ou GENTILEZA
Amou como se fosse possível
A quem prefere um fuzil.
Ouviu críticas, risos. Cruel.
De aliança sentiu-se
O vazio do furo,
Não a joia do anel.
No meu jardim está o brilho do sol.
Na escola...
- Na próxima vez que vier com aquela coisa em que se enrola vou levar pra casa pra lavar. Eu tenho máquina de lavar.
- Aah, obrigado. Mas também tenho.
- Faço questão. Acho que a minha máquina é melhor.
Meus pensamentos não são agressivos e mesmo assim prefiro me calar.
- Ah! E quando a barba. Está tão feio assim.
Meus pensamentos continuam não agressivos, mas antes de responder alguém nos interrompe nesse momento tão... agradável de cuidar da vida dos outros. Aproveito a interrupção para sair de perto. Outra colega se aproxima de mim a falar dos cidadãos de bem. Replico:
- Gostamos muito de declarar "Somos irmãos". E somos! Caim e Abel. Compreendo a mecânica, mas não a razão de vivermos para poucos terem tudo se todos poderiam ter muito.
- Discordo que sejamos Cain e Abel.
Nada respondo. Vejo! Mas o fato é: se não olhar nem se vê.
- Você, que é comunista petralha, fica dizendo essas coisas.
- Não sou comunista, socialista e ainda menos capitalista. No máximo posso dizer que sou de esquerda. Mesmo que muitas vezes me percebo um zero à esquerda. Sendo escritor procuro apresentar histórias para pensarem. Sendo professor procuro promover reflexões. Mas o número de igrejas supera em muito o número de alunos (nem digo turmas...) que tenho. O Benito professor e o Benito escritor oferecem o que pensar enquanto religiões impõem o que pensar. Creio que outros professores e escritores passam pelo mesmo problema. Mas de políticos, desconfio.
Olha-me feio, peço licença e vou pra casa.
À noite, reunião. Da Secretaria Municipal de Educação Cultura e Esporte veio três representantes. Um deles já foi professor e diretor na escola. As duas colegas acima o recebem com beijos e abraços. Logo após dizem a que vieram.
- Estamos aqui para comunicar que a Prefeitura Municipal de Timóteo não aceitará dialogar mais com o sindicato e que os professores têm duas opções. A que queremos ou outra que demitirá os professores contratados.
- Mas isso é ameaça.
- NÃO AMEAÇAMOS NINGUÉM.
- Sim, ameaçam. E ainda querem por os professores uns contra os outros; tirar-nos do foco para não questionarmos sobre os documentos comprobatórios dos gastos que afirmam terem tidos e outras coisas mais.
Viro para trás e digo a elas:
- Entendem agora porque falei de Caim e Abel.
E nada mais diz. Ao fim, volta a casa martelando:
Dizem e dizem muito que em 02 de outubro de 2022 os problemas do Brasil acabarão. Teremos ainda, só contando este ano, 31 dias em dezembro, 30 em novembro e 29 em outubro. Noventa dias dá para vingar-se destruindo muita coisa. Que sabedoria, força e coragem sejam o suficiente para atravessarmos os próximos anos.
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Rubem Leite.
Escrito entre 02 e 11 de setembro de 2922.
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