À sombra no meu quarto
Vê-se no
Telhado ao sol do vizinho
Belo chuvisco de prata
Gruda-se no chão
Que fará no pulmão
Não se pode estancar a cidade
Não se pode trancar as igrejas
Não se pode parar a siderúrgica
Pode-se proibir o Parque Ipanema
- Pecado de não gerar lucro -
E os lentos R$600,00 para os pobres
Não se pode fechar loja
Não se precisa abrir livraria
Bibliotecas?!?
Há que viajar o vírus
Há que acolher-nos a morte
Há que circular a economia.
_____
Ofereço como presente de aniversário a Maxi Cabral.
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Rubem Leite - 26/4/20
PERCEPÇÕES E CONCEPÇÕES DE UM ARTEIRO ARTISTA E DE UM ARTISTA CIDADÃO.
domingo, 26 de abril de 2020
domingo, 19 de abril de 2020
O MONSTRO E A MOCINHA
Era um final de tarde. Pelas ruas da cidade, a mocinha, dessas dos
filmes dos anos sessenta, setenta. Com seus cabelos loiros compridos.
As luxuosas roupas recatadas. A mocinha corria pelas ruas gritando:
- Socorro, socorro. Help me. Salvem-me.
E atrás dela: monstros. Dezenas, centenas, milhares.
- Grrr. Raurrr. – Movendo suas terríveis garras assustadoras.
E ela correndo com seus cabelos loiros ao vento. Passando pelas ruas
com prédios de quatro, seis, dez andares; um ao lado do outro.
Poucas árvores nas ruas. E ela gritando:
- Socorro, socorro. Help me. Salvem-me.
E correndo, correndo, correndo com seus cabelos loiros ao vento nas
ruas desertas e os monstros atrás com suas mandíbulas escancaradas:
- Grrr. Raurrr.
E ela: “Aiiiiiiiiii. Aiiiiiiiiiiiiiiiiiii.”. – Correndo,
correndo, correndo, correndo, correndo, correndo. Passando pelas ruas
pedindo socorro. Mas ninguém a ajuda. Todos estavam dentro de seus
apartamentos morrendo de medo, preocupados, protegendo-se. E ela
gritando:
- Socorro, socoooooorro. Help me. Salvem-me.
E correndo, correndo. E os monstros atrás:
- Grrrr. Raurrrrrr.
Finalmente ela chega a sua rua. Rua com mansões. Só mansões. E ela
gritando e os monstros atrás e ela correndo.
Na hora que ela chega na frente da casa onde morava começa a bater
na porta: “Socooorro. Deixa-me entraaaaaar.”. Na sacada do
terceiro andar chega uma pessoa. De roupão negro, olhos negros,
cabelos negros úmidos pelo delicioso banho quente que acabara de
tomar.
De cima olha para a mocinha na rua.
Embaixo, a mocinha vê sua empregada e lhe grita:
- Socorro. Abre a porta. Deixa-me entrar.
Essa pessoa, com um suave riso maligno:
- Sabe aquele papel em branco que assinou? Pois bem. Você passou
para mim toda a sua riqueza. Todos os seus bens. Todas as suas
propriedades. Tudo! Esta mansão agora é minha. Meu bem.
E os monstros se aproximam.
- Mas… Mas somos amigas. – Sem entender nem o sorriso e nem o
brilho dos olhos da ex-empregada, continua: Deixa-me entrar.
Salve-me. Heeelp me.
E os monstros se aproximam cada vez mais.
Com o seu negro roupão felpudo naquele frio fim de tarde segura um
xícara de chocolate quente. No agora seu quarto lhe espera a taça
de champagne. E a nova proprietária com seus cabelos negros úmidos
de prazer, digo, de delicioso banho diz:
- Tá achando o quê? Coronavírus é brincadeira para estar na rua?
Eu lhe disse: Não vote no Boçalnato… Moro não é herói… Fique
em casa!
Enquanto isso, os monstros covid-19 agarram a mocinha e ela:
“Aaaaaaii”.
- Tome esse vidro de cloroquina. – E rindo lhe joga o frasco.
A mocinha, feliz com o remédio receitado pelo Mito, toma o
comprimido. Seus olhos escurecem, seu fígado deixa de funcionar, seu
coração sofre uma parada.
Facilitado pela cloroquina o covid-19 devora a ex-mocinha de filme
hollywoodiano.
Em seu roupão negro e sorrindo docemente no alto da sacada a jovem
pergunta a você, sim a você que está lendo este cronto:
- Tem-se mantido em quarentena?
-
- Quer um pouco de cloroquina? Tenho mais.
-
- Tenho uma folha em branco… Assine-a, por favor, meu bem.
É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes.
É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias
do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”,
“Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura
e Literatura”.
Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso
Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo –
Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é
Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração
do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”.
Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga
MG (representando a Literatura).
Imagem do autor pelo autor.
Criado no final de tarde de 09 de abril de 2020. Trabalhado entre os
dias 13 e 19 do mesmo mês e ano.
domingo, 12 de abril de 2020
MANTENDE-VOS EM SILÊNCIO
ou PANDEMIA DE IMBECIS
- You believe in God?
- Yes, I believe.
- I doubt it, you speak ill of
religions.
- Religion
and God are not the same.
Not everything needs to be
said,
not all advice is blessed.
Em Português:
O peso dobrado do corpo magro. A lentidão nos movimentos. Passos
cansad… não, desanimados. Nas folhas das árvores tremulando ao
vento há mais vigor.
Pensa no Naná Pedregulho: Ipatinga vende o povo à Morte. Prefeito
autoriza: partindo de oito de abril o comércio na cidade abriu de
dez às dezesseis horas. Mas isso não reduzirá o número de
pessoas. Ao contrário, as fará aglomerar-se. Promete no primeiro
Domingo da Páscoa um evento no Parque Ipanema.
Assim, a Ressurreição de Cristo é a morte dos cristãos.
Nas folhas das árvores tremulando ao vento há mais vigor.
Para onde olha só vê nuvens brancas num espaço azul encardido. O
sol lhe queima por inteiro.
- Afrodildo!
Olha quem lhe interrompe.
- Você tem dildo afro ou é dildo da Afrodite?
Ainda olha e decide não escutar. No lugar disso pensa na mãe e a vê
lavando roupas em um tanque enquanto cantava. Não eram músicas
desleixadas ou sem propósito. Eram cantigas moldadas no sofrimento.
A cada esfregada nas roupas… uma lágrima de labuta.
Há que voltar a casa, mas sonha ver-se tremular como as folhas. Mas
os sonhos morrem. Ele tem o que fazer. Para quê? Apenas tem o que
fazer. Pois aprendera com a mãe: pequenas vitórias em uma vida de
grandes derrotas.
Levanta-se da grama, sorri com os lábios, só com os lábios e
volta. O vento lhe afaga, mas ele não é folha.
- Afrodildo!
Rosto impassível, olhar desinteressado.
- Você crê em Deus?
Rosto impassível e olhar desinteressado, pensa se responde ou não.
- Sim, acredito.
- Mas você vive falando mal das religiões, critica elas o tempo
todo.
- Não, quem não gosta de religião é o autor. Sou apenas
personagem desta história. E suas palavras é um dos motivos dele
antipatizar-se pelas religiões. As pessoas não sabem distinguir
Deus de religiões.
- Não acredito em você…
- Naturalmente. Joguei-te na cara teus preconceitos e ignorâncias.
Por outro lado, estou acostumado com os mais jovens crendo-se mais
sabidos que os mais velhos.
Ainda de pé na grama, sorriu com os lábios, só com os lábios, e
volta. O vento lhe afaga, mas ele, apesar de não ser folha, vai-se
embora com o vento.
- Afrodildo!
Já sem muita paciência para outra vez, mas sem olhar para trás.
- Você disse que sou ignorante e mau. Mas pelo que vi no Caralivro é
você que não quer a reabertura do comércio em Ipatinga. As contas
não param só por causa do coronavírus.
- A história mundial sempre mostra que a solidariedade é algo
praticamente inexistente. A maioria absoluta dos que se creem
solidários apenas o são em dados momentos. Espero que um dia seja
diferente, mas não o será nos próximos séculos, pois o ser humano
é lento para evoluir.
- E você se acha evoluído.
Ignora o comentário e continua:
- Minha casa é frequentada por jovens. Eles, assim como o senhor,
usam muito a palavra “evoluir” – eu também a usei bastante
quando mais novo –, mas não sabem como isso acontece, apenas se
vêm aperfeiçoando sem se darem conta que isso é em determinado
momento ou situação; não no cotidiano. Não é uma crítica aos
jovens de hoje, pois foi assim comigo.
- Então… Então é só ninguém ir lá comprar.
- O problema é que a ignorância é a essência do povo. É tão
mais fácil ser gado.
- Você nos ofende o tempo todo. Por isso ninguém gosta do que você
escreve.
- Se digo a um intelectual ou sábio que ele é burro e imbecil estou
ofendendo. Se digo a um ignorante que ele é isso, um ignorante, o
sujeito se sente ofendido apesar de ser verdade. E quem está falando
aqui não sou eu, já disse. É o autor quem escreve. Mas se não
gostam, paciência. Se não gostam é porque a verdade é feia; feia
como a ofensa e a ofensa é feia e má. Mas ao contrário desta a
verdade não é má. A verdade é a verdade; só isso.
- Me dá um conselho.
Ainda de costas: Nem tudo precisa ser dito. Nem todo conselho é
bendito. – Após isso se mantém em silêncio enquanto sai.
As folhas de árvores molhadas de chuva brilham com o pouco sol do
momento.
En español:
MANTENEOS EN SILENCIO
o PANDEMIA DE IMBÉCILES
El peso doblado del cuerpo
flaco. La lentitud en los movimientos. Pasos cansad… no,
desanimados. En las hojas de los árboles temblando al viento hay más
vigor.
Piensa en Naná Pedregullo:
Ipatinga vende el pueblo a la Muerte. Alcalde autoriza: el comercio
de la ciudad puede abrir de diez a cuatro de la tarde. Pero eso no
reduzirá el número de personas. Al revés, las hará aglomerarse.
Promete en el primer Domingo de Pascua una festividad en el Parque
Ipanema.
Así, la Resurrección de
Cristo es la muerte de los cristianos.
En las hojas de los árboles
temblando al viento hay más vigor.
Adonde mira solamente ve nubes
blancas en un espacio azul mugriento. El sol lo quema por intero.
- ¡Afroverga!
Mira quien lo interrumpe.
- ¿Tenés
verga afro o es la verga de Afrodite?
Todavía lo mira y decide no
lo escuchar. Sin embargo piensa en la madre y la ve lavando ropas en
fregadero mientras cantaba. No eran músicas descuidadas o sin
propósito. Eran canciones moldadas en el sufrimiento. A casa
refregada en las ropas… una lágrima de lucha.
Hay que volver a casa mientras
sueña temblarse como las hojas. Pero los sueños se mueren. Él
tiene mucho que hacer. ¿Para
qué? Solo tiene lo que hacer. Eso
porque aprendiera con la madre: pequeñas vitorias en una vida de
grandes derrotas.
Se
llevanta de la hierba. Sonreí con los labios, solo con los labios, y
vuelve. El viento le acaricia, pero él no es hoja.
-
¡Afroverga!
Rostro
impasible, mirada desinteresada.
-
¿Creés en Dios?
Rostro
impasible y mirada desinteresada, piensa si contesta o no.
-
¡Sí, creo!
-
Pero vos estás simpre hablando mal de las religiones, la critica el
tiempo todo.
-
¡No! A quien no le
gustan las religiones es al autor. Solo soy personaje de esta
historia. Y sus palabras son uno de los motivos de él antipatizarse
por las religiones. El pueblo no sabe distinguir Dios de religiones.
-
No lo creo…
-
Es natural. Eché en tu cara tus prejuicios e ignorancias. Y tambíen
estoy acostumbrado con los más jóvenes creyéndose más sabidos que
los mayores.
Todavía
de pie en la hierba, sonrió con los labios, solo con los labios, y
vuelve. El viento le acaricia, pero él, a pesar de no ser hoja, sale
con el viento.
-
¡Afroverga!
Ya
sin mucha paciencia deja otra vez de caminar, pero sin mirar atrás.
-
Decís que soy ignorante y malo. Pero he visto en el Caralibro que vos no
quiere la abertura del comercio en la ciudad. Las cuentas no paran
solo por causa del coronavirus.
-
La historia mundial siempre muestra que la solidarieda es algo
practicamente inexistente. La
mayoría absoluta de los que cren solidarios solo lo son en ciertos
momentos. Espero
que un día no seas más así. Sin embargo eso no será en los
próximos siglos, pues el ser humano es lento para evolucionarse.
-
Y vos se creés evolucionado.
Ignora
el comentario y continúa:
-
Mi casa es frecuentada por jóvenes. Ellos, así como usted, usan
mucho la palabra “evolución” – también la usé bastate cuando
pibe –. pero no saben como eso ocurre. Solo se ven
aperfeccionándose sin percibieren que eso es en deteminado momento o
situación; no en lo cotidiano. No es una crítica a los chavales de
hoy, pues fue así conmigo.
-
Entonces… Entonces es solo nadie salir de compras.
-
El problema es
que la ignorancia es la esencia del pueblo. Es tan más fácil ser
ganado.
-
Vos nos ofendés rato tras rato. Por eso a nadie le gusta tu escrita.
-
Se digo a un intelectual o sabio que él es imbecil estoy
ofendiendole. Se digo a un ignorante que él es eso, un ignorante, el
tipo se siente ofendido a pesar de ser verdad. Y en esta charla quien
habla no soy yo, ya lo dije. Es el autor quien escribe. Pero se no
les gusta, paciencia. Si no les gusta es porque la verdad es fea; fea
como la ofensa y la ofensa es fea y mala. Pero al revés de esta la
verdad no es mala. La verdad es la verdad; solamente eso.
-
Me da un consejo.
De
espaldas todavía: Ni todo necesita ser dicho. Ni todo consejo es
bendecido. – Tras eso se mantiene en silencio mientras sale.
Las
hojas de los árboles mojadas de lluvia brillan con el débil sol del
momento.
Ofereço como presente aos aniversariantes:
Sérgio Campos e Renato Napoleão.
Recomendo a leitura de:
“A Peste. 2024. Parte 7”, de Javier Villanueva:
“A Certeza de Sermos Menos que Pouco”, de António MR Martins:
O pensamento de Afrodildo em relação à mãe são palavras que
Rômulo Gomes me passou através do fb na manhã de 07/4/20.
É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes.
É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias
do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”,
“Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura
e Literatura”.
Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso
Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo –
Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é
Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração
do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”.
Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga
MG (representando a Literatura).
Imagem do autor pelo autor.
Manuscrito em 17/9/19. Trabalhado entre os dias 24 de março e 12 de
abril de 2020.
domingo, 5 de abril de 2020
AQUELE QUE É LIVRE PARA ELEGER
Olhando o passado se compreende o presente e se vê o futuro. Mas
isso é tão raro… O que fazemos? Olhamos o céu e falamos do clima sem se
preocupar com o tempo.
El impacto económico es el paso principal para instaurar una
dictadura.
The economic impact is the main step to establish a dictatorship.
- O coronavírus está matando algumas pessoas, mas devemos pensar é
na crise econômica que isso está provocando. – Diz o aumentativo
de Elena – Igrejas fechando, empresários tendo que pagar salário
aos doentes, shoppings sem clientes. Como o país pode sobreviver sem
a circulação financeira? Povo morrendo? Logo nascem mais crianças.
Mas bancos fechados, lojas sem vendas, religiões sem dízimo… Como
recompor?
No dia seguinte o trabalhador se levanta mais cedo, banha-se, toma
café puro sem nada comer. Vai a igreja e de lá para a empresa
trabalhar. “Há que o ouvir o presidente”, pensa e sorri.
No nos gusta sermos violentos. Pero ¿como
(re-)accionamos cuando ella es contra nosotros?
We don't like to be violent. But how do we (re-)act when it is
against us?
Por toda a semana o trabalhador se levanta mais cedo, banha-se, toma
café puro sem nada comer. Vai a igreja e de lá para a empresa
trabalhar meio período para receber no fim do mês metade do
salário. “O patrão cuida da gente”, pensa e sorri.
El pilar predominante del Bozalnato es la religión. Su
público-objetivo es el ignorante.
The predominant pillar of the Borndonkey* is religion. Your target
audience is the ignorant.
- O povo é essencialmente comodista – diz um sindicalista – e
quer um messias ou um mártir para conduzi-lo.
“Agir é cansativo; pior, é perigoso. Quero um mestre para
orientar-me.”, pensa o povo. Ou não pensa…
- O mal vence o bem porque os bons esperam timidamente alguém que
combata por eles.
“A questão é: quem irá por nós? Eu é que não quero morrer.
Tenho pouco, mas sobrevivo.”, mantém-se calado. Olha para os lados
e se vê observado. Apressadamente caminha para a portaria antes que
lhe cortem mais o pagamento ou lhe façam pior.
El oponente tiene más poder de violencia y para enfrentarlo la
violencia es ineficaz. El oponente es más poderoso. La conformidad
es la cara de la paz.
The opponent has more power of violence and to face it the violence
is ineffective. The opponent is more potent. Compliance is the face
of peace.
Todo o mês se passou. Por acaso o povo e o sindicalista se
encontraram num bar. Entre um gole e outro de cerveja falaram o que
não os interessava. O sindicalista apenas esperava o povo
encorajar-se. E assim foi entre a segunda e terceira garrafa:
- Na eleição deveriam fazer igual agora. Não sair ninguém de casa
pra votar. Sair só pra botar fogo na prefeitura; destruir tudo.
- Se o povo não votar, o voto do dono da empresa vai ser computado e
o mal candidato ganhará. Além disso, voto branco ou nulo passam a
pertencer a quem está ganhando. Isso porque pressupõem-se: ‘para
quem anulou ou votou em branco tanto faz quem ganha; assim o voto
dele vai para quem está na frente’. E destruir as coisas é
burrice. Vão gastar o dinheiro de algo essencial para a reconstrução
do prédio e de tudo que foi destruído.
- Que isso, sindicalista. Não diga bobagens.
- Tudo que velho diz é bobagem para os novos. Estes estão sempre
certos… Foi assim para mim, é assim para você e será assim no
futuro. “O homem e s q u e c e r á sempre. Esquecerá o que
ensinei aos seus precursores. Esquecerá de colher a boa lição da
experiência nova.”¹.
Ofereço como presente aos aniversariantes:
Carlos Passos, Nívea Paula, Bella Ramalho e Oli Mesquita.
Recomendo a leitura de:
“A Peste. 2024. Parte 6”, de Javier Villanueva:
“Esperança no Novo Dia”, de António MR Martins:
* Borndonkey é como traduzi para o inglês Boçalnato, o nome que
dou ao presidente do Brasil. O nome em inglês poderia ser traduzido
para nascido burro ou burro nato.
¹ LOBATO, Monteiro. Era no paraíso. O Macaco que se Fez Homem.
2. ed. São Paulo: 2010. P. 25.
Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo
domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO.
É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes.
É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias
do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”,
“Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura
e Literatura”.
Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso
Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo –
Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é
Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração
do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”.
Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga
MG (representando a Literatura).
Imagens:
Herege, recolhido da internet.
Autor, acervo pessoal.
Manuscrito no dia 07 de junho de 2019. Trabalhado entre os dias 23 de
março e 05 de abril de 2020.
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