Obax anafisa.
- Oi, meu anjo! Meu amigo B me disse via email “estamos recebendo livros do Governo Federal pela Biblioteca Nacional, temos que escolher alguns autores, você sugere algum?”. Você é um dos que pensei. Que tal procurá-lo no facebook? Poderá encontrá-lo pelo nome JTB.
- Meu anjo? Que merda, caralho! Então, muito obrigado. Se for o caso de eu ter que dar o livro, não tenho condições no momento. Agora eu não curto ser cantado por homens, na boa. Fica o recado. Às vezes, por ser educado com todos, porque realmente sou, aproveitam-se da chance para darem cantadas. Sou totalmente contra homofobia, mas isso não quer dizer que eu curta cantadas de homens. Mas não se preocupe, viu. Não é por isso que deixaremos de ser amigos.
Momentos de raiva. Depois, quase autocontrole e
- Cara, quatro coisas: 1- Não é de graça o livro. É comprado. Entre em contato com o B se quiser e se informe. 2- Desculpe! Mas você é lesado. De minha parte não te cantei mesmo. De onde você tirou isso? Anjo é apenas algo educado de ser falar. Como mandei a mesma mensagem para meus amigos escritores e para não ter que escrever para cada um em separado usei um termo que serve para homens e mulheres. 3- Se se sentir incomodado comigo é muito simples, retire-me de seus contatos. As pessoas que aceitei ou convidei foram porque achei interessante (e como parece que para você tudo tem ligação com sexo, interessante, no caso, é artístico), mas não esmolo companhia. Sinta-se a vontade para me excluir. Aliás, pode deixar que eu mesmo te excluo de meus contatos. 4- Você é preconceituoso sim. É do tipo que décadas atrás falaria “Não tenho nada contra preto”. Desde que na sua família seja apenas empregado, claro.
- Benito, se certas pessoas me chamarem de anjo, entenderei como metáfora ou brincadeira. Há pessoas e pessoas, e não quero dizer que você é isso ou aquilo, isso o tempo dirá. Por não te conhecer “a fundo” acho sim uma cantada. E o recado foi dado. Não excluo ninguém, só fui contundente no meu ponto de vista. E você ainda está me devendo o meu livro. Fora isso, você é um cara aparentemente bacana. E creio que temos de somar, não de sumir; e respeitarmos os posicionamentos sexuais de ambas as partes.
- Você é contraditório.
- O que sei é que por acreditar em sua palavra, levei um calote. Vinte reais não matam ninguém, mas fará falta no momento. Não ganho com meus livros, apenas não tenho prejuízo.
- Se até hoje não tinha te pago é porque nas três vezes que lhe pedi o número da conta você não me enviou. Mas como não gosto de dívida, mandei via correio o dinheiro. Adeus!
- Não seja tão impulsivo, isso não leva a nada. Noves fora, quando quiser me adicione, sem problemas.
- Não, obrigado! Não vale a pena nos contatarmos mais. Não me arrependo de cortar relações com quem se sente ofendido com cantadas... Principalmente quando não são dadas.
Momentos de raiva e, depois, autocontrole. Então penso
Espera aí! Não decidi viver segundo o princípio do relógio do sol? Registrando apenas as horas que o sol brilha? Vou permiti então que qualquer um faça de mim o que quiser? Não! De que adianta ficar pensando nas perdas ou ofensas se tem coisa melhor para ver e pensar? Jogo fora o bagaço e conservo apenas o bom sabor, as vitaminas da laranja. Se um ladrão tentasse entrar em minha casa eu o expulsaria mesmo que quisesse levar apenas um par de tênis. Então vou expulsar o ladrão da felicidade: as más lembranças. Que lembrança agradável tenho de tal pessoa? Seus poemas! Seu livro é bom. É isso que registrarei: o poeta.
Ofereço como presente de aniversário à
Carol Magalhães, Emersom Franklin, Átila F. Silva, Marco A. Parisotto, Lúcia Ramos e Thiago Vaz.
Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.
Escrito entre 27 de janeiro e 05 de março de 2012.
Para saber sobre o princípio do relógio do sol veja a revista Seicho-No-Ie, edição especial, páginas 21-24 – Masaharu Taniguchi.
Um comentário:
a arte é percepção da realidade sentimental do mundo...a arte nos coverte a ser e não a possuir o mundo ou as pessoas.[panterarica]
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