No canteiro da praça há um ninho de ave.
Acho que são aves.
Bem, tem penas, bicos, asas, mas mamam e se aquecem ao sol como os lagartos.
Eu paro.
Paro e olho.
Eu paro para olhar e vejo que uns poucos param também
E alguns outros apenas olham e continuam indo.
A maioria nem vê.
E o sol está subindo sem sequer dar sinal de ir embora
E as poucas sombras estão se esvaindo.
Está difícil continuar
E todos queremos um pouco de sombra para sentarmos e almoçarmos.
Não sei se vou agüentar ficar mais tempo.
Tenho que trabalhar e não posso ficar olhando aves esquisitas.
Tenho que ser normal.
Mas não quero ser normal.
Quero ver as aves esquisitas na praça.
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Inspirado no texto “Dançar no Brasil: vistos de entrada, mestiçagem e controle de passaportes”, de Helena Katz, no livro ENARTCi – setembro 2008, págs. 36-41, promovido pela Híbridus Cia. Dança.
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