Larôyê
Exu, meu Santo Antônio! Exu é Mojubá! A vós, Mensageiro Exu, meus
respeitos! Eu te peço, Exu:
Mensageiro
dos Orixás e do próprio Olorum, proteja-me da inveja e do olho
gordo; mantenha meus caminhos abertos no amor e nas finanças;
oriente minhas palavras escritas e faladas. Larôiê Exu! A vós,
Santo Antônio, meus respeitos!
É
uma manhã nublada e um pouco fria, apesar de estarmos em março. Nem
por isso deixamos de tomar uma cervejinha.
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Belo presente que o Galo deu ontem pra mulherada.
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E pros homens também.
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Um brinde ao Galo.
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Tô fora!
Riem
e como a conversa é descontraída muda de rumo mal se dando conta
disso.
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Já houve o tempo em que os políticos não discursavam expondo seus
ódios e ignorâncias. Contudo, hoje os maiores números de votos vão
para a estupidez e para o mal.
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Levitsky, li no livro “Tudo que você precisou desaprender para
virar um idiota”, da Meteoro Brasil, disse: candidatos que se
demonstram autoritaristas no discurso costumam fazer o que falam
quando empossados.
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Sei que Levitsky explicou as quatro etapas para identificar um
político autoritário.
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Lembrando que o autoritarista não tem autoridade; só violência.
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Rerrê. Verdade. Mas como dizia, há quatro etapas para saber se o
político tem autoridade ou se só é autoritarista: O político
rejeita as regras do jogo democrático; seus discursos encorajam a
violência; nega a legitimidade da existência de adversários; por
fim ele dá a entender que prejudicará seus adversários ou lhes
diminuirá a liberdade civil.
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Mas hoje é oito de março e a Sinistra Danares disse que nada há a
comemorar.
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Verdade. Não se comemora algo triste. O feminicídio brasileiro é
algo ainda assustador. Rubem Leite, em seu cronto Silencio e Trovões,
falou: Se as pessoas se assustassem com a mortandade feminina no país
como se amedrontam com um vírus com menos casos que hepatite, aids,
dengue, zica…
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Quando ele disse isso?
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Domingo passado.
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E a questão do negro e dos gays? Vi recentemente uma postagem no fb dizendo que
trinta anos atrás se um menino chamasse outra de “viado” o outro
retrucava com uma resposta machista. Mas não disse isso de modo
crítico; aliás, quem postou nem deve ter percebido o machismo
disfarçado de piada. E nos dias atuais se um menino chama outro de
viado é tachado de homofóbico.
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Você fez algum comentário?
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Sim. Algo mais ou menos assim “Também já foi comum chamar alguém
de macaco, mas hoje já se sabe que isso não engraçado. Por que
seria engraçado chamar alguém de viado?”. Três pessoas curtiram.
E dois me responderam. Um falou: “Sempre chamei meus amigos de
macacos e nunca faltou risada. Até porque em vez de ficarem
ofendidos eles arrumavam um argumento do cu pra zoar de volta”.
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Diz o que Rerregina Senharte falou sobre o pai dela: “Quando
conheci Boçalnato encontrei um cara doce, um homem dos anos 1950,
como meu pai, que faz brincadeiras homofóbicas, um jeito masculino…
que chama brasileiro de preguiçoso e dizia que lugar de negro é na
cozinha; sem maldade”¹. Mas e o outro, o que disse?
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Falou que no Espírito Santo é comum chamar o outro de viado assim
como em São Paulo chamam uns aos outros de “cuzão”,
“arrobando”.
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E não percebe o machismo homofóbico?
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Não. Talvez por não ser homossexual lhe falta empatia e vê tudo
como brincadeira. Como Rerregina Senharte afirma ser apenas brincadeira dizer
que lugar de preto é na cozinha.
Ofereço
como presente aos aniversariantes:
Eunice
Profeta, Lene Teixeira, Jacomar A. Braulio, Gustavo Fernandes e
Thiago Vaz.
Recomendo
a leitura de:
“Ultimada
hecatombe”, de António MR Martins:
http://poesia-avulsa.blogspot.com/2020/03/ultimada-hecatombe.html
“Escravidão”,
vol. 1, de Laurentino Gomes:
www.globolivros.com.br
¹
https://pipocamoderna.com.br/2018/10/regina-duarte-defende-racismo-e-homofobia-da-boca-para-fora-de-bolsonaro-em-entrevista-polemica/
https://veja.abril.com.br/entretenimento/regina-duarte-diz-que-bolsonaro-e-doce-e-homofobia-e-da-boca-pra-fora/
https://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,homofobia-de-bolsonaro-e-da-boca-para-fora-diz-regina-duarte,70002564696
Rubem
Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu
blog literário: aRTISTA aRTEIRO.
É
professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes.
É
graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do
Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”,
“Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura
e Literatura”.
Autor
dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em
Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura
Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”,
“Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista”
e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”.
Foi,
por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG
(representando a Literatura).
Imagens:
Cartaz
de Rosa Luxemburgo foi tirada do fb;
Foto
do autor pelo autor.
Escrito
na manhã de 08 de março de 2020.
Um comentário:
Muito bom!
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