Obax anafisa
Na pracinha da Estação
Memória li o ebook Urdume, de Rubem Leite, até a hora de ser possível encontrar
alguém interessante no Feirart. E lá:
Cabelos negros,
lindos cacheados negros. Um fio branco, outro e mais outros brancos e negros
enriquecem sua cabeça. Pequenas rugas contornam seus olhos escuros. “Para ser
sincero não espero de você mais do que educação”. O canto de Pedra do Sol
interrompe sem incomodar meus raciocínios no meio do domingo. Rosto branco,
maquiagem simples, básica. Magra. Sorriso claro. O que não quer dizer
verdadeiro. Riso raro. Menos quando quer algo. Para ser sincero espero de você
capacidade de entender. Seios pequenos, firmes, um mamilo bonito, o outro não.
Delta negro envolta sua ilha. Papo cabeça, pés que me fascinam, mãos que sabem
o que fazer. Lábios que sabem o que dizer, verdades ou não.
Foi assim, olhando
Fernanda que eu vi... que eu revi Diana. Do jeito que ela é em minhas memórias.
Balancei a cabeça para me livrar do que não precisava. Conversando fizemos
mútua pré seleção de um possível namoro. Sorrimos e talvez dê certo.
Ela se vai para
algum lugar. Eu vou para outro, a Praça Primeiro de Maio. E meus olhos admiram
a novidade quieta enquanto eu a atravesso.
- Benito! Que
foi?
- Nada não. Como
estão?
Meus amigos
Bruno e Breno se aproximam e reatravessamos a praça. Paramos um momento olhando
as folhagens, as árvores, o monumento.
- Está nervoso
com algo...
- Não! Mas estou
bem chateado.
- Senta e conta
pra gente. – Fala Breno.
- Olho para eles
e não vou falar nada.
- Nada não,
obrigado!
- Então senta
que vou te fazer um convite. – Diz-me Bruno – Posso?
- Sim, por
favor!
Falam e não
escuto nada.
- Cê vai?
- Onde?
- Não escutou
nada do que dissemos?
- Não, desculpa.
- Desculpa, o
carai.
- Calma, Breno.
Façamos o seguinte. Depois a gente conversa. Pode ser, Benito?
- Sim, claro.
Desculpe.
Não sabendo
aonde ir não impeço meus pés de caminharem a esmo. Sento um momento no banco da
pracícula do Banco do Brasil para olhar as folhagens no canteiro circular que atualmente
são vermelhas e roxas; mais algumas verdes de flores vermelhas e roxas. Mas o
sol me incomoda, então saio e no canteiro descendo o morrinho perto da escola
Adventista, indo para o rio, eu dou por mim. Sento-me sob a sombra da árvore de
flores rosas, encosto-me em seu tronco, saco um livro¹ da bolsa que carrego e
leio algo de Goretti de Freitas.
leitura lectura
sentida sentida
sentidos sentidos
aguça afila
acorda despierta
palavra palavra
arvoredo arboleda
aldravia aldravia
sombra sombra
amplia amplía
alcançando alcanzando
mundo mundo
À sombra de uma
árvore de flores rosas, fecho os olhos, adormeço e sonho. Sou um grilo.
Ofereço
como presente de aniversario a:
Emília
Pereira, Paulinho Manacá, Albino de la Puente, Luciano Soares Brska, Wellington
P. Santos, Tadeu Vilalba, Ana Mª Guerra, Rodrigo M.C. Silva (Capa), Marivalda
Lima, Claudina Abrantes, Rodolfo Bello, Saulo Almeida, Franscileine Torosca
Silvestre e Zé Mário Pimental.
URDUME é um ebook de poesias para exorcizar lamentos de amor,
raiva e dor exacerbada através de sentimentos apurados e de um posicionamento
significativo no mundo.
Obra bilíngüe (português e espanhol) de Rubem Leite;
publicada pela editora CÍRCULO DAS ARTES.
Ilustração de Bruno Grossi. Revisão de Cida Pinho e Lilian Ferreira.
¹ LEAL, Andreia
Donadon; BICALHO, Gabriel; FERREIRA, J.S.; LEAL, J.B. Donadon. O Livro II das Aldravias. Mariana:
Aldrava Letras e Artes, 2013. Aldravias de Goretti de Freitas.
Escrito
entre 15 de dezembro de 2013 e 10 de fevereiro de 2014.
Em
banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas
flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.
Um comentário:
Captado com sensibilidade um momento, ele nos fisga!
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