Olhando o passado se compreende o presente e se vê o futuro. Mas
isso é tão raro… O que fazemos? Olhamos o céu e falamos do clima sem se
preocupar com o tempo.
El impacto económico es el paso principal para instaurar una
dictadura.
The economic impact is the main step to establish a dictatorship.
- O coronavírus está matando algumas pessoas, mas devemos pensar é
na crise econômica que isso está provocando. – Diz o aumentativo
de Elena – Igrejas fechando, empresários tendo que pagar salário
aos doentes, shoppings sem clientes. Como o país pode sobreviver sem
a circulação financeira? Povo morrendo? Logo nascem mais crianças.
Mas bancos fechados, lojas sem vendas, religiões sem dízimo… Como
recompor?
No dia seguinte o trabalhador se levanta mais cedo, banha-se, toma
café puro sem nada comer. Vai a igreja e de lá para a empresa
trabalhar. “Há que o ouvir o presidente”, pensa e sorri.
No nos gusta sermos violentos. Pero ¿como
(re-)accionamos cuando ella es contra nosotros?
We don't like to be violent. But how do we (re-)act when it is
against us?
Por toda a semana o trabalhador se levanta mais cedo, banha-se, toma
café puro sem nada comer. Vai a igreja e de lá para a empresa
trabalhar meio período para receber no fim do mês metade do
salário. “O patrão cuida da gente”, pensa e sorri.
El pilar predominante del Bozalnato es la religión. Su
público-objetivo es el ignorante.
The predominant pillar of the Borndonkey* is religion. Your target
audience is the ignorant.
- O povo é essencialmente comodista – diz um sindicalista – e
quer um messias ou um mártir para conduzi-lo.
“Agir é cansativo; pior, é perigoso. Quero um mestre para
orientar-me.”, pensa o povo. Ou não pensa…
- O mal vence o bem porque os bons esperam timidamente alguém que
combata por eles.
“A questão é: quem irá por nós? Eu é que não quero morrer.
Tenho pouco, mas sobrevivo.”, mantém-se calado. Olha para os lados
e se vê observado. Apressadamente caminha para a portaria antes que
lhe cortem mais o pagamento ou lhe façam pior.
El oponente tiene más poder de violencia y para enfrentarlo la
violencia es ineficaz. El oponente es más poderoso. La conformidad
es la cara de la paz.
The opponent has more power of violence and to face it the violence
is ineffective. The opponent is more potent. Compliance is the face
of peace.
Todo o mês se passou. Por acaso o povo e o sindicalista se
encontraram num bar. Entre um gole e outro de cerveja falaram o que
não os interessava. O sindicalista apenas esperava o povo
encorajar-se. E assim foi entre a segunda e terceira garrafa:
- Na eleição deveriam fazer igual agora. Não sair ninguém de casa
pra votar. Sair só pra botar fogo na prefeitura; destruir tudo.
- Se o povo não votar, o voto do dono da empresa vai ser computado e
o mal candidato ganhará. Além disso, voto branco ou nulo passam a
pertencer a quem está ganhando. Isso porque pressupõem-se: ‘para
quem anulou ou votou em branco tanto faz quem ganha; assim o voto
dele vai para quem está na frente’. E destruir as coisas é
burrice. Vão gastar o dinheiro de algo essencial para a reconstrução
do prédio e de tudo que foi destruído.
- Que isso, sindicalista. Não diga bobagens.
- Tudo que velho diz é bobagem para os novos. Estes estão sempre
certos… Foi assim para mim, é assim para você e será assim no
futuro. “O homem e s q u e c e r á sempre. Esquecerá o que
ensinei aos seus precursores. Esquecerá de colher a boa lição da
experiência nova.”¹.
Ofereço como presente aos aniversariantes:
Carlos Passos, Nívea Paula, Bella Ramalho e Oli Mesquita.
Recomendo a leitura de:
“A Peste. 2024. Parte 6”, de Javier Villanueva:
“Esperança no Novo Dia”, de António MR Martins:
* Borndonkey é como traduzi para o inglês Boçalnato, o nome que
dou ao presidente do Brasil. O nome em inglês poderia ser traduzido
para nascido burro ou burro nato.
¹ LOBATO, Monteiro. Era no paraíso. O Macaco que se Fez Homem.
2. ed. São Paulo: 2010. P. 25.
Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo
domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO.
É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes.
É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias
do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”,
“Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura
e Literatura”.
Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso
Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo –
Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é
Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração
do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”.
Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga
MG (representando a Literatura).
Imagens:
Herege, recolhido da internet.
Autor, acervo pessoal.
Manuscrito no dia 07 de junho de 2019. Trabalhado entre os dias 23 de
março e 05 de abril de 2020.
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