Continuação.
¿Es posible discutir lo que
ignora? No; por eso intentan impedir discusiones sobre respeto al distinto, a
la mujer y otras cosas más. ¿Cuál es el motivo de intentar retirar algo que no
se encuentra allá y acrecentar prohibición a cualquier discusión sobre género? ¡Piense!
¡Piense! ¡Piense! Observe el hecho de los curas y pastores presentes exigieren prohibición
y sus seguidores solamente gritaban sin conocimiento. Interesantemente triste
es observar que no aceptaban dialogar. Toda vez que apuntábamos los hechos la
respuesta era chifla. ¿Por qué abucheo? Porque no tenían como argumentar. Y no
pudieron argumentar porque no saben reflexionar, filosofar.
Un rato mirando alrededor y
sentido en el hombro, como una aprobación, la flor que se desprendiera del
árbol.
¿Y qué discusión puede ocurrir
sin conocimiento del asunto?
Es importante no tener miedo de
mirar; y coraje para ver.
Leitura pelo autor postada no endereço:
O dia continua lindo debaixo do ipê amarelo e a
conversa continua pesada; todavia, Benito não se cala:
- A discussão acerca da literatura anticlerical
portuguesa nos ajuda a refletir abertamente e menos contaminado sobre o
problema religioso de nossos dias.
- Já vem você com esse papo de literatura...
- É Adão,
continuo sim. E como exclamei não faz muito tempo: observe que falei “cristãos”
e não “Cristianismo”, pois o problema é que seus frequentadores não a seguem.
Apenas falam, falam e falam... Outro ponto, a discussão na Câmara Municipal não
era “respeito aos homoafetivos”. Aliás, o plano sequer falar de sexualidade,
que inclui homem, mulher, masculino, feminino, heteroafetividade,
homoafetividade, violência contra a mulher, violência contra o homoafetivo e
muito, muito mais, e os cristãos ali foram discutir o que não estava no
plano... Eles foram discutir o que ignoravam. Como isso é possível? Não é; e
por isso vaiavam os fatos e os esclarecidos.
- Ando
com a religiosidade em baixa. – Entra na conversa o até então calado Jairo. –
Mas penso que Cristo lutou exatamente para acabar com os rótulos.
- Exatamente por isso
que digo que cristãos não seguem Cristo...
- Autodenominados
cristãos, com “c” bem minúsculo. Usam o nome dEle para ganharem notoriedade e
credibilidade para fazerem o mal.
- Só não sorri com
sua fala porque ela é triste, Jairo. Concordo contigo.
- Estamos
juntos.
- Não são cristãos apenas, Benito e Jairo. – Diz
Salomão. – São fundamentalistas, ignorantes, manipulados e cheios de ódio.
- Não sou cristão, mas você os chama de
ignorantes e estúpidos, afim de que algum aqui o xingue para reafirmar sua tese
ou de alguma forma, o ego. Fico em duvida se isto e hipocrisia ou idiotice.
- Eu os xinguei,
Elson? E por insultá-los eles retaliariam? Xingar seria se eu tivesse dito
sobre eles coisas de baixo calão. Sugiro que, por gentileza, olhe no dicionário
os significados das palavras “estúpido” e “ignorante”. Verá que não houve ofensa.
Aproveite e veja também o que seja “ofensa” e aí perceberá quando ela ocorre. Porque
dizer fatos não é ofender; é ser duro. E a realidade é dura. A verdade é dura.
Por gentileza, olhe nos dicionários e verá coisas boas e bem interessantes.
Necessário dizer que nos olhamos irritados? Penso que
não, mas se precisar eu digo: Estávamos à flor da pele; não à flor do ipê... E
continuo:
- Mas pode
observar, Elson, que ninguém falou mal deles, mas de mim. Por que será?
Hipocrisia minha? Será!? Por que eu estaria sendo hipócrita em expor algo que
eu sabia que se voltaria contra mim? E sabendo disso por que falei? Por
idiotice minha? Veja também o que significa “idiota”. Do pouco que você me
conhece viu algo que possa corroborar esta sua ideia a meu respeito? Então a
“minha” tese teria saído pela culatra porque fui apenas vilipendiado e meu ego
estaria ferido, não reafirmado. Então, qual a causa de eu ter falado o que
disse? Crê realmente que foi por vulgaridade? Vontade de falar mal? De criar
polemiquinha?
- Embora você tenha tido suas experiências com
cristãos, ou talvez pessoas que se acham cristãos, a sua fala é generalista.
Benito, o cristão é alguém que imita Cristo, e Cristo foi manso no seu tratamento
com pessoas diferentes, mesmo com pecadores. Mas eu não estou a par de tudo o
que vem acontecendo com você e então acho que só posso falar daquilo que você
está dizendo aqui, neste momento, debaixo deste ipezinho no Bela Vista. Mas,
como disseram agorinha mesmo, o cristão também é um ser humano, e por isso
sujeito e erros, como também é o homossexual, o irreligioso, o ateu, o judeu, e
todos outros.
- Pascoali, concordo com o que disse. Principalmente quando falou que o cristão imita
Cristo e que Ele foi manso inclusive com os diferentes. O que não acontece,
nunca aconteceu e pelo andar da carruagem será difícil que um dia venha a
acontecer. Peço perdão se lhe ofendi ao dizer que não acontece. Até porque toda
regra tem exceção. A questão é que as exceções pouco ou nada fazem enquanto a
regra é atuante. Sabe por que o mal avança mais que o bem? Observe ao redor, e
não apenas ao redor dentro da Igreja durante o momento de culto ou missa, e
verá que não estou inventando ou exagerando. O mal avança mais que o bem porque
os bons ficam aguardando alguém que faça enquanto os maus não esperam, fazem.
Quando eu era criança, adolescente, jovem... eu acreditava que os cristãos
imitavam ou procuravam se espelhar em cristo. Hoje, no meu quase meio século,
vejo que apenas berram “Jesuuuus”, mas ação mesmo que é bom, não. Talvez você
seja a exceção, parabéns! Mas a regra se comprova não por minhas palavras, mas
pela ação dos cristãos.
Mais um golinho de vinho à brisa debaixo do ipê e
Benito continua:
- Ontem, por exemplo, houve uma reunião para discutir
se deve ou não ter discussão de gênero nas escolas e a população cristã foi à
câmara para proibir isso. O interessante é que no plano sequer aparece a
palavra gênero. De onde eles tiraram isso? Da leitura do plano é que não foi
porque se tivessem lido veriam que não consta essa questão. Inventaram; sim, o
termo é IN-VEN-TA-RAM que o plano iria obrigar os alunos usarem o mesmo
banheiro (unissex), que menino seria tratado como menina e menina seria tratada
como menino. Quem bolou ou concebeu tamanha tolice? Alguém que não leu o plano
ou que planejou abafar as discussões sobre gênero; que não fala apenas de
homoafetividade, mas também de heteroafetividade; fala mais do que isso, fala
de masculino e de feminino, fala, entre outros assuntos, do estupro dentro de
casa, estupro na escola, estupro nas ruas, pedofilia e muito mais; fala do
respeito ao diferente, à mulher e muito, muito mais. Qual o motivo que queriam
retirar algo que não estava lá e acrescentar uma emenda que proibisse qualquer
discussão sobre gênero? Pense! Pense! Pense! Atente-se pelo fato que os Padres
e Pastores presentes queriam impor tal emenda, mas seus seguidores apenas
gritavam sem saber. E interessantemente triste é observar que não aceitavam
dialogar. Toda vez que mostrávamos os fatos a resposta era vaia. Por que vaia?
Porque não tinham como argumentar. E não puderam argumentar porque sequer
leram. Porque não sabem pensar, refletir, filosofar. Afirmo que não leram
porque não sabiam o conteúdo do plano e quando perguntado, confirmaram! – Pausa
olhando ao redor e sentido no ombro, como um apoio, a flor que se desprendera
da árvore. – Eles mesmos afirmaram que não leram e aqueles que disseram que
leram não souberam responder às perguntas que fizemos sobre o plano... E que
discussão pode acontecer sem conhecimento do assunto?
- Ah, não Benito – intervém Manoela – deve ter alguma
pândega em toda essa pendenga.
- Bem... Talvez a única coisa boa na Bíblia seja que
Jesus torce pelo Galo e os... ahm, “cristãos” sejam cruzeirenses...
- Como é que é?
- Uai! Está na Bíblia, São Lucas capítulo 13... –
vendo a cara de espanto, Benito recita: “Jerusalém! Quantas vezes quis juntar o
povo, como a galinha – excelentíssima senhora dona esposa do GAAALOOOOO – ajunta
os seus filhotes debaixo das asas, mas você, cruzeirense, não me quis...”. –
Entre as risadinhas dos amigos, ele continua: E tem mais. É nesse mesmo
capítulo que Jesus solta um palavrão... Pior que xingar a mãe... Ele assim fala
sobre Herodes, que se equipara palidamente aos cristãos de nossos dias: “Vai e
diga àquela raposa”. Viram? Quer coisa pior que raposa?
O pessoal ri, até os cruzeirenses, meio a
contragosto, diante do amaciante na dura e pesada conversa.
- É só uma bobagem, gente. É só um chiste. E...
- Estão criando essa polêmica, usando essa
questão do gênero apenas para se promoverem, Benito... Apenas para se
promoverem.
- Quanto
maior a ignorância, melhor tem que agir um professor. Ensine; não crie
polêmica!
- É
o que os professores tentam fazer e a bancada não deixou. É o que queremos
fazer e os coxinhas não aceitam.
- Há
uma esperança. Nem todos são assim.
Continua Marialva e Mário abre sua boca em uma tarde
que poderia ter sido tranquila:
- Quando você fala “cristãos”, você está
entrando para o grupinho que você abominou.
- Benito, não me agrada o que você disse. – Intervém
o até então calado poeta Jurandir. – É necessário muito cuidado na comunicação
e você, pessoa que admiro e o inteligente que é, desconsiderou esse cuidado e
viés. O mal não pertence aos cristãos. Pertence ao bípede supostamente
racional. Uma propriedade nata e não se passa de pai para filho... Mas Deus,
perfeito que é, fez metamorfa a humanidade, apesar de divina na essência. Uns
fazem uso dessa santidade e outros a ignoram. Quem usa dessa divindade é
cristão; os que a ignoram são só... “gente”.
Ele para alguns segundos enquanto olhamos o ipê
florido e bebemos. Depois ele continua:
- Qualquer pessoa, seja boa ou má, é “gente”, e a
divindade é propriedade ativa e constante do “humano”. Então são esses humanos
os “cristãos”. No meu livro “Quase Verbo”¹ eu o abro com uma mensagem que tento
exercitar no meu cotidiano – ele pega o livro e lê: “Não nasci para ser herói /
Nasci para ser humano.” E essa mensagem é um convite para essa pertinente
discussão. Até porque estamos juntos na luta e sua fala é convite para uma
reflexão interior.
- Jurandir! – Benito retorna à fala. – Dissemos
coisas muito similares em vernáculos diferentes. Muito parecidas mesmo. E é como
venho dizendo: A discussão acerca da literatura anticlerical ajuda a refletir
sobre o problema religioso da atualidade.
- Por isso você é um desses amores amigos que trago
no peito.
Jurandir responde e tranquilamente se volta para
dentro de si depois da contrarresposta de Benito:
- A questão é: observamos o contraste e ignoramos os
similares.
Macieira
intervém:
- Gostaria de ver os bons cristãos em ação, assim
saberemos que de fato existem.
- Falou bem, Macieira. Porque o mal avança por causa
dos bons. Enquanto estes ficam de braços cruzados esperando alguém fazer alguma
coisa, aqueles trabalham para realização de seus objetivos. É só ver o
acontecido na Câmara Municipal... É só ver o religioso prefeito dançando diante
da amargura dos aposentados. É só vê um juiz inocentar o tarado ejaculador no
ônibus. É só ver o religioso Bolsonaro dizer que seus filhos são bem educados e
servos de Jesus; por isso não namorariam uma negra.
O vento balança a flora ao redor e os livros a cabeça
de quem tem.
- É só não ter medo de olhar; e ver.
Ofereço como presente aos aniversariantes:
Cleverton Nunes, Matheus Menezes, Didi Peres, Gabi Hipólito,
Chrika de Oliveira, Heloísa Martins, Tamirys Fernandes, Lourenço Godoi, J.
Petrônio Pethros, Guilherme R. Cabral, Andrea G. André, Maxwell Martins, Wemerson
Dias, Elizabeth Z.C. Valverde, Emília Domingues, Dione Costa, Monica Novaes e
Wantuil J. Sousa.
Recomendo a leitura de “A Ideologia Alemã, de Karl Marx e
Friedrich Engels – resenha simplificada em série (parte 1)”, de Sued; “Celebração”,
de Girvany; “Oração Ateia”, de Xúnior Matraga. Respectivamente:
¹ BARBOSA, Jurandir. Quase
Verbo. São Paulo: Catrumano, 2014.
Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e
publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad
Substantiam às quintas-feiras. É
professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em
Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua
Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”,
“Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos
“Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua
Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como
é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e
“Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. É, por segunda gestão, Secretário
da ASSABI – Associação de Amigos da Biblioteca Pública Zumbi dos Palmares
(Ipatinga MG). Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga
MG (representando a Literatura).
Foto do ipê é do autor.
Escrito na noite de 15 de julho de 2015; trabalhado um
pouco em algumas madrugadas de 2016, mas realmente construído entre 23 de
agosto e 03 de setembro de 2017.
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