OLOR DE HISTORIA II
Rubem Leite e Oliveira Prazeres
Obax nafisa.
New widowed is as unripe
firewood.
She cries, but she
catches fire.
Em português
Você e eu estamos à
sombra na barraca do Marcelo. Ao redor tem muitas árvores; umas com flores e
outras só com folhas. Mas aaah! Da vegetação vem um cheiro bom de histórias... Ou
talvez o perfume venha de uma laranjeira existente em minha imaginação. Todavia,
na mesa seguinte, bem à nossa frente, há um homem de trinta anos. Ou mais ou menos.
Camisa branca, de mangas cortadas e escrito “Fuck you White Metal”. Seus longos
cabelos têm três cores naturais. Preto, marrom e louro. Não me parecem limpos,
mas também não estão sem lavar a mais de três ou quatro dias, acho. No fim das
contas seu semblante parece um misto de Simpsons e busto medieval da proa de
navios.
Roberto quer esquecer o
chefe chato que lhe disse ser dispensável. E ele não é e nem se sente inútil. E
sabe fazer as coisas. Então dá o seu melhor e canta a vendedora de água de coco
que bebe caipirinha. Uma angolana de pele marrom e falsos cabelos lisos marrons
com preto e minha vizinha que perdeu o marido brasileiro para a penitenciária
do Ipaba (MG).
O papo dele a cativa. Arrazoam
sobre músicas sertanejas (que ele “gosta”... Rerrê) e aversão ao futebol.
Conversam, conversam e falam do capitalismo mais a pobreza de alguns. E falam,
falam e conversam até o fim do Feirarte.
E vão para a casa dela.
Sem ele saber que fora seduzido e abduzido. Mas só Deus sabe para onde e por
quê.
- Entre e esteja à
vontade. – Diz ela soltando de forma sensual os falsos cabelos lisos marrons e
preto.
Roberto olha petrificado
para a beleza da mulher que pega alguns copos e uma cerveja para ambos, repara
na quantidade de livros pela casa. Percebe do gosto apurado que ela tem pela
literatura e por pequenas peças de arte… E isso o fascina. Ela liga o velho
rádio e deixa tocar suavemente as músicas sertanejas no ar. “Gosto de música
sertaneja. Mas é uma pena não tocarem músicas de minha Angola”. O doce aroma da
casa vem da leve fumaça à base de um incenso de flores. Eles trocam flertes
enquanto vão embebedando-se, dançam de um jeito atrevido: um toque angolano na
dança brasileira. E vão perdendo-se um para o outro enquanto seus corpos se
tocam temporalmente.
Ali ambos se deixam levar
pelo momento fogoso. Roberto se vai esquecendo do chefe que lhe acusara ser
dispensável e ela nem mais se lembra do marido detido na penitenciária do
Ipaba. Trocam juras de amor, mas lá bem no fundo de suas almas, ambos sabem que
não passa da força do álcool, solidão e daquela paixão desfreada que nasceu lá
no Feirarte. Socorrem-se da sala para o quarto onde envolvem-se entre os
lençóis e doam-se ao prazer um do outro, entre gozo de ternura fazem amor.
De madrugada o galo da
vizinha canta à forma mineira e os pequenos raios de sol que irrompe da janela
do quarto os desperta do leve sono, Roberto vai recolhendo suas roupas entre as
vestes femininas e botões espalhadas pelo quarto e diz para ela, que ainda estava
deitada na cama:
- “O que aconteceu entre
a gente ontem foi legal, mas...”. Diz ele sob efeito da dor de cabeça provocada
pela ressaca enquanto se veste.
- Foi um momento gostoso
de fraqueza. Ambos somos adultos e bem sabemos o que fizemos. Até porque eu sou
casada e sei que tu também. Então é melhor mesmo a gente ficar por aqui,
ficamos só pela amizade e quem sabe a gente se vê por aí. – Respondeu como quem
estava constrangida pela traição de ambos, mas de alguma forma sabia que era
apenas o começo de uma longa história entre eles.
- Realmente sabe que não
pode voltar a acontecer?
- Tu sabes que pode
voltar a acontecer...
Roberto tomou seu rumo: família
e trabalho. Pensa nas constantes chatices do chefe e o quanto sofria em sua
fria cama. Adriana volta para seus afazeres diários. Na memória de Roberto
ficou gravado a emoção daquele momento e começou a aguardar ansiosamente pelo
dia em que voltariam a cruzar-se na próxima edição do Feirarte. Resoluta,
Adriana olha através de um espelho e planeja a próxima abdução.
En
español
Tú y yo estamos a sombra del quiosco del Marcelo. Alrededor tiene muchos
árboles. Unos con flores y otros solamente con hojas. ¡Pero aaah! De la
vegetación viene un excitante olor de historias... O tal vez el olor venga de
un naranjo existente en mí imaginación. Sin embargo, en la mesa prójima, a
nuestra frente, hay un hombre de treinta años. O más o menos. Camisa blanca con
mangas cortadas y escritas “Fuck you White Metal”. Su largo pelo tiene tres
colores naturales. Negro, marrón y rubio. A mí no parece limpio, pero también
no está sin lavar a más de tres o cuatro días, lo creo. En fin de cuentas, su
semblante parece un misto de Simpsons y busto medieval de proa de navíos.
Roberto quiere olvidar del aburrido jefe que lo dice ser uno dispensable.
Y él no lo es y ni se siente inútil. Y sabe hacer las cosas. Entonces él da lo
mejor de sí y echa un piropo a la vendedora de agua de coco que bebe caipirinha¹.
Una india peruana de piel marrón, de pelo lacio y negro hecho una chanate y mi
vecina que perdió el marido brasileño para la penitenciaria de Ipaba (MG²).
La charla de él la cativa. Discuten sobre músicas sertanejas³ (que a él
“les gustan”… Jejé) y aversión al fútbol. Platican, platican y hablan del
capitalismo más la pobreza de algunos. Y charlan, charlan y platican hasta el
fin del Feirarte.
Y se van para a casa de ella. Sin él saber que fuera seducido y
abducido. Pero, solamente Dios sabe para dónde y por qué.
- Adelante y siéntate bien. – Dice ella soltando sensualmente los lindos
pelos lisos y negros.
Roberto mira petrificado la belleza de una mujer tan guapa mientras ella
coge dos vasos y una cerveza para ambos, observa la cuantidad de libros en los
muebles. Percibe el gusto apurado que ella tiene por la literatura y por
pequeñas piezas de arte… Eso lo encanta y fascina. Ella enciende la antigua radio
y deja la música volar suavemente en el aire. “Me apasiona la música brasileña,
de preferencia el sertanejo. Sin embargo, siento falta de las músicas de Perú. Canciones que no callan en tu alma, te golpean
el pecho por dentro, tu corazón late como un tambor esa lonja de vida que te
hace sentir profundezas”. El agradable aroma de la casa procede del humo de un
incienso de flores. Ellos intercambian coquetas mientras se emborrachan,
bailando de una manera atrevida: un toque indígena en la danza brasileña. Y se
van perdiendo uno para el otro mientras sus cuerpos se tocan temporalmente.
Allí ambos se dejan llevar por el momento fogoso. Roberto se va
olvidando del jefe que le acusara ser dispensable y ella ni más se recuerda del
marido detenido en la cárcel de Ipaba. Intercambian votos de amor. Sin embargo,
en el hondo de sus almas, ambos saben que es solamente la fuerza del alcohol,
soledad y de aquella pasión descontrolada nascida en el Feirarte que los mueve
y une. Se van de la sala para la habitación adonde se envuelven entre las
sábanas y se donan al placer uno del otro, entre gozo de ternura hacen el amor.
En la mañana temprana el gallo de la vecina canta a la manera minera y
los pequeños rayos de sol que arrompen de la ventana de la habitación los
despiertan del leve sueño, Roberto saca sus ropas entre las vestes femeninas y
botones esparcidos por la habitación y dijo a ella, aún acostada en la cama:
- “Fue buena nuestra noche, pero…”. Dijo él bajo efecto del dolor de
cabeza provocada por la resaca mientras se veste.
- Fue un momento excito de flaqueza. Ambos somos adultos y bien sabemos
lo que hicimos. Hasta porque soy casada y sé que tú también. Entonces lo mejor es
la gente no se ver más… Sin embargo, se nuestros ojos se cogieren… – Respondió
como se constreñida por la traición de los dos. Pero, de alguna manera sabía
que era solamente el inicio de una larga historia entre ellos.
- ¿Realmente sabes que no puede volver a acontecer?
- Tú sabes que puede volver a acontecer…
Roberto sale pensando en su familia y trabajo. Piensa en la lata que es
su jefe y lo que sufría en su fría cama. Adriana limpia su casa. En la memoria
de Roberto se quedó gravado la emoción de aquél momento y empezó a esperar por
el día que volverían a cruzarse en la próxima edición del Feirarte. Resoluta,
Adriana ojea través de un espejo y planea la próxima abducción.
Ofereço como presente de aniversário
a:
Andreia V. Dutra, Aniyan C. Abraham,
Rita de Cassia Carvalho, José Carlos Rosa, Kilder Andrade, Gabriela Macedo, Valdiene
Gomes, Thânia Ezequiel, Bruno Grossi, Selma Albergaria, Rodolfo Gatti, Adriana
Garcia, Isadora Zeferino, Leandro Silva, Vilma A. Januário, Danielle Guerra, Alexandre
Magno e Lua Salles.
Recomendo a leitura de A Árvore no Meio
do Jardim, de Carlos Glauss, http://artedoartista.blogspot.com.br/2015/05/a-arvore-no-meio-do-jardim.html
¹
Caipirinha (la pronunciación es caipiriña) es una bebida brasileña hecha con
aguardiente, limón y azúcar refinado.
²
MG es una provincia brasileña. Su nombre es Minas Gerais y es la más rica en
cultura e historia.
³ La
música sertaneja es un estilo musical brasileño heredado de la “música caipira”
y de las modas de violas. Se caracterizan por sus melodías sencillas y
melancólicas. Puede ser relacionada con “la música country” por ser conocida
como “música do interior”.
Em banto, obax nafisa significam
flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de
que encontre nele pedras preciosas.
Escrito entre 06 de janeiro de 2014 e
01 de junho de 2015. E por gentileza, perdoa-me qualquer erro de espanhol.
Um comentário:
Este seu "CHEIRO DE HISTÓRIA" é maravilhoso. Rubem Leite sempre é um grande prazer ler textos tão bem elaborados. Mais uma vez parabéns. Linda semana para você.
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