Obax anafisa.
Se eu pudesse contar as
estrelas
Contaria, contaria
Sem jamais chegar ao
fim
Buscava uma dela
Para pousar no seu
jardim
Selma
Albergaria – facebook – 22-3-2014.
Um
empresário no celular conversa tranquilo olhando as flores no quase fim da
manhã. Pára na ponte que leva à ilha no lago do Parque Ipanema. Algo na água toma
minha atenção. Pedacinhos de pão atacados por girinos cujos golpes rápidos
diminuem lentamente a comida. Adiante, dois girinos em pontos inversos comem
tranquilos seu bocadinho do mesmo pão. E à medida que dão conta do serviço vão
aumentando as bocas que o devoram, paulatinamente mais rápid...
-
Nem pensar! – Fala bem alto. – Dê o cheque logo. Quer perder o negócio? Vá
agora mesmo à casa do asqueroso... Não interessa o ano novo... Vai, rapaz! É o
seu ganha pão; o nosso emprego. – Levanta do banco e se vai.
Da
grama que ilha o lago meus olhos admiram a novidade quieta. Até o surgimento de
uma pergunta sem cumprimento e sem apresentação:
-
Quem são esses seus companheiros?
-
Dois amigos. Um é brasileiro e outro, argentino.
-
E quem são?
Pergunta
muito este estranho. Olho duro e respondo: Amar, Verbo Intransitivo, de Mário
de Andrade e La Colmena, de Camilo José Cela.
-
Conheço Mário de Andrade, mas nunca ouvi falar de “Rossê Cêla”.
Seu
sorriso e mais ainda seu conhecimento literário amaciaram meu semblante.
-
Sente-se à sombra. Eu sou Benito. E você?
-
Marcos.
Sem
nos conhecermos sentamo-nos às margens do lago e por cinco minutos, mais ou então
menos, vemos um pequeno pássaro se preparar para pescar seu almoço. Paciência e
cálculo.
-
Paciência e cálculo. Se é, Benito, que se pode falar assim de aves.
Interessante
pensarmos a mesma coisa, mas digo algo um pouco diferente e ele retruca
estranhamente.
-
A cidade ilha o parque. O parque ilha o gramado que ilha o lago. O lago ilha a
ilha.
-
E o pássaro pescou o almoço que também buscava o que almoçar.
-
Você não parece leitor... Marcos, né?
-
Não sou. Mas já li Amar, Verbo Intransitivo na escola.
Levanta-se
e põe um pé na água. Eu me levanto e vou embora. Assim, sem ter acontecido nada
de mais.
Ofereço
como presente de aniversario a:
Cleiton
Zambianchi, Demetrios N. Gualberto, Thayná Macedo, Mariana Dias, Maxwel Lopes, Lee
Araujo e Joana Carlie.
E
aos agentes culturais aniversariantes:
Jeová
P. de Jesus, DonaFlô Brasil e Alessandro Lages,
Leiam
os textos A Catedral de Joinville, de Caio Riter; Poema 80, de Thiago Domingues;
e Eu e a Flor, de Bispo Filho. Respectivamente nos endereços:
Em
banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas
flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.
Escrito
entre 01 de janeiro e 14 de abril de 2014.
ANDRADE,
Carlos Drummond de. Especulação em torno da palavra homem. http://www.youtube.com/watch?v=1a0yQeAgvB8
3 comentários:
Oi querido Rubem!
Muito obrigada pelo presente!
O carinho é recíproco!
Abraço!
Mariana Dias.
Olá,Rubem!
Obrigada pelo texto.
Um abraço e Feliz Páscoa!
Joana D'Arc
AMADO AMIGO ESCRITOR, MT FELIZ EM VER MINHAPOESIA NO SEU BLOG.
OBRIGADA.
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