Rubem Leite – 17-18\8\09
– Quê? – É só o que diz para finalmente perceber o trânsito.
– Mais atenção, cara. Digo sorrindo.
– Não vi o trânsito. Fala o carinha com uma voz grave, levemente desafinada.
– Nem eu. Respondo sorrindo ainda mais.
– Ah! Você é...
– Cego? Sim! Interrompo-o. Para onde vai?
– Para a rodoviária. Responde. E você?
– Para o Veneza.
– Sou Luís e você?
– O sinal abriu. Vou indo. Vai ficar? Falei enquanto comecei a atravessar.
– Não! Parece que ele dá um passo grande e desajeitado. Como disse, estou indo para a rodoviária.
– Comprar passagem ou receber alguém?
– Como sabe que não vou viajar. Pelo tom da voz ele estava sorrindo.
– Ao tocá-lo não percebi nenhuma mala ou mochila de viagem.
– Tá. É verdade. Vou comprar.
– Chegamos à rodoviária. Aqui eu entro na Belo Horizonte para ir para o Veneza. Tiau.
– Espere. Você não me disse seu nome. Você me salvou a vida e com isso nos tornamos amigos.
– Amigos? É provável. Com o tempo, talvez.
– Mas só poderemos ter certeza se a gente se ver mais vezes... Ai! Desculpa.
– Rarrá. Não se preocupe. Isso é só uma expressão. Não nos incomoda. E você parece gente boa. Eu sou Lúcio. Tem acesso fácil à internete?
– Sim.
– Então acesse http...
– Espere! Deixa eu pegar papel e caneta para anotar. Um momento. Anda papeeel. Pronto. Peguei! Pode falar
– http://artedoartista.blogspot.com e você irá achar meu email, se quiser, falar comigo. Tiau.
– Até logo.
Deixo-o. Ao redor um trânsito menos intenso, com cheiros variados, o pó ainda caindo. Pessoas falando, gritando e músicas. Interessante! – pensei – Deixei de perceber tudo isso enquanto caminhava com Luís.
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