Obax nafisa.
O escuro da noite não está comum
Não preto nem cinza ela se preponde
A lua quebrou o jejum
Cheia, meio se mostra meio se esconde
- Nóóóó, Benito! Esse ficou lindo! –
Falam-me no quinto Sarau com Arak e não tarda, Tiago Lauar canta um pouco.
- A lua é tudo de bom.
- Verdade de lobisomem...
- Acho que ontem vi alguns pelas
estradas...
- Uai! Como? Rerrê.
- Por volta de vinte e três horas eu
estava em um ônibus. Da janela dava para ver a lua entre as nuvens. Ora
mostrando suas vergonhas, ora escondendo seus pudores. Em um longo trecho sem
casas, atravessando um pequeno bosque, tinha umas pessoas estranhas na estrada.
- Uai, você devia ter ido lá.
- Eu quis, mas...
- Mas?
Ficamos um pouco em silêncio para
olhar as ilustrações de Jef Adriano que correm as mesas.
- Como dizia, você devia ter ido lá.
- Eu quis, mas não sei o que dizer
nessas ocasiões.
- O que sei sobre eles é que de dia
viram homens. E que são muito machos. Ou deveriam ser.
Paramos de conversar enquanto nos é
entregue a caipirinha feita de arak e o quibe assado; e depois continuamos em
silêncio ouvindo Mandruvachá contando um causo. Aproveito para mudar de assunto
e conversamos sobre Machado de Assis e outros escritores nacionais.
- Vejam o que meu colega de
faculdade, Paulo Pimenta, falou em sua monografia sobre Vidas Secas, de Graciliano
Ramos: “As palavras que por um lado trazem o encantamento e que apontam para
uma vida melhor, também são motivo de medo e apreensão”.
- Medo? Por que medo? – Alguns perguntam.
- Boa pergunta. Para boa resposta
leia ou releia Vida Secas. – Digo e eu me levanto para dizer outra poesia:
Onde ela está?
Não sei!
Sem ela a vida é aresta
Bem que te avisei...
Onde está, amada lua?
Pare de choramingo
Como? Meu amor não é um pingo.
Já te disse: esse amor, dilua!
Ofereço aos aniversariantes,
meus queridos:
Otávio Zoroastro, Marcos
R.S. Gamba, Carmem Botelho, Solange Maria, Marildo Silva, Rosi Sabino, João F.
Bomtempo, Otávio M. Silva, Carla A. Weber, Paulo G.C. Pimenta, Vanessa Souza, Cristiane
Faria, Rosilea Campos e Karine Faria.
Escrito entre 16 de julho de
2014 e 13 de julho de 2015.
3 comentários:
Lua mesmo meio envergonhada faz poesia. Fala de amor. Ilumina poeta e escritores. Gostei do texto. Mostra-te em tua essência. Parabéens.
heheheh sobre o que estavamos a conversar no Face...
Gostei, Rubem. Parabéns.
Rubem,
Gostei muito do seu texto. Sinto-me lisonjeado por ter sido mencionado nele.
Muitíssimo obrigado e parabéns!
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