Rubem Leite
arterubemleite@gmail.com
Observação introdutória:
O texto abaixo não é precisamente a opinião de Marcelo Bones, Eduardo Moreira e Didi Peres, mas sim fruto de minha pessoal interpretação\compreensão do que eles proferiram nas suas palestras no Seminário O Teatro e a Rua, em Ipatinga – 30-8-08.
Evento promovido pelo Grupo Galpão (BH/MG) numa parceria com o Grupo de Teatro Farroupilha (Ipatinga MG).
No período da Ditadura as produções artísticas caíram, mas no final de 70 e início de 80, o teatro recomeçou a se movimentar, combatendo a televisão alienante. Os artistas usavam o teatro muito mais para se manifestarem politicamente do que para o fazer teatral.
E vinte anos atrás a população tinha uma relação mais íntima com a rua do que hoje. Era uma outra rua...
E o teatro tem muito a ver com a comunidade onde reside. Por isso, é importante os grupos reverem continuamente sua posição na comunidade a qual pertence.
E atualmente, o teatro na rua se divide em várias “tribos”. Pessoas que vieram do teatro, são uma tribo. O mesmo acontece com pessoas que vieram dos circos (malabares); que vieram dos palhaços. Existem também aqueles que vieram dos movimentos populares. Esses últimos têm uma estética e linguagem bem própria e distinta.
Antigamente era plausível aos grupos se manterem através de bilheteria, mas hoje não é possível, devido às leis de patrocínio. E pelo fato de nossa sociedade ainda continuar elitista. Sinal que não basta apenas eleger presidentes. Lula, por exemplo, mesmo vindo do povão, não conseguiu mudar a política. Em resumo: A nossa sociedade nos permite eleger qualquer pessoa, mas impede (ou ao menos dificulta) uma real mudança social; o que reflete nas políticas artísticas. Dando-nos uma sensação de amparo que na verdade está mais próxima de controle estadual e das empresas que patrocinam com dinheiro público. Para quem não sabe: Parte do imposto de renda as empresas poderão investir nas artes. Ou seja, dinheiro que iria para os cofres públicos será utilizado para fazer propaganda da empresa patrocinadora.
Ipatinga, até meados da década de 1.990, tinha três espaços para teatro, mas que estavam “tomados” por determinados grupos. E a estratégia de sobrevivência dos novos grupos era aproveitar os espaços disponíveis, como a rua, por exemplo, e não se limitar a uma única linguagem cênica.
Alguns fatos curiosos:
Sob o palco do Teatro Zélia Olguin está enterrado um padre que muito apoiou a cultura dos negros em Ipatinga; creio que seu nome é Avelino, Padre Avelino;
O CCU (Centro Cultural Usiminas) foi construído no local onde aconteceu o tiroteio do Massacre de 7 de Outubro (1963) a mando da Usiminas que assim reagiu à greve dos seus funcionários.
Para pensar:
Teatro apresentado em praças é teatro de rua ou de praça?
Por que muita gente não tem interesse pelo fazer artístico de/na rua?
Será que a crise do teatro de rua está na falta de ideologia de seus artistas?
E a pergunta que não quer calar: Para que serve o teatro?
Minhas viagens:
As palavras são estranhas. Um palestrante sobre arte disse que nós, brasileiros, somos vira-latas. Em suas palavras não se percebia nada pejorativo e sim referência à má educação dada aos brasileiros na escola. Mas eu dizendo essa afirmação em nome dele vai parecer que o sujeito quis ofender. Então, como expressar suas palavras no tom correto que ele usou se não sou gravador?
Ao contrário das gravuras, quanto mais pobre e campônia, mais belo é o desenho. Quem se encanta com a pintura de uma mansão? Toda gravura que vi assim foram apenas desenhos. Nunca vi ninguém senti-la como arte. E quem não se encanta com a pintura de um casebre?
Assim são as palavras e as imagens.
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