ME CAMBIO
Potira itapitanga.
“No me preguntes quién soy, no
me pidas que siga siendo el mismo”.
Foucalt, citado no filme estadunidense Strapped
(Amarrado – 2010).
Em português
Domingo de pouco sol depois de uma semana chuvosa. O
dia está bonito em Ipatinga, nem quente nem frio; agradável.
- Meu coração bate aborrecido...
- Por quê? Que te incomoda?
- Minha família. E eu mesmo. Sou uma pessoa entediada
e...
- Não acredito. Você é agradável.
- Obrigado! Mas, verdade seja dita. – Ele para um instante
e bebe um coquetel feito com goiaba que Marcelo vende em sua barraca no
Feirarte. Sente o sabor e satisfeito bebe mais um pouco. – Verdade seja dita.
Não sou alguém agradável. Não, é fato. É minha natureza. Sou o que sou...
- Se você diz...
- Digo! Não com alegria, claro, mas com sinceridade.
Sou o que sou. Entretanto, espero poder mudar um pouco antes de morrer. Apesar
de ainda ser o que sou.
- Você me falava que é uma pessoa enfadonha. Por quê?
- Já disse. Sou o que sou... Ouça o poema de Adélia Prado...
“Um trem de ferro é uma coisa mecânica. / Mas atravessa a noite, a madrugada, o
dia, / atravessou minha vida / virou só sentimento”¹.
- Que lindo! Adélia é uma brasileira maravilhosa. Eu
gostaria de ser um poeta. Mas como você disse, sou o que sou... No entanto...
Não me contou porque você não é agradável.
- Sou um sujeito chato e creio que todas as pessoas
também são assim.
- Até eu?
- Sim! Perdão, mas sim. Ninguém merece viver...
- Você costuma ler Machado de Assis?
- Sim, ele me agrada bastante. Por quê?
- Ele acreditava que os homens são maus de corpo e
alma.
- Penso como ele...
- Que triste isso...
- Eu sou eu...
- Sim... Verdade! Você me dá vontade de chorar.
- Não... Não quero isso.
- Eu sou eu e sou chorão...
- Rirri! Alejandro... Meu querido amigo e maravilhoso
músico Alejandro Vera. Os artistas têm alma sensível...
- Você também é artista. E como já me disse, é um
artesão e jardineiro das palavras.
- É bom ser artista? Vale a pena ser um artista? Não
seria melhor ser pedra?
- Benito, você também lê Rubem, hem! Mas... ainda não
disse porque você está aborrecido.
- Meu Deus! Falei sim. É minha alma. Eu sou o que
sou. E penso... Não, eu sei! Todo mundo é igualmente chato. Eu gostaria de
viver sozinho, sem minha família. Mas estou preso a ela.
- Você não gosta de sua família?
- Não é que não gosto... É que as pessoas são
intranquilas.
- Conta para mim alguma coisa, alguma história que
viveu para tentar entender-te.
- Não é a principal, mas te ajudará a compreender-me.
Gente ruim soltou três gatinhos ainda lactentes. Por piedade os peguei. Minha
tia saiu contando o fato para Deus e o povo... Até me telefonaram dizendo que
deveria me livrar deles. Isso me irrita. Falar de mim sem falar comigo.
- Compreendo...
- Queria tirar minha vida...
- Por tão pouco?
- Isso é só um caso. Tem muito mais coisas. Por isso
eu lamento não ser um covarde.
- Que bom que é corajoso. A vida é melhor com você
que sem você.
- Que lindo!
- Os poetas são essenciais para nossa sobrevivência.
- Não os poetas. As artes, todas elas, é que são
essenciais.
- É... Verdade!
O músico Adê Araújo começa a livrar de sua garganta
borboletas e abelhas em uma “tarde que talvez fosse azul se não houvesse tantos
desejos”².
En español
Domingo
de poco sol después de una semana lluviosa. El día está bello en Montevideo, ni
frio ni caloroso; agradable.
- Mi
corazón late aburrido…
-
¿Por qué? ¿Qué te lastimas?
- Mi
familia. Y yo mismo. Soy una persona aburrida y…
- No
creo. Me encantas tú.
-
¡Gracias! Pero, verdad sea dicha. – Él para un rato, bebe un coqueteo que lleva
guayaba y que Marcelo ha hecho en su quiosco en la Peatonal Sarandi en la
altura de la linda Plaza Matriz, siente el sabor y satisfecho bebe más un poco.
– Verdad sea dicha. No soy una persona agradable. No, es facto. Es mi naturaleza.
Soy lo que soy…
- Si
tú dices…
-
¡Digo! No con alegría, claro, pero con sinceridad. Soy lo que soy. Sin embargo,
espero poder cambiar un poco antes de morir. Pero, todavía soy lo que soy.
- Me
hablaba que eres una persona fastidiada. ¿Por qué?
- Yo
lo dice. Soy lo que soy… Oiga el poema de la brasileña Adélia Prado… Intentaré
traducir… “Un tren de ferrocarril es una cosa mecánica. / Pero cruza la noche,
la madrugada, el día, / Cruzó mi vida, / Se cambió puro sentimiento”¹.
-
¡Qué lindo! Me encantaría ser un poeta. Pero, como tú dices, soy lo que soy… Sin
embargo… No me habló porque tú no eres persona agradable.
- Soy
una persona molesta y creo que todos también son así.
-
¿Hasta yo?
- ¡Sí!
Perdóname, pero sí. Nadie vale vivir…
-
¿Lees el escritor brasileño Machado de Assis?
- ¡Sí,
me encanta! ¿Por qué?
- Él
creía que los hombres son malos de cuerpo y alma.
-
Pienso hecho él…
- Que
lástima…
- Yo
soy yo…
-
Si… ¡Verdad! Tú me donas voluntad de llorar.
-
No… No quiero eso.
- Yo
soy yo y soy llorón…
-
¡Jejé! Alejandro… Mi querido amigo y maravilloso músico Alejandro Vera. Los artistas
llevan alma sensible…
- Tú
también eres artista. Como dices, eres un artesano y jardinero de las palabras.
-
¿Vale ser artista? ¿No sería mejor ser piedra?
- Benito,
¡también lees Rubem, hen! Pero… Aún no dijiste porque eres pesado.
-
¡Dios mío! Dice sí. Es mi alma. Yo soy lo que soy. Y pienso… No, ¡lo sé! Todos
son igualmente personas aburridas. Me gustaría vivir solo, sin mi familia. Mas
estoy atascado a ella.
-
¿No te gusta tu familia?
- No
es que no me gusta… Es que las personas son intranquilas.
- Cuéntame
un relato, una historia que has vivido para buscar comprenderte.
- No
es la principal, pero lo ayudará a comprenderme. Malas creaturas soltaron tres
gatitos aún no destetados. Por piedad los cogí. Mi tía contó para Dios y el
pueblo… el facto. Hasta me telefonearon diciendo que debería librar de ellos.
Me enfada eso. Hablar de mí sin hablar conmigo.
-
Comprendo…
-
Quería sacar mi vida…
-
¿Por tan poco?
-
Eso es solamente un caso. Tiene mucho más ocurrencias. Sin embargo, lastimo no
ser un cobarde.
-
Que bueno que eres corajoso. La vida es mejor con tú que sin tú.
-
¡Qué lindo!
-
Los poetas son esenciales para nuestra sobrevivencia.
- No
los poetas. Las artes, todas ellas, es que son esenciales.
-
Sí… ¡Verdad!
El músico
uruguayo Gustavo Anibal Nápoli Villalba, viviente en Brasil y de vacaciones en
su país natal, empieza a librar de su oboe mariposas y abejas en una “tarde que
tal vez fuese azul si no hubiera tantos deseos”².
Ofereço como presente de aniversário aos meus queridos
Andreza Costa, Fernando Pires, Chrystian Stocler, Andreia
Bragança, Antonio Netto, Laio Moura (Thunder), Jhomar Sayo, Ivone Piló, Alexandre
Farah, Edinaldo Felipe, Graça Costa, Bras Sarb, Lene Oliveira, Fabiano Pinho, Marcelio
O. Sousa e Andriza G.S. Neto.
Também ofereço aos meus amados sobrinhos Thaís L. Macedo
(Tatá Almeida) e Raul F.M. Leite.
Recomendo que se encante com os trabalhos de Rafael Cabral:
¹ Explicação de Poesia Sem Ninguém Pedir, de Adélia Prado.
² No original “A tarde talvez fosse azul, / não houvesse tantos
desejos”. “La tarde tal vez
fuese azul / si no hubiera tantos deseos”. Poema de Sete Faces, de
Carlos Drummond de Andrade. Tradução para o espanhol de Manuel Graña
Etcheverry. Companhia das Letras.
Informaciones extras:
Contribuición de Luís Gonzáles en la creación en español.
Escrito
originariamente en español en el fin de la mañana de 31 de mayo de 2015. Y
trabajado entre los días 02 de junio de 2015 y 25 de enero de 2016. Perdóname cualquier
error de español.
3 comentários:
Rubem Leite concordo com o que tu dizes neste dialogo estranho que és o "jardineiro das palavras"; Es dos bons. E sempre é prazeirosa a leitura de teus textos. Lindo dia e continue criativo como és nestes encontros semanais.
Lindo como sempre "Me gustas mucho". Gracias.
Olá Rubem!
Gostei muito da expressão "jardineiro das palavras". Lindo e profundo!
Abraços,
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