O ônibus para o Centro de Timóteo deu uma parada mais longa em algum lugar em Alegre.
Pela janela vejo uma goiabeira.
Um galho grosso fora quebrado quase no encontro com o tronco. Outros dois grossos galhos foram retorcidos. Talvez pela natureza, mais provável por gente. Sabe-se lá porque. Um quarto galho, menos grosso que o mutilado e os torcidos, mas muito mais comprido. Este se escorou no muro.
A goiabeira persistia em viver; houvesse o que houvesse. Quanta coragem, persistência, resistência. E resiliência?
Ontem comemorou-se o aniversário do Lion. Três anos. Não sei o que pensaram ou sentiram os pais e os convidados. Para mim foi simples e delicioso; quase à perfeição.
Lion e os pais Andres e Erika mais o irmão Kael; vovô Rubem e seu irmão Janio; a escritora Nena de Castro, seu marido (Moacir) e a filha Taty. Além de verem a família Garcia Aviles veio aconselhar-me: 'O mundo é uma eterna luta contra moinhos de vento', disse-me e penso que a ilusão nos faz ver moinhos, mas na realidade são com gigantes que lutamos. Participaram ainda Faire, Ramon e Alan, mais nossos vizinhos de frente, que ajudaram a fazer os doces, André, Carolina e as filhinhas. Um sábado doce com chuvas de novembro e o verde nas cercanias.
Hoje meus cachorrinhos mataram uma gatinha. Indícios de minha alma ainda violenta. Estou tentando aprender a soledade, a solidariedade e a serenidade.
Se conseguir, levarei para o mundo do além ou acabará aqui. Não sei. O que importa progredir sem agredir.
O ônibus voltou a percorrer seu caminho e a goiabeira tem mais força e coragem que eu. Talvez por só viver sua vida enquanto vivo a minha em partilha.
Mas ainda estou vivo, atravessado pelo tempo, atravessando meu mundinho.
Rubem Leite.
Pensado por algumas semanas. Escrita 21 de novembro de 21.
2 comentários:
Apesar de las circunstancias, familia es familia.
Sí, siempre. Família, amistad son fuertes, pues no son cadenas que nos prenden. Son vínculos que nos unen.
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