segunda-feira, 6 de novembro de 2017

IGUAÇU – AFETO


AFECTO


Leitura do autor postado no canal aRTISTA aRTEIRO:

Em português:

Percorri com Benito a Rua Xingus, passamos em algumas outras, fomos à igreja de Nossa Senhora Aparecida e fizemos uma prece à Virgem que nos olhava sorrindo. Depois que saímos andamos até atravessar a Avenida Brasil, chegamos à praça e...
- Benito! Ô, Benito! Benitinho!
Olhando para o som vejo um sujeito numa moto suja. Não o conheço. Contudo, Benito o reconhece. Não pela sujeira, mas sim a voz sobre a moto.
- Luzmário!
Enquanto o conhecido se apeia da moto e se aproxima de nós diante da banca de revista onde estávamos, Benito me olha e diz em pensamento quem é. E sem me ver – pois somente olhos especiais me captam – ele para ao meu lado e à frente do protagonista. Os dois se abraçam quando retira o capacete e se beijam.
“Beijaram!?! Isso é coisa de viado.” Ouço a exclamação de alguns leitores; e falo para todos: Não discutirei isso. A mim me basta gostar de meus irmãos. Ouço a insistência de alguns: “Irmãos? Sei!” Irmãos no sentimento. E escuto ainda a insistência de alguns: “Mas...” Mas o quê? Por favor; eu gosto de dialogar com quem me lê, mas no momento vocês estão atrapalhando o desenrolar do cronto. Desenrolar que, provável, ajudar-te-iam entender. “Credo, e o cara ainda mesocliseia...” Desde que não me xinguem de Temer eu usufruo de todas as possibilidades que nossa língua permite; principalmente hoje, Dia Nacional da Língua Portuguesa. Mas, voltemos à história, por favor.
- Vou te dar carona.
Ele é moto-taxista quando não está internado pelas surras ou se fumando via pedras de seu cachimbo.
- Parabéns pelo seu aniversário, Luzmário.
- Você lembrou? No dia, só Jesus e minha mãe me cumprimentaram...
Percebo, e Benito também, que a voz saiu difícil.
- Lembro-me de você sempre.
- Sabe a última vez que a gente se viu? – Pausa enquanto Benito aquiesce. – Tinha um sujeito que me conhece e nos viu. Quando você saiu ele perguntou se você é viado ou religioso.
Eu ri e Benito também. Eu despreocupado e ele desinteressado; a gente riu.
- Disse o que vejo: religioso!
Benito sorriu contente, mas tranquilo. Olho para as árvores na praça, para o trânsito de um final de tarde na avenida que leva aos bairros Cidade Nobre e Ideal; volto às árvores da praça e aos dois amigos.
- Suba na moto que eu te levo.
Com carinho o transporta. E eu os sigo pelos ares. Chegando ao destino:
- Gostaria de verocê mais vezes. Apesar do atraso, eu tô quereno comemorar o meu aniversário. – Desce da moto. – Você vai?
- Sim, claro. Quando?
- Em um sábado próximo. Você vai?
- Vou sim.
Sobe na moto e dá um beijo rápido e suave nos lábios do amigo. Afasta-se lento. Uma lágrima nos olhos de Benito. Vai, não sei se para algum carinho, se para algum cliente ou se para a noite. Entramos na casa e...
- Você vem? Sim, você que está lendo. Você vem?


En español

Recorrí con Benito una calle, pasamos en algunas otras, fuimos a la iglesia charlar con la Virgen que nos miraba sonriendo. Después que salimos caminamos hasta atravesar la Avenida Brasil, llegamos a una plaza y…
- ¡Benito! ¡Oh, Benito! ¡Benitito!
Mirando hasta el sonido veo un tipo en una moto sucia. No lo conozco. Pero, Benito lo reconoce por la voz, no por la suciedad.
- ¡Luzmario!
- Mientras el conocido se apea de la moto y se acerca de nosotros delante el quiosco donde estábamos, Benito me mira y dice en pensamiento quien es. Y sin me ver – pues solamente ojos especiales me captan – él para a mi lado y a la frente del protagonista. Los dos se abrazan cuando saca el casco y se besan.
“¡¿¡Besaron!?! Eso es cosa de maricón.” Oigo la exclamación de algunos lectores; y hablo para todos: No discutiré eso. A mí me basta amar mis hermanos. Oigo la insistencia de algunos: “¿Hermanos? ¡Sé!”. Hermanos en sentimiento. Y unos todavía insisten: “Pero…” ¿Pero qué? Por favor, a mí me encanta dialogar con quien me lee, sin embargo, en ese momento vosotros atrampáis el desenrollar del croento. Desenrollar que, probablemente, te ayudaría a comprender. “¡Ay, caray! El sujeto es presumido; aún usa vosotros...”. Solo no puedes insultarme diciendo que soy Temer del Brasil; pues me encanta todas las posibilidades de la lengua. Pero, volvemos a la historia, sí.
- Te lo llevaré adónde vas.
Él es conductor de moto, una especie de taxista, cuándo no está internado por las palizas o se fumando a través de las piedras de su pipa.
- Congratulaciones por tu cumpleaños, Luzmario.
- ¿No te olvidaste? En el día, solamente Jesús y mi mamá me cumplimentaron…
Percibo, y Benito también, que la voz salió difícil.
- Siempre me recuerdo de tú.
- ¿Sabe la última vez que nos vimos? – Pausa mientras Benito confirma con la cabeza. – Había un tío que me conoce y nos vio. Cuando saliste me preguntó se tú eres mariposita o religioso.
Reí y Benito también. Yo despreocupado y él desinteresado; nosotros reímos.
- Le dije lo que veo: ¡religioso!
Benito sonrió contento, pero tranquilo. Miro los árboles en la plaza, el tránsito al fin de una tarde en la avenida que lleva a otros barrios; vuelvo a los árboles de la plaza y a los dos amigos.
- Sube en la moto que te llevo.
Con cariño lo transporta. Y los sigo por los aires. Llegando al destino:
- Me gustaría verte más veces. A pesar del atraso, quiero celebrar mi cumple. ¿Tú irás?
- ¡Sí, claro! ¿Cuándo?
- En un sábado próximo. ¿Tú irás?
- ¡Sí! Iré.
Da un beso rápido y suave en los labios del Benito. Aléjate despacio. Una lágrima en los ojos; sobe en la moto y se va. No sé si para alguno cariño, si para alguno cliente o se para la noche. Entramos en la casa y…
- ¿Tú vienes? Sí, tú que estás leyendo. ¿Vienes?


Ofereço como presente de aniversário a:
Moisés Correia, Rosa Weder, Ederson Tófano, Dayane Andrade, André Brytto, Amauri Krus e Eduardo R.L. Toledo.

Recomendo a leitura de
“quarto & sala”, de Xúnior Matraga:
“Homofobia Paterna”, de Girvany de Morais:
“Combate”, deste macróbio que vos fala:

Dia Nacional da Língua Portuguesa é 05 de novembro, em homenagem ao intelectual Ruy Barbosa.

 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura). Foto de Vinícius Siman.


Manuscrito no início da tarde de 16 de abril de 2017 e trabalhado nas duas línguas entre os dias 04 de agosto e 06 de novembro do mesmo ano.

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