Obax anafisa.
- Me larga!
-
- Eu não fiz
nada!
-
- Sou mesmo,
e daí?
-
- Não mexe na
minha bolsa.
-
- Por que eu?
Não tá comigo.
-
- Bom é seu
pai que me come melhor que você.
- Estrago sua
cara, vadia, nem que eu passe o resto da vida na cadeia.
Custou, mas
escutei a fala do homem. Que pena. Meus cachorrinhos não percebem o conteúdo da
conversa e eu não entendo o sentido de certas vidas.
Um folheto
dos Testemunhas de Jeová diz que todo o sofrimento acabará em breve. Em contraponto, pensei
irritado na Cals, tutora de certa disciplina da faculdade, e tomei uma decisão.
Não vou me preocupar com nota nem nada. Apenas vou estudar e cumprir minhas
obrigações acadêmicas, independente de qualquer resultado que ela me der. Sem
entender o conteúdo de algumas vidas olho para as sombras do chorão e dos oitis
na madrugada.
-Benito,
Benito, Benito!
- Oi, bom
dia! Já de pé, Vinícius?
- Hoje é meu
aniversário. É meu aniversário. É! É! É!
- É? Quantos
aninhos?
- Cinco. –
Fala e mostra os dedinhos de uma das mãos.
Iluminado
pelo nascer do sol que já doura o céu entro em casa com meus pensamentos no
sentido da vida.
Ofereço
aos aniversariantes.
Edvania Oliveira, Maria
Jany, Cultura UFMG II, Rony Samiec, Sandra Câmara, Célia Galastri, Mª Luisa B.
Guadamuz, Marsan Silva.
Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.
Escrito entre 16 e 24
de setembro de 2012.