por Nena de Castro e Marilia Siqueira Lacerda
(Deixai toda esperança, oh vós que entrais!
Canto III - 9 – Inferno - A Divina Comédia, de Dante Alighieri)
Sob o canto do vento
e das folhas caídas
– qual asas púrpuras de
um beijo alçando vôo –
precipito lânguidos desejos
onde as palavras
são pássaros fugazes
que cativam e seduzem.
Faço planos por razões
fragmentadas e inconfessáveis
para o cair das manhãs...
(– nas reticências busco
o ponto inatingível do infinito).
Concedo-me escolhas
despida de ânsias e medos
(– qual céu azul mirando-se
no espelho das águas)
com o entusiasmo de alma
rica de poesia e sentimento.
Naquele terrível lugar, não há brisa que acaricia, só vento quente que traz a peste. Naquele lugar não voam nem cantam pássaros, a não ser os corvos imaginários que, em revoada, fazem sombra para a Morte. Naquele lugar, antessala do inferno, portal do Haden, jazem seres quase espectrais, envoltos em mantos esfarrapados e dor. Ali a luz do sol não é alento, e a noite multiplica os terrores. A sede devora, a pobreza devora, a desesperança mata. Ali não há risos de crianças, nem vozes de mães em canções, só desespero e dor. Amontoados como animais, doentes esquálidos esperam que o mundo “cristão” lhes mitigue a fome, lhes dê liberdade, resgatando-os para a vida! Nada, além de bravatas, nada além de reuniões de poderosos, onde muito se discute sem vontade de agir, nada, além dos versos doridos dos poetas que cantam a dor.
2 comentários:
Nossa que lindo !!!
Gosto especialmente desta obra, me encanta o canto V do Inferno, quando puder, dê uma analisada, é o mais belo (em minha opnião)!
Gostei muito da análise !
Abraço !
Ahhhh, Adorei a foto com o Sketchbook, que bom que gostou !
Abraço, Le.
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