JUNJUNJUN
Potira
itapitanga.
Em português
A quem ainda não leu “A Fome” sugiro que o leia
antes do cronto abaixo (ver http://artedoartista.blogspot.com.br/2016/06/a-fome.html
).
Noite! Noite... A noite avança em direção ao seu meio continuamente
distante. Fora do casarão nenhuma luz no céu nem na terra. Não se sabe a causa,
mas aqui dentro é possível ver lua e estrelas.
Na mesa da casa colossal tem carne mais que suficiente para dezesseis
pessoas comerem. Doze homens possuem somente um braço, mas tem carne na mesa.
Ninguém ficará faminto, tem carne de mais e braços de menos.
- O que você sabe fazer? – Fala-me a mulher gorda.
- Como?
- Todos aqui contribuem de alguma maneira... Se sabe fazer algo útil
poderá viver conosco. Se não sabe... – Olha meus braços.
- Sou artesão e faço bonitas bonecas.
- Artesão... Bonecas...
- Veja! – Retiro depressa de minha mochila uma boneca. – Veja como se
parece com você. Olhe também meu desenho... – Ponho na mesa um caderno e as
três mulheres observam o seu conteúdo; os homens somente comem com seus olhos
baços. A cena de nosso jantar está ali, registrada.
- O que é isso?
- Não sei como faço, mas desenho cenas e confecciono bonecas com o rosto
de quem irei conhecer e conviver...
No fim do jantar uma das mulheres magras põe em minhas mãos materiais
para coser. Não tarde e um rosto… Um rosto de uma das pessoas com quem estou
conversando agora! Você? Talvez... Runrrunrrunrrum!
En español
A
quién aún no ha leído “A Fome” (http://artedoartista.blogspot.com.br/2016/06/a-fome.html
), sugiero que lo lea antes del croento abajo (pero está solamente en portugués;
sin embargo, no es fundamental la lectura anterior; es solo una sugerencia).
¡Noche! Noche… La noche
avanza buscando su medio continuamente distante. Fuera de la gran casa ninguna
luz en el cielo ni en la tierra. La causa es desconocida, pero donde estoy dentro
de la casa es posible ver luz y estrellas.
En la mesa de la casa colosal
hay carne más que suficiente para dieciséis personas comieren. Doce hombres
poseen solamente un brazo, pero hay carne en la mesa. Nadie se quedará
hambriento porque hay carne de más y brazos de menos.
- ¿Qué sabes hacer? –
Háblame la mujer gorda.
- ¿Cómo?
- Todos acá contribuyen
de alguna manera… Se sabes hacer algo útil podrás vivir con nosotros. Se nada
sabes… – Mira mis brazos.
- Soy artesano y hago
bonitas muñecas.
- Artesano… Muñecas…
- ¡Ve! – Saco deprisa de
mi mochila una muñeca. – Mire cómo es parecida con usted. Mire también mi
dibujo… – Pongo en la mesa un cuaderno y las tres mujeres observan su contenido;
los hombres solamente comen con sus ojos empañados. La escena de nuestra cena
está allá registrada.
- ¿Qué es eso?
- No sé cómo hago, pero dibujo
escenas y confecciono muñecas con el rostro de quién he de conocer y convivir…
Al fin de la cena una de
las mujeres flacas pone en mis manos materiales para coser. No tarda y un
rostro… ¡Un rostro de alguien con quien hablo ahora! ¿Tú? Tal vez… ¡Junjunjunjun!
Ofereço como presente de aniversário:
Cínara Viana, Tenorid K. Neppel, Felix Llatas, Otávio
Zoroastro, Nelito Manela, Carmem Botelho, Solange Maria, Marildo Silva, Bruno
Mendes, Rosi Sabino, João F.B. Araújo, Otávio M. Silva, Carla A. Weber, Paulo
G.C. Pimenta e Vanessa Souza.
Recomendo que leia “Porqueiar”, deste que vos fala; “Rever
na Rua”, de Ricardo Evangelista; “Canibais, Graças a Deus”, de Vinícius Siman; e
“A História por Trás das Lágrimas”, de Josué S. Brito; respectivamente:
Não registrei quando comecei a escrever; apenas sei que foi
depois de 03 de setembro de 2015 e que seu original foi em espanhol. Depois de
longa pausa voltei a trabalhar nele e o encerrei dia 10 de julho de 2016.
Um comentário:
Oi Rubem, muito interessante o seu conto. Fiquei feliz por tê-lo dedicado ao meu aniversário. A narração é intrigante, tal como o conto anterior, "A fome". Não sei porque, mas essa casa me lembra a de Cortázar.
Um abraço!
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