El Dolor
Femenino – The Feminine Pain
Chorava com o vento, a chuva sob seus
pés. E um túmulo de folhas amarelo-secas escondia o que eu menos gostava em
você. Não vejo a hora de ver-te sorrir em cores e flores para sentir o cheiro
dos seus hormônios. Todo seu perfume é convite lascivo, e disso gosto. Quando
terminarmos, você envolverá com seu sangue o produto de todas as
lagrimas-de-chuva em frutas. Passarinharei cada um deles em banquetes pela
manhã. A semente cairá, longe de você, mas carregará uma parte das suas
intenções e espírito para foder outras terras... Prantearei antes de ver-te
semimorta e moribunda novamente. Sei que desertos sussurros de vento te
assolarão deixando-te nua. Nem eu nem inseto algum visitaremos seu lar funesto.
E silêncio faremos até que novas chuvas e lagrimas lhe socorram... Algum
maldito tentará aquecer alimento e habitação mutilando seus cilíndricos braços.
Mas por favor, não morras! Já passa esse frio e a Mãe logo enviará cores pra te
vestir. Eu mal vejo a hora de deitar sob seus pés outra vez para melhor
apreciar o dia.
Carlos Glauss.
Obax nafisa.
Obrigado, papai!
Em português
- Eu não sou bonita. Sabe? Eu sei, eu
não sou bonita. Tirando meus seios quando jovens, eu nunca tive um belo corpo.
Eu sou Aracy de Almeida, como a cantora, sabe. E assim feito ela, não sou
bonita, tenho palavras feias na boca e ninguém se dá por mim.
Foi assim, na Praça José Júlio da
Costa, no Centro de Ipatinga, sentado debaixo do ipê rosa sem flor que conheci
Aracy.
- Pareço muito com Aracy de Almeida,
a cantora. Meu pai era maquinista da Vale, cantei na igreja, namorei jogador de
futebol, gosto de samba e de música clássica, leio livros psicanalíticos, gosto
de pintura. Pena não ter dinheiro para comprar originais. Tenho apenas cópias.
Nós dois sentados debaixo do ipê rosa
sem flor e as pessoas passando, passando. E ninguém nos viu. Nada nos ouviu. As
pessoas. Passando. Nós.
- Você sabia que minha xará foi a
primeira cantora da dor feminina? Todo mundo cantava a dor do homem, mas a
mulher nunca era a vítima, mas a vilã. Aliás, poucas cantoras existiam e as que
estavam lá não ousavam se posicionar. Ela não se conformou e mostrou que também
somos gente.
Uma folha caiu entre nós e nossos
olhos seguiram seu vôo em silêncio. Trânsito e transeuntes, ao contrário, não
paravam de rosnar.
- É bom falar com você. Apesar de
homem não impõem sua macheza. Mas nos escuta e respeita. Você é de verdade?
Existem outros? Pergunto por que já me disseram que se eu fosse bonita
mereceria ser estuprada. É para agradecer por não ser bela? Ou para as bonitas
agradecerem à violência? – Pausa para ver o que se olha na praça. – É! É bom
falar com você. Apesar de homem não impõem sua macheza falando, falando, não
dizendo nada e fazendo grosserias.
Outra e outras folhas caem.
En español
- No
soy guapa. ¿Sabes? Lo sé, no soy guapa, siquiera bonita. Jamás tuve un bello
cuerpo, excepto mis senos cuando jóvenes. Soy Aracy de Almeida, hecho la
cantante brasileña, sabe. Y hecho ella, no soy guapa, tengo malas palabras en
mi boca y nadie me ve.
Fue
así, en la Plaza Mayor, en Lima, sentado debajo de un árbol sin flor que conocí
Aracy.
-
Me asemejo a Aracy de Almeida, la cantante. Mi padre era maquinista de tren,
canté en la iglesia, fue novia de un jugador de fútbol, leo libros de
psicoanálisis, me encantan las músicas folclóricas del Perú y las clásicas del
mundo, pinturas también me encantan. Lastimo no tener plata para comprar
originales. Tengo solamente copias.
Ambos
sentados bajo el árbol sin flor y las personas moviéndose, moviéndose. Y nadie
nos ha visto. Nada nos ha escuchado. Las personas. Moviéndose. Nosotros.
- ¿Sabías
que mi tocayo fue la primera cantante brasileña del dolor femenino? Todos
cantaban el dolor del hombre, sin embargo la mujer jamás era la víctima, pero
sí la villana. No obstante, pocas cantantes existían y las que estaban allá no
osaban posicionarse. Ella no se conformó y mostró que también somos gente.
Una
hoja cayó entre nosotros y nuestros ojos siguieran su vuelo en silencio. Tránsito
y transeúnte, por su vez, roznaban sin parar.
-
Es bueno platicar contigo. Mismo siendo hombre no impone su virilidad. Pero nos
escucha y respecta. ¿Tú es de verdad? ¿Existen otros? Pregunto porque me
dijeron que se fuera bonita merecería ser estuprada. ¿Es para agradecer por no
ser guapa? ¿O para las guapas agradecieren la violencia? – Pausa para ver lo
que se mira en la plaza. – ¡Sí! es bueno hablarte. Mismo siendo hombre no
impone su virilidad hablando, hablando, no diciendo nada y siendo chocarrero,
groso.
Otra
y otras hojas caen.
En English
-
I am not pretty. You know? I know. I’m not pretty. Except for my breasts when I
was young, my body is ugly. I am Aracy de Almeida, as the Brazilian singer, you
know. Done she, I am not pretty, I have bad words in the mouth and anybody sees
me.
It
was this way, in a square, sitting under a tree without blossom that I met
Aracy.
I
seem with Aracy de Almeida, the singer. My father was machinist by train, I sang
in church, I was girlfriend of a soccer player, I read psychoanalysis books, I
like folkloric and classic music, paintings also love me. I feel sad from not
have money to buy originals paintings. I have only copies.
Both
sitting under the tree without blossom and people moving, moving. Nobody see
us. Nothing listen us. People. Walking. We.
-
Did you know that my namesake was the first Brazilian female singer pain? All
of them sang man’s pain, but the woman was never the victim, she was always the
villain. However, few woman singers existed and the ones that were there did
not dare have if it position. She was not satisfied and showed that we are
people too.
A leaf
fell between us and our eyes followed your flight in silence. Traffic and
pedestrian, in a turn, did not stop to snarling.
-
It’s good talk to you. Despite you being a man does not impose his virility.
But you listen and to respect us. Are you really? Are there another? I ask
because they told me that I deserved to be raped if I was pretty. Is it to
thank for not being beautiful? Or for beautiful girl thank violence? – Pause to
see what we look at in the square. – Yes! It is good talk to you. Despite man,
do not impose its manliness talking, talking, not telling anything and doing
rudeness.
Other
and another leaves have fallen.
Ofereço como presente de aniversário
a
Lucas Alvisi, Kemilly Caroline, Renata
Sousa, Dado Aragon, Marilene Tuler, Fábio S. Rodrigues, Gerci Santos, Thaylyny
Emanuela, Wyllon Jheffer, Rodrigo P.D. Stani, Graciela Pedra, Ícaro Freitas e
Renata Matos.
Ofereço também ao grupo Hagios
Companhia.
Recomendo a leitura de
Petite Bourgeoise, de Bispo Filho; e
exposição de arte plástica de Rafael Cabral.
Respectivamente nos seguintes
endereços
Agradeço a Luís Gonzáles por
retirar minhas dúvidas em espanhol. E se ainda assim houver algum erro a
responsabilidade é minha, não dele.
Sobre Aracy de Almeida:
Escrito entre 29 de novembro e 15 de dezembro de 2014.
Meu pai, Rubem Rezende Leite, faria hoje (15-12) oitenta e
nove anos. Muito obrigado, papai!
Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas.
O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras
preciosas.
Um comentário:
Sempre um grande texto amigo Rubem LEite
Postar um comentário