Foto do autor.
Mientras saborea
cerveza con soledad, una lluvia de hojas y flores del árbol atrás del chaval lo
baña y él no percibe.
Leitura do cronto pelo autor no canal aRTISTA aRTEIRO,
conforme endereço abaixo:
“... de olhos admirados como se neles pairasse o
espanto de um espetáculo visto e esquecido”¹. Foi assim que vi Jonas. Um
sujeito de barba castanha, mas com cabelos e olhos pretos. Camiseta e tênis
cinzentos, bermuda vermelha. E, sozinho, tomando cerveja na praça cheia de
gente enquanto espera o Festival Roda Viva que retornou após longos anos de
vazio.
Jonas desconhece a história do bairro. Não sabe que
já era habitado na época do Império. Que depois a grande fábrica comprou o
terreno e não pagou. E mais tarde um prefeito a comprou e igualmente fez
calote. Ignora isso e mais porque é de fora; não um dos moradores apaixonados
do bairro Bom Jardim.
Enquanto saboreia cerveja com solidão, uma chuva de
folhas e flores da árvore atrás do rapaz o banha e ele não percebe. Atento
admira quem ou o que está em seus pensamentos e não vê o que nem quem passa a
sua frente. A música, os músicos, as barracas, os vizinhos, quem o olha, quem o
ignora.
Nada admira. Nada vê.
Ninguém.
Olha ao redor, bebe mais um pouco, lê o que aparece
no celular sem tirar o que ocupa sua cabeça.
“Que esse desespero é moda em setenta e três”². – Paramos,
eu e Vinícius, para ouvir a música que voa nos ares. – “Tem gente estranha...”.
Ouço, mas ele não continua. Penso em perguntar. Porém o barulho do trânsito nos
cala; então olhamos para nossas frentes, não para o outro.
- Tem gente que... Não sei...
Pergunto ou deixo passar?
- Acho que vou para o Parque das Samambaias encontrar-me
com umas pessoas...
- Não acho exemplo de beleza, mas penso que faz
bem...
- O quê?
- Sexo, claro! – Respondo após três segundos de
silêncio.
- Mas será que faz bem?
- Não sei se, digamos, para saúde, mas para o gozo
acho que faz.
- Estou falando de mim.
- Estou falando de nós.
- Nós? Não nos vejo em sua conversa fiada.
- É disso que estou falando. Es como comer castañas hablar con un ser que no conocés.
- O quê?
- Nada. Mas mudei de ideia. O Festival parece que vai
começar na hora programada.
Ofereço como presente aos aniversariantes:
Andriely K. Sophia, Luciana Araújo, Juninho Zeff, Alyda
Sauer, Pricilla P. Leite, Raiza Priento, Vera Tufik, Dalvina S. Aredes, Gui
Givisiez, Marjorie Marj, Teuler Guimarães, Gustavo Nolasco, Raul Gonçalves e Catarina
Angela.
Recomendo a leitura de “Minha Janela”, deste macróbio que
vos fala; “Decoro”, de Xúnior Matraga; e “Beijo de Despedida”, de Girvany.
¹ TABUCCHI, Antonio. Mulher
de Porto Pim. Lisboa: Difil Hesperides. Sonho em forma de carta.
² BELCHIOR. A Palo
Seco:
Maiores
informações sobre o bairro Bom Jardim:
Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e
publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad
Substantiam às quintas-feiras. É
professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em
Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua
Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”,
“Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos
“Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua
Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como
é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e
“Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. É, por segunda gestão, Secretário
da ASSABI – Associação de Amigos da Biblioteca Pública Zumbi dos Palmares
(Ipatinga MG). Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em
Ipatinga MG (representando a Literatura).
Manuscritos escritos em inícios de algumas tarde de outubro
de 2015 no Feirarte; o cronto foi trabalhado nos dias 18 e 25 de dezembro de
2016 na Praça do Bom Jardim. E concluído em minha casa, no Centro, entre os
dias 30 de julho e 06 de agosto de 2017.
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