segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

DESVIO CULTURAL 2018 – parte 01


Leitura do cronto pelo autor postado no canal aRTISTA aRTEIRO do youtube:

O céu está azul; mortiço. Relâmpagos e trovões o atravessam, mas sem luz nem ruído. Inacreditável, mas é realidade. Na Estação Memória o trem da História fez parada e um Desvio Cultural combatente desembarca. Artistas dialogam entre si e suas obras expõem ao povo a realidade.
- Artista apresenta uma luz que mostra os horrores para as pessoas escaparem ou melhorarem suas vidas. – Diz Camila Oliveira e Rosane Dias continua: Mas o povo prefere uma bonita luz que esconde os horrores; como daquele peixe abissal com assustadores dentes... Quando vê, já é tarde demais.
 

As duas – Camila e Rosane – falam e discutem através de suas obras a sexualidade e sensualidade da mulher assim como quem é o dono do corpo. E BIL expõe em fotos e vídeos a liberdade humana enfrentando as opressões sociais.
- É bem assim mesmo. Um conhecido nosso foi ao cinema ver filme de guerra e na entrada tinham cartazes anunciando: “Este filme contem cenas fortes que podem afetar ao espectador.” – Fala o Coletivo BIL. – Então comprou a entrada, pipoca e refrigerante. Depois entrou no cinema e viu como era torturado um soldado. Na mesma hora o sujeito se levantou, jogou a pipoca para cima e o refrigerante para os lados... Estava terrivelmente alterado. Aí saiu do cinema e na primeira delegacia que encontrou fez um boletim de ocorrência protestando pela violência.¹
E este macróbio que vos fala não se cala e dialoga sobre o fazer artístico, a política, a religião, a história; apresenta a arte e a História esclarecendo enquanto a política e a religião obscurecem...

- Este haicai que compus fala bem a atuação dos artistas:
Manhã galo canta
Sol surge beijando nuvens
Canto iluminado.
- A Monarquia brasileira começou submetida à Inglaterra e Dom Pedro I, aos nobres e aos endinheirados portugueses. Os britânicos interesses motivaram “nossa” Independência; ela não aconteceu por vontade, interesse e maturidade nacional, mas pela necessidade inglesa de conseguir matéria prima para suas indústrias em plena Revolução Industrial; já que com o retorno de Dom João VI para a Europa a aquisição desses produtos ficaria mais cara por passarem antes por um atravessador: Portugal. E a primeira Constituição brasileira, a de 1824, foi outorgada antecipadamente e, portanto, despreparada ou inadequada para as nossas necessidades; isso porque a elite do Império não se importava com as pessoas. Contudo, alguns desaprovavam a submissão de Dom Pedro; mas minhas dúvidas, quase descrenças, são se essa reprovação seria por maturidade de ideias ou seria cópia dos ideais mundo afora? E se alguém mais está vendo o presente repetir o passado...²
- O Governo, não importa em qual instância, se federal, estadual ou municipal, vê a população como sua inimiga e por isso define o que alguém pode pensar, falar e acreditar; caso contrário não seria... não é cidadão. – Contribui Maria Cloenes e Bárbara Vanuza acrescenta: O Governo brasileiro pratica, mas não admite, a censura. Proíbe homens nus, mas nada faz quando a mulher aparece despida. 


As duas – Cloenes e Bárbara – mais Nilmar falam em seus trabalhos sobre a ida e vinda da vida, o vestir social e a aridez do povo.
No céu azul e mortiço, relâmpagos e trovões sem luz nem ruído. Mas na Estação Memória o trem da História fez parada em 2017; desembarcou um Desvio Cultural combatente. Em 2018 o Desvio Cultural continuará bombardeando a pouca recordação popular do que lhe acontece a mais de meio milênio; continuará a batalha em apoio às artes, contra a censura, a favor da liberdade de expressão.


Ofereço como presente aos aniversariantes:
Graça Lopes, Sandra L. Oliveira, Jaeder T. Gomes, Rair Anício, Elis Nunes, Pedro Oliveira, Fabiane Martins, Gleicon U.A. Moreira, Jose L. Reis, Claudio Oliver, Edson Nascimento, Ana Lucia, Meiriane C. Castro e Elizete S. Losignore.

Recomendo a leitura de:
“Bailarino”, de Girvany de Morais:
“Encontro”, de Xúnior Matraga:
“Significado e Significante”, de Sued:
“Aprender a Dizer Sua Palavra”, deste macróbio que vos fala:

¹ Adaptação de uma fala de Luis Gonzáles comigo no facebook.
² COSTA, Marcos. A História do Brasil para quem Tem Pressa. 2. ed. Rio de Janeiro: Valentina, 2017. P. 65-69.

Fotos: Acervo do Desvio Cultural 2017. Respectivamente as fotos são sobre os trabalhos dos artistas: 1ª) Camila; 2ª) Rosane; 3ª) Rubem; 4ª) Cloenes; 5ª) Nilmar e Bárbara;

Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).


Escrito entre a noite de 01 de outubro de 2017 e 08 de janeiro de 2018.

Um comentário:

Unknown disse...

Esse texto é maravilhoso. O meu preferido do Rubem.