terça-feira, 23 de março de 2010

A LEBRE E A TARTARUGA

Rubem Leite

23-3-10

Ofereço ao meu sobrinho neto

Rafael A.L. Macedo


Era uma vez uma lebre muito veloz e uma tartaruga muito lenta, mesmo para uma tartaruga. Um dia a lebre falou: “Tartaruga, vamos apostar corrida para ver que ganha”? E a tartaruga concordou. Antes ela teria recusado, mas o sapo, seu vizinho, leu uma revista Mundo Ideal. Gostou tanto que fez cota de Revistas e deu um exemplar para cada vizinho. Lendo-a a tartaruga começou a entender que era filhote de Deus e foi eliminando os complexos de inferioridade, ou seja, as crenças de que não tinha capacidade e manifestaria os seis atributos divinos: Sabedoria, Amor, Vida, Provisão, Alegria e Harmonia. E assim ela fez. Passando a registrar também apenas as horas que o Sol brilha. No dia da corrida os animais estavam divididos, metade acreditava na lebre e metade, sabia que a tartaruga daria conta de vencer porque a conheciam e contemplavam sua Imagem Verdadeira. E a corrida começou. Era uma volta em torno da lagoa grande. E a lebre – zuuum – saiu na frente. E a lebre estava vencendo. E a lebre vendo a tartaruga lá em baixo, longe, se deixou levar pelo ego “Sou a melhor. Sou eu que realizo minhas obras” e foi dormir debaixo de uma sombra gostosa do ipê amarelo. Enquanto isso a tartaruga mentalizava “Eu vivo não pela minha própria força, mas pela Vida de Deus-Pai que permeia os Céus e a Terra”. Quando foi chegando perto da lebre que dormia a poucos passos da linha de chegada ela se lembrou da terceira estrofe de uma oração que aprendeu chamada Canto Evocativo de Deus “As minhas obras não sou eu quem as realiza, mas a Força de Deus-Pai que permeia os Céus e a Terra”. Então acordou a lebre dizendo “você é filha de Deus, minha irmã”. A lebre vendo que a tartaruga não se aproveitou do seu erro ficou emocionada e pegou a patinha grossa da amiga e foram juntas ganhar a corrida.

Depois da festa as duas amigas conversaram:

– Por que você me ajudou? Você sabe que eu poderia não ter dado a mínima para seu gesto e vencido a corrida.

– Não teria problema. Vencendo ou não a corrida sei que tenho capacidade infinita. Não é o título de campeã que me fará feliz. O verdadeiro e maior título de todos eu tenho. E você também. O grande título é “Eu sou filho de Deus perfeito”.

E assim a lebre anulou o ego e manifestou o Eu Verdadeiro. A tartaruga obtinha sempre bons resultados em tudo que decidia.


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