Sometimes I
wanted to be stone, but I’m poet.
Obax nafisa.
- Oi, pessoas! – Cumprimenta Benito
aos amigos que já se encontravam no “Sarau de Arak”, no restaurante Tuffik Cozinha
Árabe, sempre nas segundas segundas-feiras: Nena de Castro, Goretti Freitas,
Vera Tufik e tantos outros. – Vejam as quadras do Rubem que acabei de ler:
Em lágrimas de delícia
Li Olhos Vegetais.
Se Nininha se foi, o Landi se tornou
canoa.
Palavras amaciando atos brutais.
Amor muda o natural
Gato que só pensa na lua
Segue sua dona por toda rua
Sorrindo vão a dona e seu animal
Tarde
quente e triste
Sumiu
meu coraçãozinho
Não há
algo que não se finde
Voltou
meu cãozinho
- Rosinha, Minha Canoa, de José Mauro
de Vasconcelos é tudo de bom. – Diz Goretti e Vera completa: Vale a pena ler ou
reler.
- Não tenho dom para poesia, só leio
literal e essas quadras não me dizem nada... Aliás, o que uma tem a ver com as
outras?
- Se não lhe disse nada é porque lhe
disse muito. E são quadras diferentes, sem ligação entre si. Apenas as achei
interessantes.
- Bom, realmente pensei em montes de
coisas, lugares e transformações, tentando associar tudo isso, mas não cheguei
a conclusão nenhuma. Se por esse lado é legal... foi legal...
- Uai! E por que tem que chegar a
alguma conclusão? Apenas saboreie. Sinta. Cérebro é bom. Coração também.
- Rirri. Não senti nada no fim,
porque não entendi, mas nem reparei na jornada... Se enquanto eu estava lendo
eu sentia algo... Não posso dizer se apreciei.
Enquanto Benito e Frâncis discutem Nancy
Maestri pensa “O que Frâncis está fazendo em um sarau se não gosta de poesia?”.
Porém não diz nada, só observa.
- Estou tomando um chá de hortelã com
boldo. Dá um contraste... Deve ser interessante concluir algo disso. Mas, no
caso, prefiro só saborear. Busque o livro “Rosinha, Minha Canoa” e leia.
- Tá doido, não me aventuro nessas
coisas.
- Por quê? Tenha medo do que é bão
não.
- Não é medo, creio já de antemão que
não vou apreciar nada... Mas consigo apreciar qualquer leitura ficcional sem
metáforas demais.
- Então vai gostar do livro. Não é
rico em metáforas. São simplesmente belas histórias. As quadras que não gostou são
do Rubem, não do José Mauro de Vasconcelos. O livro é bom, pode ler.
- Metáforas para mim são como ver
flores de caramelo... Realmente não passaram disso. Rirri.
- Flor de caramelo?
- Rirri. Um exemplo tosco, me dizer
como é algo, alguém ou sentido, usando formas metafóricas, elas serão literais
para mim... Isso é engraçado... que minha imaginação é fértil demais para
imaginar essas coisas. Mas o sentido passa tão despercebido que mesmo se
jogasse na ponta do meu nariz eu iria estar observando essas coisas literais
obstruindo o campo de visão... Mas é para ter algum sentido as quadras?
- Sim, é para ter algum sentido. O
seu. O que eu e o autor quisemos dizer tá lá, direitinho. O que você
entender...
- Bom, Olhos Vegetais é um livro? Agora,
não entendi a parada da Nininha e Landi.
- É o capítulo três de Rosinha, Minha
Canoa. Nininha é uma árvore e Landi e outra. Landi sonhava em se transformar
canoa porque esta é a árvore que os índios fazem canoas.
- Hum... Agora faz sentido.
E Nena pensa “Poesia... Como muitos não
entendem a poesia e... e como é dura a missão do professor que tem explicar o
literário...”
Desconhecendo o que se passa em nossas
cabeças, Frâncis insiste:
- Afinal, Benito, para que serve a
poesia? Qual é a utilidade dos contos, das crônicas, dos romances, das novelas?
- Acho que a primeira coisa que a
literatura e todas as artes nos dão é o prazer. – Diz Goretti e Nena continua: A
segunda coisa que elas nos proporcionam é fazer passar mais depressa o tempo
que enfrentamos os problemas.
Francismar Vasconcelos conta um causo
e paramos para ouvi-lo. Após os aplausos Nancy fala:
- A literatura estimula a imaginação
e nossa capacidade de abstração, metafísica e simbólica.
- Entendo também que as artes ampliam
nossos conhecimentos e oferecem... oferecem, acho, materiais para relacionar o
que enfrentamos no dia a dia com o que lemos. – Vera dá sua opinião – E assim,
conseguir consolo e até, quem sabe, força para superar os dissabores?
- E você, Benito, não vai falar mais
nada?
- No silêncio eu sinto o sabor das
vozes.
Fora do restaurante a noite está
nublada. Um carro e outro passam e pedestres olham para o movimento aqui
dentro. Quem se adentra?
Ofereço aos
aniversariantes:
Mayra Loures, Cleiton
Zambianchi, Demetrios Nunes, Simone Távila, Mariana Dias, Thayná Macedo, Alessandro
Lages, Grasielle Severo, Maxwel Lopes, Scida Souza e Joana Sousa.
Recomendo a leitura de
Análise, de Ely Monteiro
Em banto, obax nafisa
significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço
votos de que encontre nele pedras preciosas.
SCHAMI, Rafic. Narradores de la Noche. 6ª ed. Madrid: Siruela, 2012.
Escrito entre 05 de maio de 2014 e 13 de abril
de 2015.
4 comentários:
TEXTO EXCELENTE E LINDA POESIA. MAIS UMA VEZ PARABÉNS.
Muito bacana, me lembra adivinhações dos antigos como "caixinha de bom grado que nenhum carpinteiro faz " rs obrigado Rubem! Alessandro
Ahê Rubão!
Parabéns pelo texto! Bacana demais!
Muito obrigada pelo carinho Rubem!
Abraço!
Mariana Dias
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