En el mundo de los
libros de lectura […] las mayorías de las veces el pobre aparece solo para que sea afirmada
en voz alta su condición privilegiada, su serena felicidad, su proximidad a
Dios. (BONAZZI, ECO, 1974)
Da paisagem vista pela janela, metade da parte
superior é perdida pelo toldo cinza; um terço da parte de baixo é o telhado da
vizinha; e um quarto da visão lateral esquerda é a parede de outro vizinho.
Tudo em sujos tons de cinza, marrom e vermelho. E do que sobra, hoje se vê
nuvens claras em um céu azul esbranquiçado.
Vozes da casa do vizinho chegam altas, mas
incompreensíveis.
Pensa no que disse ontem: Quem quer ser famoso não consegue porque investe na forma, na
propaganda; não no conteúdo, na qualidade.
Mas ele próprio quer reconhecimento. Reconhecimento e
respeito em vida; não depois de morto... Reconhecimento, respeito e dinheiro
vindo de seu trabalho. Por isso investe mais na qualidade do que na propaganda.
Crê no que diz. Incomoda-lhe a injustiça de outros se fartarem do esforço do
artista.
- E o que tem de mal em seus parentes lucrarem? Ele é
um egoísta, isso sim.
- Parentes que quase sempre nunca lhe apoiaram e mais
comumente ainda lhe criticaram, agrediram, prejudicaram, zombaram.
- Parente é tudo; não importa se apoia. A utilidade
do artista é dar satisfação; seja ao público, seja aos parentes... Não importa
a quem.
- Parente não é família e familiar não é sangue.
- Mas é como o pobre, cuja utilidade é permitir a
caridade que satisfaz os em melhor posição... Políticas públicas impedem o bem
estar das elites em sentir-se o quão boas são. Já que os artistas só têm para
vender a sua arte e os pobres, os seus braços, que aceitem então o intelecto de
quem possui mais.
- Suas ideias são acéfalas. O topo da elite sabe que
a “função” do pobre não é essa, mas sim mantê-la. Contudo, essa é a ideia que
passam para classe média, que não passa de pobre iludido, achando ser elite. Mas
os artistas – os artistas de verdade – não se deixam enganar e proclamam em
suas escritas, pinturas, danças.
Os interlocutores em sua cabeça discutem enquanto ele olha pela janela a ver as nuvens.
Os interlocutores em sua cabeça discutem enquanto ele olha pela janela a ver as nuvens.
Ofereço aos meus mais recentes contatos no caralivro:
Jacomar A. Braulio, Alcides Ramos, João Gabriel, Tiago Bastos,
Ju Ferraz, João R. Laque.
Recomendo a leitura:
“Tipos de Escritores: os ensimesmados e os conversadores”,
de Caio Riter:
BONAZZI, Marisa; ECO, Humberto. Los Pobres. Las Verdades que Mienten. Buenos Ayres:
Editorial Tiempo Contemporaneo, 1974. P. 21-22.
Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e
publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad
Substantiam às quintas-feiras. É
professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também
professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em
“Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”,
“Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor
dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”,
“Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua
Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do
Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões,
Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Imagens:
Janela toldo paredes – Foto do autor.
Rubem dando bandeira – Foto de Vinícius Siman.
Manuscrito em 31 de agosto de 2018. Digitado dois depois;
trabalhado nas duas línguas entre os dias 07 e 13 de janeiro de 2019.
Um comentário:
Bravo x os artistas de verdade,que nâo se dexam enganar e proclaman em suas escritas seus ideas.
Postar um comentário