Obax nafisa.
- Eu quer...
- Me veja um café équispresso
pequeno, por favor. Eu vou estar na última mesa.
Sai, anda reto para frente e as mesas
é quem têm que desviar dele, olha para direita e para a esquerda com sua cabeça
erguida e olhar de baixo para cima, caminha reto pela direita, olha para o
balcão com seu olhar de baixo para cima, indica para a funcionária onde vai
sentar e ocupa o lugar escolhido.
- Bem, eu quero um cappuccino de
canela, por favor.
A garota passa os dois pedidos para a
cozinha e enquanto preparam o meu leva o do rapaz. No tempo em que espero, chegam
Beto de Faria e Joel Pizzini discutindo o 10º Cine Documenta. O primeiro é
produtor cultural, o outro é diretor de cinema e eu intrometo no assunto. E enquanto
conversamos saboreamos nossas bebidas. Rosana Mont’Alverne, contadora de
histórias e escritora, mais sua filha, Juliana Mont’Alverne Flores, ambas da editora
Aletria, pedem algo no balcão e me aproximo para um bate-papo.
- Trouxemos para você, Benito.
Abro o livro Através da Vidraça da
Escola, de Ilan Brenman. O livro é uma beleza na aparência e no conteúdo. “Eu
acho que o saber é uma coisa muito ótima. Eu sinto muito que sou um cego da
vista limpa. Eu estimava que os meus filhos enxergassem a mais do que eu”. Em uma
página ao acaso leio o que falou um homem sobre o processo de leitura. Agradeço
com sorriso nos olhos e lábios.
- Falta a dedicatória...
- É a primeira vez que a Editora faz
uma dedicatória.
Sorrimos. Quatro pessoas agradáveis
para um bater papo. Volto à minha xícara e livros, e, diante deles, o sujeito.
Peço-lhe:
- Com licença, pode chegar um
pouquinho para lá?
Olha-me de baixo para cima e eu a ele
de cima para baixo. Dá um passo à esquerda e ocupo meu lugar. Pego a xícara,
dou um gole, digo meu nome e pergunto o dele exalando suave simpatia. Sincera,
quem sabe não fazemos amizade?
Olha-me com seu olhar e
- “Phillip com ph”. – Diz com voz de
“lorde inglês”.
- Ah! – Sorrio para não rir. – Gosta
de ler?
- Muito! E o senhorr?
- Eu também leio bastante.
- Gostaria de ler mais, mas meus anos
finais de doutorando na Holaanda me consomem muito tempo.
- Ah, na Europa. Eu sou encantado com
os livros.
- Mas com certeza o senhor não
trabalha tanto quanto eu.
Encaro-lhe curioso e me divirto com a
sua presunção.
- Espero que não. Imagine a cena, por
favor. – Ele fecha os olhos. – Eu sou uma árvore no meio da Mata Atlântica...
- Qual árvore?
- Um ipê amarelo. Sou um grande ipê
carregado de flores no meio da Mata Atlântica. A preguiça está montada.
Olha-me com olhos arregalados e os franze
em seguida enquanto só rio no último dia do oitavo Salão do Livro do Vale do
Aço.
- O senhor não trabalha?
- Trabalho!
Phillip com ph vira seu corpo para
mim, levanta um dedo e
- Benito! Que bom encontrá-lo.
- Oi, Beatriz. – Beatriz Myrrha é
excelente contadora de histórias, escritora e pessoa.
- Já deu alguma olhada no Pomar
Brasileirinho?
- “Tapete vermelho \ Estende-se no
verde \ Chegada do amor”.
Ofereço como presente de aniversario
a:
El Junior Macias, Katia
G. Paula, Rosa Kanesaki, Ivone M. Andrade e Aniyan C. Abraham.
E aos agentes
culturais aniversariantes:
Fernando Campos e
Claitom Luz.
Convido
a conhecer o livro URDUME é um ebook de poesias para exorcizar lamentos de
amor, raiva e dor exacerbada através de sentimentos apurados e de um posicionamento
significativo no mundo.
Obra
bilíngüe (português e espanhol) de Rubem Leite;
publicada pela editora CÍRCULO DAS ARTES.
Ilustração de Bruno Grossi. Revisão de Cida Pinho e Lilian Ferreira.
Leiam o texto “Castelo”,
de Caio Riter; “Fôlego”, de Thiago Domingues e o “Taxista que era filho de uma
quenga”, de Marcelo Garbine Mingau Ácido. Nos endereços
BRENMAN, Ilan. Através do Pomar da Escola: Formando novos
leitores. 2ª ed. – Belo Horizonte: Aletria, 2012.
MYRRHA, Beatriz. Pomar Brasileirinho. Belo Horizonte:
Fino Traço, 2013. Haicai Cupuaçueiro.
Em banto, obax nafisa significam
flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de
que encontre nele pedras preciosas.
Escrito entre os dias
19 e 26 de maio de 2014.
2 comentários:
Excelente!
Piada do Ipê com preguiça é ótima pra sair dessas "saias-justas" de uns presunçosos! Lembrei da cara que o Benito faz quando isso ocorre!
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