quarta-feira, 12 de novembro de 2008

LORISE

09-11/11/08

- Ai! Que susto! Diz ao perceber
- Desculpa, Lóri.
- Rirri.
- Que ce ta fazendo?
- Cortando as unhas.
- E essas malas? Vai viajar?
- Unrrum. Vou me encontrar com minha irmã, Lorise. Ela está em São Paulo.
- Não conheço nenhum de seus familiares.
- Eu só tenho ela. Meu pai me fez e foi embora de casa. Anos depois voltou trazendo Lorise. Bem mais velha que eu e meus pais a adotaram. Mas nunca entendi realmente o que aconteceu. Quanto a meus pais, eles eram velhos e não demoraram a morrer.
- Que chato!
- É.
- História complicada.
- É.
- Então ta e boa viagem.
- Unrrum.


- Lorise!
- Lóórii! Que saudades!
Os dois se encontram na rodoviária do Tietê. Lorise é magra, com sotaque gaúcho, cabelos curtíssimos e grisalhos, olhos azuis escuros. Socióloga.
- Então, quanto você quer? Não tenho muito.
- Primeiro eu quero te ver. Falar. Estou querendo ir para Portugal. Requeri cidadania portuguesa. Foi aprovado e quando fui assinar, a papelada tinha sumido. Sumiu até do computador. Então tive que começar tudo de novo e serão mais outro par de tempo. Estou cansada.
- Já entrou com nova papelada?
- Sim. E tu? Onde moras?
- Com um amigo e sua família.
- Um amigo? Eu vim aqui a procura de um colega da universidade que trabalho, mas não encontrei. Ele veio para um trabalho especial na USP e estive pensando em hospedar na casa dele. E você? Ta namorando muito? Eu continuo virgem... Como é seu amigo?
- Como disse, ele mora com a família. Tem três cachorrinhos e um peixinho. Ele é...
- Credo! Detesto bicho. Acho que todos deveriam ser exterminados. Lugar de bicho e no mato. Solto. Deixar só os policiais e exterminarem todos os gatos, cachorros, pássaros. Mas e seu amigo, estão namorando? Já foram para a cama? Você sempre soube escolher quem te dá vida mansa.
- Hum! Vamos ao que interessa. Tenho aqui mil reais. É só o que tenho. Pegue e tial.


- Benito!
- Uai. Já de volta? Sê bem vindo.
- Me dá um abraço!
- Ta.

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