Leitura do cronto pelo autor postado no canal
aRTISTA aRTEIRO do youtube:
O céu está azul; mortiço. Relâmpagos e trovões o
atravessam, mas sem luz nem ruído. Inacreditável, mas é realidade. Na Estação
Memória o trem da História fez parada e um Desvio Cultural combatente
desembarca. Artistas dialogam entre si e suas obras expõem ao povo a realidade.
- Artista apresenta uma luz que mostra os horrores
para as pessoas escaparem ou melhorarem suas vidas. – Diz Camila Oliveira e
Rosane Dias continua: Mas o povo prefere uma bonita luz que esconde os
horrores; como daquele peixe abissal com assustadores dentes... Quando vê, já é
tarde demais.
As duas – Camila e Rosane – falam e discutem através
de suas obras a sexualidade e sensualidade da mulher assim como quem é o dono
do corpo. E BIL expõe em fotos e vídeos a liberdade humana enfrentando as
opressões sociais.
- É bem assim mesmo. Um conhecido nosso foi ao cinema
ver filme de guerra e na entrada tinham cartazes anunciando: “Este filme contem
cenas fortes que podem afetar ao espectador.” – Fala o Coletivo BIL. – Então
comprou a entrada, pipoca e refrigerante. Depois entrou no cinema e viu como
era torturado um soldado. Na mesma hora o sujeito se levantou, jogou a pipoca
para cima e o refrigerante para os lados... Estava terrivelmente alterado. Aí
saiu do cinema e na primeira delegacia que encontrou fez um boletim de
ocorrência protestando pela violência.¹
E este macróbio que vos fala não se cala e dialoga
sobre o fazer artístico, a política, a religião, a história; apresenta a arte e
a História esclarecendo enquanto a política e a religião obscurecem...
- Este haicai que compus fala bem a atuação dos
artistas:
Manhã galo canta
Sol surge beijando nuvens
Canto iluminado.
- A Monarquia brasileira começou submetida à
Inglaterra e Dom Pedro I, aos nobres e aos endinheirados portugueses. Os
britânicos interesses motivaram “nossa” Independência; ela não aconteceu por
vontade, interesse e maturidade nacional, mas pela necessidade inglesa de
conseguir matéria prima para suas indústrias em plena Revolução Industrial; já
que com o retorno de Dom João VI para a Europa a aquisição desses produtos
ficaria mais cara por passarem antes por um atravessador: Portugal. E a primeira
Constituição brasileira, a de 1824, foi outorgada antecipadamente e, portanto,
despreparada ou inadequada para as nossas necessidades; isso porque a elite do
Império não se importava com as pessoas. Contudo, alguns desaprovavam a
submissão de Dom Pedro; mas minhas dúvidas, quase descrenças, são se essa reprovação
seria por maturidade de ideias ou seria cópia dos ideais mundo afora? E se
alguém mais está vendo o presente repetir o passado...²
- O Governo, não importa em qual instância, se
federal, estadual ou municipal, vê a população como sua inimiga e por isso
define o que alguém pode pensar, falar e acreditar; caso contrário não seria...
não é cidadão. – Contribui Maria Cloenes e Bárbara Vanuza acrescenta: O Governo
brasileiro pratica, mas não admite, a censura. Proíbe homens nus, mas nada faz
quando a mulher aparece despida.
As duas – Cloenes e Bárbara – mais Nilmar falam em
seus trabalhos sobre a ida e vinda da vida, o vestir social e a aridez do povo.
No céu azul e mortiço, relâmpagos e trovões sem luz
nem ruído. Mas na Estação Memória o trem da História fez parada em 2017;
desembarcou um Desvio Cultural combatente. Em 2018 o Desvio Cultural continuará
bombardeando a pouca recordação popular do que lhe acontece a mais de meio
milênio; continuará a batalha em apoio às artes, contra a censura, a favor da liberdade de
expressão.
Ofereço como presente aos aniversariantes:
Graça Lopes, Sandra L. Oliveira, Jaeder T. Gomes, Rair
Anício, Elis Nunes, Pedro Oliveira, Fabiane Martins, Gleicon U.A. Moreira, Jose
L. Reis, Claudio Oliver, Edson Nascimento, Ana Lucia, Meiriane C. Castro e Elizete
S. Losignore.
Recomendo a leitura de:
“Bailarino”, de Girvany de Morais:
“Encontro”, de Xúnior Matraga:
“Significado e Significante”, de Sued:
“Aprender a Dizer Sua Palavra”, deste macróbio que vos
fala:
¹ Adaptação de uma fala de Luis Gonzáles comigo no facebook.
² COSTA, Marcos. A História
do Brasil para quem Tem Pressa. 2. ed. Rio de Janeiro: Valentina, 2017. P. 65-69.
Fotos: Acervo do Desvio Cultural 2017. Respectivamente as fotos são sobre os trabalhos dos artistas: 1ª) Camila; 2ª) Rosane; 3ª) Rubem; 4ª) Cloenes; 5ª) Nilmar e Bárbara;
Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e
publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad
Substantiam às quintas-feiras. É
professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também
professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em
“Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”,
“Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor
dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”,
“Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua
Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do
Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões,
Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Escrito entre a noite de 01 de outubro de 2017 e 08 de
janeiro de 2018.
Um comentário:
Esse texto é maravilhoso. O meu preferido do Rubem.
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