Obax anafisa.
Bamboleio meu
corpo e escrevo de olhos fechados o que você lê e consigo acertar a ortografia.
Virginia Rodriguez canta no computador, alguém dança na rua e todos
interpretamos na vida.
A mulher que
mais desejei também desejava. Eu só queria seu coração, mas não recusava seu
corpo. Ela só queria o que eu não podia lhe comprar, mas não recusava o que eu
podia lhe dar.
Lá fora, em
algum lugar longe ou talvez noutro mundo, não sei, a lua brilha solitária sobre
uma só rosa branca. Deitando minha cabeça no travesseiro revivo o dia. Da
Biblioteca Zumbi dos Palmares sentei na praça diante do Banco do Brasil, de
costa para os mototaxistas e de frente para o canteiro seco. Abro ao acaso o
livro A Borboleta Amarela e leio “Não posso escrever sobre outra coisa. E não
devia escrever nada hoje. Penso um instante no que sentirão os leitores: essa
coisa que me emociona de maneira tão profunda, o sonho que ainda me dói no
corpo e na alma, será para eles uma história vulgar; pior ainda, precisarei
escrever com muito cuidado, para que esse instante de infinita pureza que eu
vivi não pareça a outrem, apenas um pequeno trecho de literatura barata”¹.
Lendo isso meus olhos se levantam para o céu sujo, como que espelhando o estado
que se encontra Ipatinga – Ai! O descaso do Poder Público. – e desvio-os de
lá... Não, na verdade cerrei minhas pálpebras e Diana me veio serrar a
carteira. Abro-os assustado. É melhor pensar em coisas boas.
- Oi, Benito!
O pessoal tem me pedido para você não postar mais nada. É que o assunto do
grupo é outro, não literatura.
- Ok! Numa
boa.
- Não se
ofenda, cara!
- Por que me
ofenderia? Você não foi grosseiro.
Curioso e
interessado em saber se estou agradando, questiono a cada contato se deseja que
eu continue. A maioria responde que sim, que eu não pare.
- Espero que
não fique chateado.
- Claro que
não. Cada coisa no seu lugar.
É como
realmente acredito. E me sinto. Huuum. Melhorou, mas ainda não estão de todo agradáveis
minhas reflexões. Sorrindo me levanto com o livro nas mãos. Saio da praça e vou
ao trabalho.
E de noite imagino
a lua brilhando solitária sobre uma só rosa branca e uma borboleta entre as
duas. Dormi assim, sonhando.
Ofereço como presente
de aniversário à
Eduardo Barbosa, Richardson
Jhones, Ana Pinto, Sandra Gargalhada, Anilton Reis, Márcia Meireles, Almir
Napoleão, Pablo R. Kühl, Miee Aoki.
Em banto, obax anafisa
significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço
votos de que encontre nele pedras preciosas.
Escrito entre 19 e 23
de julho de 2012.
¹ BRAGA, Rubem – A Borboleta Amarela – 7ª edição – Rio
de Janeiro, RJ: Record, 1984 – crônica Um Sonho.
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