LA
CAZADA
pedras camufladas em palavras.
stones disguised as words.
(Barbosa, 2014, p. 60-61).
Obax nafisa.
Em português
A noite no Centro de Ipatinga está
clareada pelos postes, embaralhada de pedestres e embarulhada pelos carros. Em um ponto de ônibus duas mulheres
casadas conversam. Ambas reclamam que não ganham presentes de seus respectivos
maridos. Creio que sem perceber uma falou: “Toda vez que ele me dá algo eu digo
que é feio, brega, de mau gosto. Mas é mesmo...”. Meu pensamento se perdeu na
reflexão: se toda demonstração de carinho é devolvida com chacota porque
continuar ganhando? Nisso, passou um pássaro rente ao meu nariz. Sem violência,
com uma tranquilidade de Ave-Maria ao som de viola. E meu pensamento achou o
caminho de casa.
- Benito! Que faz aqui, rapaz?
- Oi, garota! Eu estava escutando
William Cereja proferindo uma palestra.
- William Cereja? William Cereja...
William Cereja... Ah! O autor de livros escolares?
- Isso mesmo!
- E qual era o assunto?
- O tema era Recursos e opções
didáticos para ensinar às crianças.
- E o que ele falou?
- Deixa-me pegar a folha onde anotei
suas palavras... Um momento, por favor. Encontrei. “Para criar leitores é necessário
trabalhar com bons textos: clássicos, atuais, com temas do momento,
interessantes, emocionantes, textos não verbais e etc.”. Disse mais: “Quanto
mais nova é a criança, mais o foco deve ser a leitura. A criança geralmente
chega na sala já letrada, mesmo que não alfabetizada. Por exemplo, ao olhar uma
placa de trânsito tendo um ‘E’ cortado e ela sabendo que significa não poder
estacionar naquele local é letramento. Ainda que o foco da escola seja leitura,
nada impede que a escrita seja trabalhada, que se escreva alguma coisa”. E ele
falou mais coisas interessantes para nós, professores.
- É? E que mais ele disse?
Corro os olhos pela folha e volto a
ler: “Quem escreve quer ser lido. Portanto, pode-se, por exemplo, trabalhar a
escrita em uma carta. Todavia, temos que enviá-la. Escrever o envelope, pôr o
selo, levar ao correio e esperar a resposta. Pode-se trabalhar também, outro
exemplo, a carta de solicitação. Através de tais cartas estarão sendo
trabalhados a produção textual e a cidadania”.
- Belas palavras...
- Interessantes, não? Mas na verdade
penso que os grandes pecados são sete... São sete os pecados mortais: gula,
luxúria, avareza, ira, inveja, preguiça e orgulho ou vaidade. Mas o ódio não é
um dos pecados capitais. É muito engraçado isso, mas porque não estou me
divertindo?
- Ah! Por que está falando isso? Que
mudança de assunto...
- Estava pensando em uma conversa de
duas mulheres que escutei um pouquinho antes de você chegar e em tudo que ouço
saindo das bocas dos cristãos, dos religiosos em geral.
- Mas... a ira não seria o mesmo que
ódio?
- Não, não são a mesma coisa. Ira
seria sinônimo de raiva, de nervoso, de mau humor. Ódio é uma aversão mortal.
Comparar ira com ódio é como comparar picada de formiguinha com picada de
escorpião.
- Penso diferente. Por
exemplo, quando Boechat mandou o “é mala e faia” procurar uma rola foi movido
pelo ódio resguardado e escondido pelos homossexuais e alimentado pela raiva ao
sujeitim execrável. E dentro dele
existe uma crença cultural na superioridade do homem sobre a mulher. Então ódio
e raiva são sinônimos ou ao menos estão interligadas.
- Huuum! Realmente!
Mandar alguém procurar rola, ou dizer “chupa, maria!” e etc. é preconceito. Preconceito porque acha que homem é melhor que mulher e que mulher é superior
ao guei. Afinal, se a mulher é inferior, é por “defeito de nascença”; já o guei
é alguém com o sexo superior que se rebaixa à insignificância feminina... É crença
tão triste.
- Isso mesmo!
- Mas ainda não vejo
que ódio e raiva sejam a mesma coisa. Em alguns casos até se confundem e alguns
dicionários os colocam como sinônimas. Mas...
- ... Mas olha!
Chegou meu ônibus. Adeus!
- Vá com Deus!
En español
La
noche en el Centro de Ipatinga se aclaró por postes de luz y está barajada de
peatones y embarullada por los coches. En una parada de autobús dos mujeres
casadas charlan. Ambas protestan que no ganan regalos de sus respectivos
esposos. Creo que sin percibir una habló: “Siempre que él me da un regalo lo digo
que es feo, empalagoso, de malo gusto y hortera. Pero… ¡es mismo!”. Mi
pensamiento se perdió en reflexión: ¿Se toda demonstración de cariño es
devuelta con chacota porque continuar ganando? En ese momento pasó un pájaro
rente a mi nariz. Sin violencia, con una tranquilidad de Ave-María al sonido de
viola. Y mi pensamiento encontró el camino de casa.
-
¡Benito! ¿Qué haces aquí?
-
¡Hola, Muchacha! Yo estaba escuchando William Roberto Cereja profiriendo una conferencia.
-
¿William Cereja? ¿Quién es él?
- Es
un autor brasileño de muchos libros escolares. Cereja habló acerca de Recursos
y opciones didácticos para la enseñanza de los niñitos.
- Pero… ¿Fue interesante para nosotros, maestros de español, las
palabras de él?
- Fueron sí. Me encanté con él y con sus palabras.
- ¿Qué él habló?
- Déjame coger la hoja donde anoté sus palabras… Un ratito, por favor.
Encontré. “Para crear lectores es necesario trabajar con buenos textos:
clásicos, actuales, con temas del momento, interesantes, emocionantes, textos
no verbales y otros más”. Dice más: “Cuanto más joven es el niño, más el foco
debe ser la lectura. El niño generalmente llega en aula ya letrado, mismo que
no alfabetizada. Por ejemplo, al mirar una señal de tránsito teniendo un ‘E’
cortado y él sabiendo que simboliza no poder estacionar en aquél sitio significa
que es letrado. Aunque el foco en la escuela sea lectura, nada impide que la
escrita sea trabajada, que se escriba alguna cosa”. E él dice más cosa
interesante para nosotros, maestros.
- ¿Qué más él habló?
Corro los ojos por la hoja y vuelvo a leer: “Quien escribe desea ser
leído. Entonces es bueno, por ejemplo, trabajar la escrita en una carta. Sin
embargo, es necesario enviarla. Escribir el sobre, poner el timbre o sello de
correo, llevar al correo y esperar la respuesta. Se puede trabajar también,
otro ejemplo, la carta de solicitación. A través de tales cartas estarán siendo
trabajados la producción textual e la ciudadanía”.
- Exquisitas palabras…
- Bellas, ¿no? Pero en verdad pienso que los grandes pecados son siete…
Son siete los pecados mortales: gula, lujuria, avaricia, ira, envidia, pereza y
orgullo o vanidad. Sin embargo el odio no es uno de los pecados capitales. Es
mucho divertido eso; pero, ¿porque no estoy contento?
- ¡Ah! ¿Por qué estás hablando eso? Qué cambio de asunto…
- Estaba pensando en una plática de dos mujeres que escuché un ratito
antes de tú llegares y en todo que oigo saliendo de las bocas de los cristianos,
de los religiosos en general.
- Pero... ¿La ira no sería lo mismo que odio?
- ¡No, no es lo mismo! Ira sería sinónimo de rabia, de nervioso, de malo
humor. Odio es una aversión mortal. Comparar ira con odio es como comparar
picadura de hormiguita con picadura de alacrán.
- Pienso diferente. Por ejemplo, cuando Boechat, el periodista
brasileño, dice al “mala faya” salir en búsqueda de un pollo fue movido por el
odio resguardado y escondido por los homosexuales y alimentado por la rabia al
sujeto execrable. Y en su interior existe la creencia cultural en la
superioridad del hombre sobre la mujer. Entonces, odio y rabia son sinónimos o
al menos están conectados.
- ¡Realmente! Decir a alguien para cazar pollo, o llamarlo de “maricón”
o alguna otra cosa con sentido sexual es prejuicio. Prejuicio porque piensa que
hombre es mejor que mujer y que mujer es superior al homosexual. Al fin, se la
mujer es inferior, es por “defecto de nacencia”; ya el homosexual es alguien
con el sexo superior que se rebaja a la insignificancia femenina… Es una
lástima tal creencia.
- ¡Verdad!
- Pero, todavía no veo que odio y rabia sean la misma cosa. En algunos
casos hasta se confunden y algunos diccionarios los ponen como sinónimos. Pero…
- … Pero, ¡mira! Llegó el autobús. ¡Adiós!
- ¡Va con Dios!
Ofereço aos aniversariantes:
Lígia Schmidt, Wagney
Machado, Jhordany V. Siman, Julio Madeira, André Q. Silva, Camila Giacometti, Rinaldo
A. Gomes, Feliciana Saldanha, Mª Carmo Vitarelli, Wendel Rafael, Lavínia Lemos,
Elaine Lima, Emi Eidi e Helio G.T. Melo.
Recomendo a leitura de Natureza
Real, de Bispo Filho:
BARBOSA, Jurandir. Quase Verbo. 2ª ed. São Paulo:
Catrumano, 2014. Companheiro \ Partner.
Parte do texto é fruto do apanhamento
que fiz da palestra Recursos e Opções Didáticas para o Ensino Fundamental 1,
promovida pela Editora Saraiva em parceria com Pitágoras e proferida pelo
Doutor William Roberto Cereja em Ipatinga na noite de 09 de junho de 2015.
Escrito entre 30 de junho de 2014 e 22 de junho
de 2015.
Um comentário:
Rubem Leite vc é realmente um artista Arteiro. Gostei deste texto como dos anteriores. Dito e redito que está cada vez melhor sua literatura. Grande abraço e continue nos brindando com estas pérolas. Grande abraço e lindo dia.
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