipo en una moto sucia. No lo conozco. Pero, Benito lo reconoce por la voz, no por la suciedad.
- ¡Luzmario!
- Mientras el conocido se apea de la moto y se acerca de nosotros delante el quiosco donde estábamos, Benito me mira y dice en pensamiento quien es. Y sin me ver – pues solamente ojos especiales me captan – él para a mi lado y a la frente del protagonista. Los dos se abrazan cuando saca el casco y se besan.
“¡¿¡Besaron!?! Eso es cosa de maricón.” Oigo la exclamación de algunos lectores; y hablo para todos: No discutiré eso. A mí me basta amar mis hermanos. Oigo la insistencia de algunos: “¿Hermanos? ¡Sé!”. Hermanos en sentimiento. Y unos todavía insisten: “Pero…” ¿Pero qué? Por favor, a mí me encanta dialogar con quien me lee, sin embargo, en ese momento vosotros atrampáis el desenrollar del croento. Desenrollar que, probablemente, te ayudaría a comprender. “¡Ay, caray! El sujeto es presumido; aún usa vosotros...”. Solo no puedes insultarme diciendo que soy Temer del Brasil; pues me encanta todas las posibilidades de la lengua. Pero, volvemos a la historia, sí.
- Te lo llevaré adónde vas.
Él es conductor de moto, una especie de taxista, cuándo no está internado por las palizas o se fumando a través de las piedras de su pipa.
- Congratulaciones por tu cumpleaños, Luzmario.
- ¿No te olvidaste? En el día, solamente Jesús y mi mamá me cumplimentaron…
Percibo, y Benito también, que la voz salió difícil.
- Siempre me recuerdo de tú.
- ¿Sabe la última vez que nos vimos? – Pausa mientras Benito confirma con la cabeza. – Había un tío que me conoce y nos vio. Cuando saliste me preguntó se tú eres mariposita o religioso.
Reí y Benito también. Yo despreocupado y él desinteresado; nosotros reímos.
- Le dije lo que veo: ¡religioso!
Benito sonrió contento, pero tranquilo. Miro los árboles en la plaza, el tránsito al fin de una tarde en la avenida que lleva a otros barrios; vuelvo a los árboles de la plaza y a los dos amigos.
- Sube en la moto que te llevo.
Con cariño lo transporta. Y los sigo por los aires. Llegando al destino:
- Me gustaría verte más veces. A pesar del atraso, quiero celebrar mi cumple. ¿Tú irás?
- ¡Sí, claro! ¿Cuándo?
- En un sábado próximo. ¿Tú irás?
- ¡Sí! Iré.
Da un beso rápido y suave en los labios del Benito. Aléjate despacio. Una lágrima en los ojos; sobe en la moto y se va. No sé si para alguno cariño, si para alguno cliente o se para la noche. Entramos en la casa y…
- ¿Tú vienes? Sí, tú que estás leyendo. ¿Vienes?


Ofereço como presente de aniversário a:
Moisés Correia, Rosa Weder, Ederson Tófano, Dayane Andrade, André Brytto, Amauri Krus e Eduardo R.L. Toledo.

Recomendo a leitura de
“quarto & sala”, de Xúnior Matraga:
“Homofobia Paterna”, de Girvany de Morais:
“Combate”, deste macróbio que vos fala:

Dia Nacional da Língua Portuguesa é 05 de novembro, em homenagem ao intelectual Ruy Barbosa.

 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura). Foto de Vinícius Siman.


Manuscrito no início da tarde de 16 de abril de 2017 e trabalhado nas duas línguas entre os dias 04 de agosto e 06 de novembro do mesmo ano.