Foto do autor.
07 de
setembro, Independência do Brasil (1822).
16 de
setembro, Independência do México (1810).
18 de setembro,
Independência do Chile (1810).
E o homem
continua sem independência...
Él no puede comprender.
No puedo comprender.
He can’t understand.
I can’t understand.
Leitura pelo autor no endereço:
Uma noite cobriu o horizonte fora do horário previsto.
Ainda assim, seis e vinte da manhã sai de casa, na
rua Lírio do Vale, para trabalhar. É cedo, mas já se vê as pessoas alheias ao
todo no Esperança. “Esperança de quê?”, pergunta-se e ele se responde:
“Esperança é só um bairro de Ipatinga...”.
O povo saiu para festejar com estes proclames: “Adeus,
querida!”.
Surgiram PEC’s, aumentos salarias dos senadores,
deputados, juízes, vereadores e seus similares. Os festeiros, para aposentar,
quase cinquenta anos de trabalho. Isso se não adoecer ou perder o emprego.
Fecharam universidades; planos educacionais
eliminaram disciplinas...
Ano passado foi proibido pela Secretaria de Educação
de ensinar... Este ano está permitido... Mas na escola não há gramática, nem uma
gramática. “Vou comprar do meu bolso, quinze”, sonhou. R$188,00 era a mais em
conta. Três vezes mais barata era a gramática de inglês.
Não consegue entender.
Não consigo entender.
Os dias foram passando, mas não amanhecendo, não
alumiando; noite; sempre noite. Mas vez ou outra uma lu...
- Vâmu trepá, irmão!? – Fala a puta cachimbada.
Ah! O poético soar fraternal...
- Não! Isto é incesto e sou contra. – Fala o poeta
destarimbado.
- Ah! É ussinhô, professor! Cadê uscachorro?
- Estão em casa enquanto vou lecionar.
- Vida boa a dêlis, né?
- Pois é...
Responde e entra na E.M. Henrique Freitas Badaró. Nem
se escandaliza com uma usuária prostituta às portas de uma escola; já antevendo
a recepção dada pelos alunos.
Mas,
Vez ou outra uma luz, um raio que não chegava a
raiar...
À noite, Patty Salas, cantora chilena habitante de
Ipatinga, fugida de Pinochet e de suas torturas, tonifica a esperança; seu
brilho tonifica na Praça Esperança, na Avenida Esperança, no bairro Esperança.
Ofereço como presente aos aniversariantes:
Creusa Melo, Edna Neves, Claudio M. Miranda, Wenderson
Godoi, Vanessa Valentim, Bárbara Vilela, Mateus T. Sousa, Francisco P.A. Costa,
Wolmer Ezequiel, Paulo A. Matlombe, Thiago Domingues, Mª Carmo F. Vaz, Erikes
M. Sena, Vandelúzia L. Ferreira, Kéllerson de Paula e Edvania Oliveira.
Recomendo a leitura de “A Ideologia Alemã, de Karl Marx e
Friedrich Engels – resenha simplificada em série (parte 3)”, de Sued; “Cleriopatia”,
deste macróbio que vos fala; “Incesto”, de Girvany; e, de Caio Riter: “Três
Vezes Patronável” e “Sobre Censura”. Respectivamente:
Recomendo ainda a reflexão: Afinal,
quem pode e quem deve falar de política?
(Beto Oliveira)
Recentemente Wagner Moura fez uma campanha alertando
para os riscos da Reforma da Previdência proposta pelo governo Temer. O artista
foi imediatamente atacado por algumas pessoas e até mesmo pelo governo. Segundo
alguns disseram, o artista deveria se preocupar em fazer filmes.
Outros disseram que, como comentarista de política,
ele é um ótimo ator. Mas afinal, quem são os bons comentaristas de política?
Quem deve se preocupar com a coisa pública, já que artistas devem se preocupar
apenas com seu ofício? Será que há algum cabimento em determinar quem deve
falar de política quando todos são afetados por ela?
Como resposta aos que o criticaram, Wagner Moura
escreveu um texto, “Quem tem medo de artista”, que foi publicado na Folha de
São Paulo. A primeira frase do texto já nos indica o centro da questão:
“Artistas são seres políticos”, diz Moura, e prossegue convidando os leitores a
indagarem aos gregos, a Shakespeare, a Brecht, a Ibsen ou a Shaw. Encontraremos
em todos esses artistas um convite ao dramaturgo, ao ator e, no limite, a qualquer
pessoa, a falar, a se interessar e a fazer política.
Os gregos, por exemplo, tinham um bom nome para as
pessoas (artistas ou não) que não se metiam com a política (com o que é
público): Idiota. O prefixo “idios” vem de privado, particular (como na palavra
idiossincrasia). Querer que o artista, o professor, o trabalhador, o
analfabeto, o empresário, ou qualquer pessoa que seja, não se meta com
política, é um convite para que ele seja um idiota.
O convite de Brecht, por exemplo, é exatamente o
oposto. O dramaturgo alemão convida não apenas os artistas, mas todos, a se
posicionarem politicamente. No seu texto “Elogio do aprendizado”, ele incita:
“Verifique a conta / É você que vai pagar. / Ponha o dedo sobre cada item /
Pergunte: O que é isso? / Você tem que assumir o comando”.
O ser político é o que coloca o dedo sobre cada item,
o que pergunta quanto vai custar a reforma da previdência ou a maneira como se
regularizará as terceirizações. O idiota, ao contrário, só se ocupa com seus
afazeres, não com o que é público. Ele é o analfabeto político que aparece em
outro poema de Brecht, aquele que não sabe que da sua negligência e
desinteresse nasce a prostituta, o menor abandonado e o político vigarista.
Posicionar-se politicamente sempre deve ser mais
indicado do que se calar. E no caso dos artistas, isso não é menos verdadeiro,
concordemos ou não com o que dizem. No entanto, o artista muitas vezes tem um
lugar especial na cultura, uma posição de fala e um poder de influenciar
pessoas maior do que muitos de nós. Portanto, deve ter uma responsabilidade
maior também.
A responsabilidade que todos devemos ter em não
compartilhar mentiras ou em não sermos desonestos intelectualmente deve ser
ainda mais cobrada de um artista; ou de qualquer pessoa ou instituição que detêm
um poder de influência maior. Mas isso não tem nada a ver em incitá-los a calar
ou em desacreditá-los por eles não se dedicarem apenas em fazer política.
Cobrar coerência, honestidade e respeito, enriquece
todo debate político. Mas convidar alguém a ser idiota, ou seja, a só se
preocupar com seus afazeres particulares, é ignorar completamente a noção de
república. Querer que um artista seja idiota, que só se preocupe com a técnica
do seu trabalho, é não compreender nada do que foi e do que é a arte. Algo
típico de quem confunde arte com entretenimento (atividades que por vezes se
coincidem, mas que são distintas) ou de quem age com má fé e está preocupado mais
em combater a pessoa do que as ideias que essa pessoa defende.
* Psicólogo. Mestre em
Estudos Psicanalíticos pela UFMG. Coordenador do Centro de Estudos e Pesquisa
em Psicanálise do Vale do Aço. Autor do romance “O dia em que conheci Sophia” e
da peça teatral “A família de Arthur”. OLIVEIRA, Beto. Disponível http://www.diariodoaco.com.br/ler_noticia.php?id=49314&t=afinal-quem-pode-e-quem-deve-falar-de-politica . Acesso 07 Abr 2017.
Rubem Leite é
escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA
aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras. É professor de Português, Literatura, Espanhol
e Artes. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do
Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua
Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos
científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e
Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola,
Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e
“Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. É, por segunda gestão, Secretário
da ASSABI – Associação de Amigos da Biblioteca Pública Zumbi dos Palmares
(Ipatinga MG). Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em
Ipatinga MG (representando a Literatura).
Foto de Vinícius Siman.
Manuscrito nos dias 01 e 02 de abril de 2017, digitado no
dia 05 e trabalhado entre os dias 15 e 17 de setembro do mesmo ano.
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