Domingo passado não foi publicado texto
porque mudei de residência e estava sem internete.
Todos os professores da Rede Municipal
foram obrigados a deixar de aula para assistir a palestra de Ingrid Vilela. Foi
horrível, horrível, horrível. Uma mistura de pregação religiosa com autoajuda e
grande desperdício de dinheiro público.
- Oi! Eu disse que não iria a palestra, mas
o diretor ficou falando que a palestrante é excelente. O que vocês acham? Perdi
por não ter ido?
- Professora, a mulher não falou nadica de
nada sobre educação. Ficou falando que, com exceção dela, todos os seus familiares
têm alta comorbidade. Mas ela teve uma série de desgraceiras doenças únicas ou
quase únicas no mundo e sobreviveu a todas.
- Entendi. Ela saiu do objetivo, né?
- Não, ela não saiu do objetivo. Ela não
entrou no objetivo. Não falou absolutamente nada sobre educação. Se
autopromoveu o tempo todo: como ela se cura; como ela tem inteligência única no
mundo; e coisas sem sentido como de alguém que queria suicidar-se pulando de
uma janela que ficava sobre o carro dela então orou a Deus para o carro
transformar-se num pula-pula ou cama elástica e a pessoa batesse no carro e
“pluim”, quicasse. Não entendi se a prece foi atendida ou não. – Risos. – Só
sei que nada na palestra era ligado à educação. Então a mulher não fugiu do
assunto; ela não entrou no assunto.
- Para mim a palestra teve seus valores.
Coisas que vou levar pela vida. Outros pontos penso que poderia ter sido melhor
abordados. Mas no geral foi válida.
- Que valores levará contigo? Aquele que
ela diz que sente prazer quando ouve os outros gritando desesperadamente de
dor? “Fico feliz e alegre quando alguém está sofrendo muito com dor; quando
frita de dor. Porque é sinal que a pessoa ainda tem fôlego e está viva para
gritar”. E a dita cuja ainda usou como exemplo o sofrimento de pessoas
famintas.
- Você não entendeu. A doutora Ingrid falou
que fica feliz porque é sinal que a pessoa está viva.
- Tá. Então a pessoa está desesperada de
tanto sofrimento e fica contente em manter a pessoa nessa situação insuportável.
É isso? Pois segundo o cristianismo o lugar onde as pessoas ficam indefina ou
infinitamente em sofrimento insuportável é chamado de inferno.
- E a educação para voar? Só vi uma pomba avoada. – Intervém outro colega. Aproveito este momento assim como a participação de outro colega para olhar pela janela a chuvinha miúda no morro à frente.
- Mal mal uma galinha grasnante. Aquilo
não voa não. Só pula atrapalhada. Não desejo essa palestra para nenhum ser
humano. Exceto para Boçalnato, mas Boçalnato não é gente então não tem
problema.
- Ô, pessoal! Pega leve...
- Pegar leve?!? – Retomo a palavra. – A
sujeita disse: “A pandemia não matou ninguém. Só revelou quem tinha
debilidades...” Além de ter sido um negacionismo, uma culpabilização das
vítimas. Foi também uma forma de inocentar essa política de extermínio dos
governos Federal, Estaduais e Municipais.
- E quem era o merda que ficava dizendo
“amém” pra tudo que a pastora, digo, pa-les-tran-te falava?
- Não faço ideia. Mas infelizmente é uma prova que têm professores que não são mais referências de coisa boa, de inteligência, coerência...
- E a palestrante cobra caro e tem gente
disposta a pagar para ouvir absurdos e ridiculezas.
Ofereço como presente aos aniversariantes:
Siomar Queiroga, Vera Tufik, Teuler Guimarães, Thieres Ramos e
Derick Ândres.
Hoje (08/8), 20h lançamento “onláini” de Socos e Alívios, de Girvany de Morais:
Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog
literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor de Português, Literatura, Espanhol e
Artes. É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do
Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua
Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”. Autor dos artigos
científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e
Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola,
Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e
“Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro
Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Imagem – foto do autor.
Escrito entre os dias 06 e 08 de agosto de 2021.
Um comentário:
Muito bom.
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