Obax anafisa.
Viva a árvore!
Vivam, árvores!
- My
English is not strenaght. But in Portuguese I destroy.
- How can
someone think that? But many do so. Pains me! I love Portuguese.
Debaixo
de árvores e sentados nas flores de sibipiruna caídas sobre a grama olhamos os
carros, as pessoas e os pássaros.
-
Para meu curso, engenharia de materiais, acho importante eu conhecer inglês,
francês e, talvez o espanhol. Então, Benito, eu pretendo falar os três idiomas.
-
Perdoe-me, mas não se esqueça de falar a mais importante delas. Lembrou-se de
três, mas se esqueceu da essencial. Primeiro o Português; e no seu caso: inglês
em segundo lugar, depois o francês e por fim o espanhol.
-
Kkkk. Português, a mais chata por sinal.
-
Pelo contrário, é a mais bela. A última flor do Lácio. Não acredita em mim? Imagine
um pomar. Com mangas, goiabas, laranjas, cajus, caquis, bananas, mexericas e
etc. Hoje você pode comer uma fruta, amanhã outra e ainda pode misturá-las à
vontade. Manga, por exemplo, pode comer manguita, manga espada, manga rosa,
manga coco e muitas outras.
-
Legal!
-
Em inglês você tem Why and bicause para se expressar. Em português você tem por
quê, por que, porque e porquê. Só as duas do inglês dão conta para perguntar e
responder? Dão, mas limita muito as possibilidades. Perguntando, por exemplo,
em português eu posso dizer: Por que você se chama Zé das Couves? E posso dizer:
Você se chama Zé das Couves. Por quê? Agora, fale em voz audível as duas
perguntas.
-
Por que você se chama Zé das Couves? – Pausa. – Você se chama Zé das Couves.
Por quê?
-
Viu que na segunda existe uma ênfase na indagação? É como se na primeira fosse
apenas curiosidade, mas na segunda há uma exigência.
-
Mas bastam duas, para que quatro?
-
Repito, duas formas bastariam, mas limitariam as possibilidades. Porque existem
diferenças na intensidade da intenção da pergunta. Sacou? Então a língua portuguesa
possibilita mais nuances e sutilezas.
-
Nuuh!
-
O que permite mais beleza e mais clareza na comunicação.
-
E é por isso que é a mais cabulosa.
-
Sim, mas é mais bela. O inglês é como um corpo de homem. Tem sua beleza, não
podemos negar. Mas é reto, grosso, duro, sem flexibilidade ou fluidez. E o português
mais o espanhol são como mulheres com corpo de violão... Há delicadeza sem ter
fragilidade. E são fluidos, suaves, curvilíneos, cheios de reentrâncias,
possibilidades e nuances.
Sob
a sombra, encostamo-nos à árvore de sibipiruna. Continuamos a ver os carros,
pessoas e pássaros.
-
Por quê?
-
O quê?
-
Cê sabe! ... Por que não fica?
-
Porque quero ser grande.
Sob
a sibipiruna continuamos a ver os carros e as pessoas. Mas passamos a escutar
os pássaros.
Ofereço
como presente de aniversário:
Érikis
M. Sena, Jaqueline Carla, Daniela V. Aleixo, Samuel Fernandes, Edvania
Oliveira, João Gabriel, Maria jany, Devon Pendleton, Jadallah Safa, Flávia V.
Paravidino e Wesley V. Nogueira.
E ofereço ao escritor Marcelo Garbine Mingau Ácido por gostar do que escrevo.
E ofereço ao escritor Marcelo Garbine Mingau Ácido por gostar do que escrevo.
Escrito
na manhã de 22 de março de 2014, mas mexida e remexida entre os dias 16 e 22 de
setembro do mesmo ano.
O
título é o quarto verso da primeira estrofe do soneto Língua Portuguesa, de
Olavo Bilac.
3 comentários:
Incrível! Interessantíssimo! Chama a atenção para o fato de o quanto a língua portuguesa abre leques e mais leques de possibilidades para expressar sentimentos e intenções de quem realmente sabe usá-la. Parabéns, Rubem Leite!
Vera Buzo.
Ótimo texto, adorei as figuras de linguagem do estudante de engenharia aí.
Tenho, ultimamente, escrito crônicas didáticas de humor acerca de temas gramaticais e estou gostando muito de explorar esse gênero, mas o Rubem Leite faz um hábil malabarismo prático com verbetes do nosso idioma que lhe é peculiar e caracteriza o seu marcante estilo radiante de escrever. Valeu, Rubem! Obrigado pela fartura de produções de textos tão gostosos de ler.
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