domingo, 4 de setembro de 2016

GENTE! ATÉ A LUA RI DA GENTE

Potira itapitanga.


A Lua Cheia brilha bonita às quatro horas da manhã. Ela não está à frente ou atrás, nem à direita ou a esquerda de quem olha, mas exatamente acima do cruzamento da Ouro Preto com Diamantina. Ipatinga é bonita; pouco no Centro.
Parado no meio do encontro das ruas, dois amigos – Pedro e Jorge – que acabaram de sair dos botecos em ruas próximas, conversam:
- Algum sujeito ofereceu ao demônio na encruzilhada... Comida, bebida e dinheiro.
Rindo, Jorge come a comida, bebe a bebida e põe no bolso o dinheiro.
Dois meses depois Pedro ri de Jorge:
- Seu casamento acabou por culpa sua. Eu lhe disse que as oferendas não eram procê; eram pro demo.
E a Lua Cheia ri dos dois por simplificarem os problemas, culparem os outros ou se justificarem por seus preconceitos e superstições.
Edgar Allan Cat e Don Perro de La Mancha, que não tinham entrado na história (você que me lê, reconhece qual poema e o autor do que acabei de escrever? “que não tinha entrado na história”? caso não, veja no rodapé, abaixo das indicações de outras leituras¹); pois bem, os dois bichinhos dão palpites no que escrevo:
- Pedro, às vezes gostaria de ser surdo. Deve ser melhor que ouvir estupidez, preconceito e ignorância...
Diz Don Perro e Allan Cat fala:
- Surto... não! Não com boçalidades de alguns. Estupidez, preconceito e ignorância... É fértil e nada sem aridez...
Pedro quis contestar, retrucar, justificar. Ele pensa que a vida é “feicibuque”. Mas não lhe dei mais voz. Já falou bobagens em excesso. Está na hora de ouvir e aprender.
Mas a Lua Cheia, incrédula, ri e transfere seu olhar para o cruzamento das ruas Sabará com Uberaba.
- Queridinha! Ocê num arranja hômi praticumê e quando arruma lhe mete azunha? – Diz a moradora de rua traficante para a viciada jogada no asfalto. – A curpa é sua putá caída nuchão. Ferida sem gozo nem tustão.
E a Lua apenas ri da humanidade que, como sempre, “caminha com passos de formiga e sem vontade”².


Ofereço como presente aos aniversariantes:
Didi Peres, Chrika de Oliveira, Tamirys Fernandes, Heloísa Martins, Lourenço Godoi, Elizabeth Z.C. Valverde, Maxwell Martins, J. Petronio Pethros, Wemerson Dias, Monica Novaes, Dione Costa, Tereza Junia, Emilia Domingues, Priscila Duarte, Wantuil J. Sousa, Jamil B. Mattar, Heloise Guerra, Vera Almeida e Kenia Junia.

Recomendo a leitura de “Praça Poente – Lúcio de Novo”, deste que vos fala; “Me Olvidé las Alas”, de Javier Villanueva; “Status Dela”, de Xúnior Matraga; e “O Morcego e a Coruja”, de Caio Riter. Respectivamente nos endereços abaixo:



Manuscritos feitos nos dias 27 e 31 de outubro de 2015; partindo de coisas que ouvi nas ruas. No início da tarde de 01 de novembro de 2015, ouvindo Aracy de Almeida, os uni em um só texto. E o trabalhei entre os dias 20 de maio e 04 de setembro de 2016.

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