Obax anafisa.
Viva a Bandeira do
Brasil! Viva a Pátria!
“experimentações
dos fracassos ... por entender que elas foram mesmo as responsáveis por nos
desestabilizar, perturbar e gerar as crises necessárias para nos mudar de
direção e demarcar inaugurações (de) nossa história”¹. (GODOI).
O rio corre.
É o Ribeirão Ipanema à margem do Iguaçu defronte do pedaço com Jd. Panorama e
Pq. Ipanema. À beira rio grama ou capim bem verde, algumas flores brancas. Tem
também umas amarelas, outras vermelhas e o passado no presente.
- O todo é
muito mais que a mera soma das partes. – Disse Thiago Alixandre em um grupo de
agentes culturais no encerramento do 10º ENARTCi em um diálogo no espaço da
Hibridus. Ele continuou – Aquilo que é permanente assim é porque não é
imutável. Resiste porque se adapta. O permanente é mutável.
- Autonomia é
capacidade, e dou ênfase na palavra capacidade, extrair do ambiente
informações, criar reservas delas para se manter, ou melhor, para explorar cada
vez mais e eficientemente novas informações. – Alguém acrescentou ao diálogo e mais
gente disse diversas coisas igualmente interessantes.
O Ribeirão
Ipanema corre. À beira rio grama ou capim bem verde, algumas flores brancas.
Tem também umas amarelas e outras vermelhas. Na margem um grupo de aves
carniceiras destrincha algum bicho. Uma abre suas asas e pula para outra ave.
Parece não se contentar com seu lauto almoço. De tempos em tempos outra faz o
mesmo, querem tomar o que outra pegou. O passado no presente e o segundo no primeiro.
Uma moto
surge por trás e pára ao meu lado. Pelo visor do capacete belos olhos escuros
num rosto masculino perguntaram-me sobre meus cachorrinhos. O que na verdade
quer saber é se eu era usuário de craque. Talvez porque eu fui um magrelo às
cinco horas da manhã num ponto de consumo. Talvez por outro motivo. Quem sabe?
– perguntou-me: Cê num tem vício nenhum mesmo? Respondi: Meu único vício são os
livros. Sou tarado por eles². Dia ou dois depois nos esbarramos no hipermercado
no Centro de Ipatinga. Os olhos vívidos me percorreram lentamente, o uniforme
apressado sumiu lá dentro e seu rosto se esvaiu de mim.
O Ribeirão
Ipanema corre. À beira rio grama ou capim bem verde, algumas flores brancas.
Tem também umas amarelas e outras vermelhas. Sobre a grama e entre as flores,
um bicho morto. Lindas flores enfeitam o podre. O podre enfeia as flores. Aves
carniceiras, políticos e humanos destrincham descontentes com o que tem e tomam
o que é do outro. O vento trás o cheiro para mim, engasgo e meu quase vômito se
interrompe por sons de um carro dobrando corrido uma esquina e vêem sobre mim.
Aves carniceiras disputam o que sobrou.
Ofereço aos
aniversariantes
Lúcia Santos, Sávio
Tarso, Nary Farias, Elias Moreira Jr, Vitor Cruz, Stefanny Késsya, Nanda Sales,
Sula Valgas, Esdras Aurélio e Eder Meiros.
Em banto, obax anafisa
significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você que me
lê e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.
Escrito entre os dias 09
e 19 de novembro de 2012.
ENARTCi 2012. Encontro
existente em Ipatinga MG
para mostrar e discutir a arte, os artistas e suas ações e reações. “O ENARTCi
assume seu papel de criar pontes, de atravessar territórios e de construir
relações”¹.
¹ ENARTCi – Encontro de
Dança Contemporânea de Ipatinga. Wenderson Godoi no texto “Tão precioso quanto
difícil”, diria Espinosa.
Um comentário:
"Lindas flores enfeitam o podre. O podre enfeia as flores." Isso diz muito de Ipatinga pra mim... Adorei o texto... Muito obrigada! Confiro sempre! bjs
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