AFECTO
Leitura do autor postado no canal aRTISTA aRTEIRO:
Em português:
Percorri com Benito a Rua Xingus, passamos em algumas
outras, fomos à igreja de Nossa Senhora Aparecida e fizemos uma prece à Virgem
que nos olhava sorrindo. Depois que saímos andamos até atravessar a Avenida Brasil,
chegamos à praça e...
- Benito! Ô, Benito! Benitinho!
Olhando para o som vejo um sujeito numa moto suja.
Não o conheço. Contudo, Benito o reconhece. Não pela sujeira, mas sim a voz sobre
a moto.
- Luzmário!
Enquanto o conhecido se apeia da moto e se aproxima
de nós diante da banca de revista onde estávamos, Benito me olha e diz em
pensamento quem é. E sem me ver – pois somente olhos especiais me captam – ele
para ao meu lado e à frente do protagonista. Os dois se abraçam quando retira o
capacete e se beijam.
“Beijaram!?! Isso é coisa de viado.” Ouço a
exclamação de alguns leitores; e falo para todos: Não discutirei isso. A mim me
basta gostar de meus irmãos. Ouço a insistência de alguns: “Irmãos? Sei!” Irmãos
no sentimento. E escuto ainda a insistência de alguns: “Mas...” Mas o quê? Por
favor; eu gosto de dialogar com quem me lê, mas no momento vocês estão
atrapalhando o desenrolar do cronto. Desenrolar que, provável, ajudar-te-iam
entender. “Credo, e o cara ainda mesocliseia...” Desde que não me xinguem de
Temer eu usufruo de todas as possibilidades que nossa língua permite;
principalmente hoje, Dia Nacional da Língua Portuguesa. Mas, voltemos à
história, por favor.
- Vou te dar carona.
Ele é moto-taxista quando não está internado pelas
surras ou se fumando via pedras de seu cachimbo.
- Parabéns pelo seu aniversário, Luzmário.
- Você lembrou? No dia, só Jesus e minha mãe me
cumprimentaram...
Percebo, e Benito também, que a voz saiu difícil.
- Lembro-me de você sempre.
- Sabe a última vez que a gente se viu? – Pausa
enquanto Benito aquiesce. – Tinha um sujeito que me conhece e nos viu. Quando
você saiu ele perguntou se você é viado ou religioso.
Eu ri e Benito também. Eu despreocupado e ele
desinteressado; a gente riu.
- Disse o que vejo: religioso!
Benito sorriu contente, mas tranquilo. Olho para as
árvores na praça, para o trânsito de um final de tarde na avenida que leva aos
bairros Cidade Nobre e Ideal; volto às árvores da praça e aos dois amigos.
- Suba na moto que eu te levo.
Com carinho o transporta. E eu os sigo pelos ares.
Chegando ao destino:
- Gostaria de verocê mais vezes. Apesar do atraso, eu
tô quereno comemorar o meu aniversário. – Desce da moto. – Você vai?
- Sim, claro. Quando?
- Em um sábado próximo. Você vai?
- Vou sim.
Sobe na moto e dá um beijo rápido e suave nos lábios
do amigo. Afasta-se lento. Uma lágrima nos olhos de Benito. Vai, não sei se
para algum carinho, se para algum cliente ou se para a noite. Entramos na casa
e...
- Você vem? Sim, você que está lendo. Você vem?
En español
Recorrí
con Benito una calle, pasamos en algunas otras, fuimos a la iglesia charlar con
la Virgen que nos miraba sonriendo. Después que salimos caminamos hasta
atravesar la Avenida Brasil, llegamos a una plaza y…
-
¡Benito! ¡Oh, Benito! ¡Benitito!
Mirando
hasta el sonido veo un tipo en una moto sucia. No lo conozco. Pero, Benito lo
reconoce por la voz, no por la suciedad.
-
¡Luzmario!
- Mientras
el conocido se apea de la moto y se acerca de nosotros delante el quiosco donde
estábamos, Benito me mira y dice en pensamiento quien es. Y sin me ver – pues
solamente ojos especiales me captan – él para a mi lado y a la frente del
protagonista. Los dos se abrazan cuando saca el casco y se besan.
“¡¿¡Besaron!?!
Eso es cosa de maricón.” Oigo la exclamación de algunos lectores; y hablo para
todos: No discutiré eso. A mí me basta amar mis hermanos. Oigo la insistencia
de algunos: “¿Hermanos? ¡Sé!”. Hermanos en sentimiento. Y unos todavía
insisten: “Pero…” ¿Pero qué? Por favor, a mí me encanta dialogar con quien me
lee, sin embargo, en ese momento vosotros atrampáis el desenrollar del croento.
Desenrollar que, probablemente, te ayudaría a comprender. “¡Ay, caray! El
sujeto es presumido; aún usa vosotros...”. Solo no puedes insultarme diciendo
que soy Temer del Brasil; pues me encanta todas las posibilidades de la lengua.
Pero, volvemos a la historia, sí.
- Te
lo llevaré adónde vas.
Él
es conductor de moto, una especie de taxista, cuándo no está internado por las
palizas o se fumando a través de las piedras de su pipa.
-
Congratulaciones por tu cumpleaños, Luzmario.
-
¿No te olvidaste? En el día, solamente Jesús y mi mamá me cumplimentaron…
Percibo,
y Benito también, que la voz salió difícil.
-
Siempre me recuerdo de tú.
-
¿Sabe la última vez que nos vimos? – Pausa mientras Benito confirma con la
cabeza. – Había un tío que me conoce y nos vio. Cuando saliste me preguntó se
tú eres mariposita o religioso.
Reí
y Benito también. Yo despreocupado y él desinteresado; nosotros reímos.
- Le
dije lo que veo: ¡religioso!
Benito
sonrió contento, pero tranquilo. Miro los árboles en la plaza, el tránsito al
fin de una tarde en la avenida que lleva a otros barrios; vuelvo a los árboles
de la plaza y a los dos amigos.
-
Sube en la moto que te llevo.
Con
cariño lo transporta. Y los sigo por los aires. Llegando al destino:
- Me
gustaría verte más veces. A pesar del atraso, quiero celebrar mi cumple. ¿Tú
irás?
-
¡Sí, claro! ¿Cuándo?
- En
un sábado próximo. ¿Tú irás?
-
¡Sí! Iré.
Da
un beso rápido y suave en los labios del Benito. Aléjate despacio. Una lágrima
en los ojos; sobe en la moto y se va. No sé si para alguno cariño, si para
alguno cliente o se para la noche. Entramos en la casa y…
-
¿Tú vienes? Sí, tú que estás leyendo. ¿Vienes?
Ofereço como presente de aniversário a:
Moisés Correia, Rosa Weder, Ederson Tófano, Dayane Andrade,
André Brytto, Amauri Krus e Eduardo R.L. Toledo.
Recomendo a leitura de
“quarto & sala”, de Xúnior Matraga:
“Homofobia Paterna”, de Girvany de Morais:
“Combate”, deste macróbio que vos fala:
Dia Nacional da Língua Portuguesa é 05 de novembro, em
homenagem ao intelectual Ruy Barbosa.
Rubem Leite é
escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA
aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras. É professor de Português, Literatura,
Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em
Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua
Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”,
“Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos
“Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua
Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como
é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e
“Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro
Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura). Foto de Vinícius Siman.
Manuscrito no início da tarde de 16 de abril de 2017 e
trabalhado nas duas línguas entre os dias 04 de agosto e 06 de novembro do
mesmo ano.
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