Potira
itapitanga.
A Lua Cheia brilha bonita às quatro horas da manhã. Ela não está à frente
ou atrás, nem à direita ou a esquerda de quem olha, mas exatamente acima do
cruzamento da Ouro Preto com Diamantina. Ipatinga é bonita; pouco no Centro.
Parado no meio do encontro das ruas, dois amigos – Pedro e Jorge – que
acabaram de sair dos botecos em ruas próximas, conversam:
- Algum sujeito ofereceu ao demônio na encruzilhada... Comida, bebida e
dinheiro.
Rindo, Jorge come a comida, bebe a bebida e põe no bolso o dinheiro.
Dois meses depois Pedro ri de Jorge:
- Seu casamento acabou por culpa sua. Eu lhe disse que as oferendas não
eram procê; eram pro demo.
E a Lua Cheia ri dos dois por simplificarem os problemas, culparem os
outros ou se justificarem por seus preconceitos e superstições.
Edgar Allan Cat e Don Perro de La Mancha, que não tinham entrado na
história (você que me lê, reconhece qual poema e o autor do que acabei de
escrever? “que não tinha entrado na história”? caso não, veja no rodapé, abaixo
das indicações de outras leituras¹); pois bem, os dois bichinhos dão palpites no
que escrevo:
- Pedro, às vezes gostaria de ser surdo. Deve ser melhor que ouvir estupidez,
preconceito e ignorância...
Diz Don Perro e Allan Cat fala:
- Surto... não! Não com boçalidades de alguns. Estupidez, preconceito e
ignorância... É fértil e nada sem aridez...
Pedro quis contestar, retrucar, justificar. Ele pensa que a vida é “feicibuque”.
Mas não lhe dei mais voz. Já falou bobagens em excesso. Está na hora de ouvir e
aprender.
Mas a Lua Cheia, incrédula, ri e transfere seu olhar para o cruzamento
das ruas Sabará com Uberaba.
- Queridinha! Ocê num arranja hômi praticumê e quando arruma lhe mete
azunha? – Diz a moradora de rua traficante para a viciada jogada no asfalto. –
A curpa é sua putá caída nuchão. Ferida sem gozo nem tustão.
E a Lua apenas ri da humanidade que, como sempre, “caminha com passos de
formiga e sem vontade”².
Ofereço como presente aos aniversariantes:
Didi Peres, Chrika de Oliveira, Tamirys Fernandes, Heloísa
Martins, Lourenço Godoi, Elizabeth Z.C. Valverde, Maxwell Martins, J. Petronio
Pethros, Wemerson Dias, Monica Novaes, Dione Costa, Tereza Junia, Emilia
Domingues, Priscila Duarte, Wantuil J. Sousa, Jamil B. Mattar, Heloise Guerra, Vera
Almeida e Kenia Junia.
Recomendo a leitura de “Praça Poente – Lúcio de Novo”,
deste que vos fala; “Me Olvidé las Alas”, de Javier Villanueva; “Status Dela”,
de Xúnior Matraga; e “O Morcego e a Coruja”, de Caio Riter. Respectivamente nos
endereços abaixo:
Manuscritos feitos nos dias 27 e 31 de outubro de 2015; partindo
de coisas que ouvi nas ruas. No início da tarde de 01 de novembro de 2015, ouvindo
Aracy de Almeida, os uni em um só texto. E o trabalhei entre os dias 20 de maio
e 04 de setembro de 2016.
Nenhum comentário:
Postar um comentário