Ipatinga na hora da verdade
No dia 3 de agosto de 2008, ao encerrar a contagem dos votos da 13ª eleição para prefeito de Ipatinga, a cidade precipitou-se num dos fatos sociais mais marcantes de sua história. Até a sentença do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) mineiro, no dia 8 de julho, que determinou novas eleições, o ipatinguense vivenciou momentos de perplexidade, ansiedade e angústia, levando-o a reflexões que sem dúvida serão determinantes na construção de seu próprio futuro.
Um futuro que não tenha fortes surpresas, que não precise parar no meio do caminho para resolver problema de pessoas, que o sentimento de orgulho que a população nutre pela cidade seja sua fonte de energia e inspiração, e que se implante um modelo de governança que seja reconhecido e copiado por qualquer outra comunidade global desenvolvida.
Os últimos acontecimentos políticos em Ipatinga estão sendo vistos como uma experiência que municiou a população de uma maior maturidade em relação a condução de seu próprio destino, e não como combustível para acirrar uma polaridade ideológica até então possível.
Ter autocrítica, porém não é o bastante, é preciso mobilizar-se. A repercussão colocou Ipatinga na pauta do dia. A população mineira está com os olhos voltados para o Vale do Aço, região pólo, cuja responsabilidade sócio econômica ultrapassa suas fronteiras. É um momento crucial, em que águas poderão ser passadas ou mantidas na turbidez das ambições pessoais. O povo de Ipatinga, que consolidou uma empresa de padrão internacional, prestigiada por várias notoriedades mundo afora, deve dar seu valioso exemplo mais uma vez, para os tempos vindouros. Exemplo esse que se traduz em tirar do seio da própria sociedade uma pessoa que tenha unanimidade, um ipatinguense que seja notório não apenas pelo seu passado, mas também pelo que poderá fazer para o futuro, um nome acima dos interesses corporativos que maculam a capacidade de transcender ao individualismo, um gestor que desfralda a bandeira da transparência e da generosidade, que convide o povo para sentar na mesa das decisões, que tenha sonhos e humildade frente a grandeza de sua missão. São cerca de 60 mil crianças em idade escolar esperando do ipatinguense uma atitude coletiva, sábia, com clarividência, que tenha por mérito escolher um gestor a altura da própria história que se construirá para recebê-los amanhã. .
Comumente, os grupos políticos partidários colocam o nome de um candidato de cima para baixo, escorado por uma excepcional estratégia de marketing, para o eleitor confirmar, isto é, cumprir com o seu dever de cidadão - nem sempre querendo exercê-lo - ir às urnas eletrônicas e registrar seu voto.
Em tempo, a mídia apresentou recentemente vários representantes partidários postulantes à cadeira da prefeitura, entretanto, o cidadão ipatingense ao invés de referendar um nome imposto por uma circunstancia política, deveria apresentar aos partidos um nome que seja unânime na sociedade, um nome com estatura, altivez, que tenha nas mãos um cheque em branco do povo, um nome realizador, acima de qualquer suspeita. Em Ipatinga, há vários nomes de homens e mulheres ávidos para construir uma história alicerçada no altruísmo, no desenvolvimento humano e ecológico e no bem estar, com visão de empreendedorismo coletivo, e consciente de que a hora é de semear, porque a terra está fértil.
O poder financeiro e técnicas de comunicação mirabolantes, podem fazer com que o razoável se pareça com o excelente. Daí, todo cuidado é pouco aos parâmetros observados com olhos espiritualizados. Isto é, sem egoísmo, preconceito e imediatismo poderão se desdobrar na escolha de um administrador cujo expediente seja um estado solidário. A sorte está lançada
Mário Carvalho Neto
Historiador e editor da revista Caminhos Gerais.
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