12 de outubro:
Dia de Nossa Senhora Aparecida;
Dia da Criança no Brasil.
“Solano López, acuado e sem meios de se
defender, usou como escudo mulheres, crianças, velhos e adolescentes, que foram
trucidados sem piedade pelas tropas brasileiras. Os números são imprecisos, mas
alguns historiadores falam mais de 100 mil mortos, entre 10% e 15% da população
paraguaia, de 1 milhão de habitantes nessa época”¹.
- Dieciséis de
agosto es el Día de los Niños en Paraguay. Esa fecha es pelo genocidio de
chicos que los soldados brasileños allá hicieron en el período Imperio. Eso
porque en el siglo XIX Paraguay era el único país Suramericano a desarrollarse
tecnológicamente. Para Inglaterra eso era malo y ordenó a Argentina, Brasil y
Uruguay a pelear con Paraguay. Y por eso Paraguay jamás volvió a quedarse de
pie. Y el Conde D’Eu, yerno de Don Pedro II, cometió inúmeras barbaries.
- ¿Quién es el
culpable por poner críos en la guerra? ¿Y por qué Solano puso civiles en la
línea de defensa? ¿Por qué Solano huyó mientras debería entregarse? El culpable
es él y no los soldados brasileños.
- Piensa: Es tan simplista y pueril decir esas cosas…
Es tanto odio al otro… Pero habla: ¿Usted votó en quién para presidente?
- Bozalnato.
- ¡Sabía! – Piensa pero no contesta.
- ¿Por qué?
- Porque me
gustaría que el amor y respeto fuesen comunes; que no justificasen genocidio
culpando el gobierno adversario.
- ¡Es un tonto, un
imbécil!
- Lo sé. Lo sé. Solamente tontos e imbéciles son artistas o profesores. Incentivo a mis alumnos a estudiaren y no buscaren respuestas en otros ni de otros. No hablaré más. Sin embargo, se conoces algo que justifique asesinatos de pibes quien sabe mi corazón no se cambie a piedra. Pero por ahora todavía es de carne y sangra.
- Dezesseis de agosto é o Dia da Criança no Paraguai. – Diz
Benito. – Essa data é pelo infanto-genocídio que soldados brasileiros lá
fizeram no período Império, em 1870.
- Por que isso aconteceu? – Pergunta-me H.M.
- No século XIX o Paraguai era o único país Sul Americano a
desenvolver-se tecnologicamente. Inglaterra não gostou da concorrência e mandou
Argentina, Brasil e Uruguai entrar em guerra com Paraguai. Infelizmente por
causa da guerra Paraguai nunca mais se reergueu. Nessa guerra, sob o comando de
Conde d'Eu, o Brasil cometeu inúmeras barbáries.
- Esperavam que os vinte mil soldados adotassem as seis mil
Crianças em meio a uma guerra? – Diz A.M.
- Não esperava isso. O que eu gostaria é que os soldados não
chacinassem crianças, principalmente com excesso de crueldade. Também gostaria
que os soldados não chacinassem as enfermeiras paraguaias, outra vez com
excesso de crueldade. Essas foram apenas duas das muitas ações não condizentes
com guerra dos soldados brasileiros. – Benito diz, mas o que pensa é: Mas seria lindo se houvesse amor para adotar
e respeito para dar...
- Quem levou Crianças pra guerra a defender os próprios
interesses?
- A.M., faça uma pesquisa. Não creia em mim. Pesquise sobre
o que as crianças paraguaias estavam fazendo no Paraguai... Informe-se como foi
a matança. Espero que não seja capaz de justificar crueldades.
- O senhor não respondeu a pergunta. – A.M. insiste. – Quem
levou essas crianças para a linha de frete de uma guerra?
- Filho. Tenho dito tanto e o senhor não me crê. Por isso
tenho-lhe sugerido pesquisar. Não é por má vontade; é para que o senhor creia
ou corrija-me partindo de fatos. – Diz Benito, mas pensa: Justifica um genocídio culpando o governo inimigo...
- Ou não tens argumento para um debate ou não quer um
confronto de ideias. Não vejo outra resposta para a sua evasividade.
- A.M., já ouviu falar em Laurentino Gomes? Mais importante,
já estudou algum livro dele? Caso sim, parabéns. Recomendo que reestude. Caso
não, estude-o.
- Ah ta... O genocídio foi causado pelos soldados
Brasileiros, e não pelo imperador maluco do Paraguai que colocou toda a nação
dele e suas famílias na linha do fuzil...
- A.M., o único país na América a ter imperador foi o
Brasil. O senhor, no lugar de ater-se à História e aos fatos, quer culpar as
vítimas e inocentar os soldados e o Brasil. Recomendo que não creia em mim, mas
que faça uma pesquisa tendo um mínimo de três fontes diferentes.
- Todo ditador é um imperador... Aquele que impera sozinho,
que faz de sua vontade a lei... Onde não há democracia... É no sentido figurado
que falo de Francisco Solano López. Coloque na conta dele todos os civis que
morreram em combate. Foi ele quem os colocou na linha de frete pra combater.
Essa de chamar ditador
de imperador é disfarçar a falha na própria ideia... – Benito pensa
enquanto E.C. intervém:
- Toda e qualquer Guerra revela a pior parte do ser humano. O
que os soldados brasileiros fizeram ao olhos de hoje é condenável; colocar
crianças no campo de batalha também. Sob o ponto de vista militar e à luz da
época as crianças estavam armadas, portanto eram alvos inimigos.
- Exatamente, E.C. – A.M. diz sorrindo. – E, Benito, Paraguai
tinha cento e cinquenta mil soldados. Como saber ali no meio quem era quem?
- O senhor não sabe distinguir homem de mulher, criança de
adulto? – Suspira e lê: “... Um massacre. O conde foi descrito por alguns
historiadores como criminoso de guerra, que degolou prisioneiros desarmados e
executou a sangue-frio mulheres, crianças e adolescentes na caçada final a
Solano Lopes”¹.
- E por que Solano não se entregou quando suas linhas de defesa,
composta por civis que ele coagiu e colocou a força, foram vencidas? – A.M.
insiste. – Por que continuou fugindo e espalhando ainda mais violência? Parece
o Imperador Louco do Japão... Que continuou mandando seus civis, jovens e
crianças para o penhasco ao não se render a uma guerra perdida... Não mudemos
as peças do jogo de posição... Sabemos o que realmente aconteceu.
Benito apenas pensa: É
tão simplista e pueril dizer isso. E tanto ódio ao outro. Com certeza ele justifica
o armamento da população.
- A.M., o senhor votou em quem para presidente?
- No Mito, claro. Mas o “que tem alhos com bugalhos”?
Sabia! – Benito
pensa enquanto E.U. deixa de só ouvir:
- Li ontem o relato dos desmandos do Conde D'eu. Que ser
abominável. E o senhor justifica a bomba atômica no Japão?!? – E canta:
Pensem
nas crianças
Mudas
telepática
Pensem
nas meninas
Cegas
inexatas
Pensem
nas mulheres
Rotas
alteradas
Pensem
nas feridas
Como
rosas cálidas
Mas
oh, não se esqueçam
Da
rosa da rosa
Da
rosa de Hiroshima
A
rosa hereditária
A
rosa radioativa
Estúpida
e inválida
A
rosa com cirrose
A
antirrosa atômica
Sem
cor sem perfume
Sem
rosa sem nada².
- A.M., sou professor e por isso tenho incentivado ao senhor
estudar. Recomendo também que leia bastante literatura brasileira. Machado de
Assis, Lima Barreto, Cruz e Souza. Que tal comprar e ler a antologia Versos
Ácidos do Vale do Aço!?! Mas enfim, estude! Faça boas leituras! E evite buscar
respostas de/em outrem. – Pausa alguns segundos. – Mas confesso que me cansei.
Não se ofenda, por favor. Mas nada mais falarei. Contudo, se achar algo que justifique
o assassinato de crianças... mostre-me. Quem sabe eu não me venha a ter um
coração empedernido.
Ofereço
como presente aos aniversariantes:
Sanchez
Tomas, Rayane Soares, Maria Fernanda, Shirley Maclane, Gely Fantine, Julio
Cabral, Hércules Malta e Camila Oliveira.
¹
GOMES, Laurentino. A Redentora. 1889:
como um imperador cansado, um marechal vaidoso e um professor injustiçado
contribuíram para o fim da Monarquia e a Proclamação da República no Brasil.
São Paulo: Globo Livros, 2014. P. 160.
²
MORAES, Vinícius. Rosa de Hiroshima.
Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO.
É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes.
É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do
Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua
Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”.
Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente
em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em
Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte
da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”.
Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG
(representando a Literatura).
Imagens:
Da
Batalha de Ñu: https://www.hoy.com.py/nacionales/a-150-anos-de-la-hazana-de-ninos-paraguayos-como-se-dio-la-heroica-batalla-de-acosta-nu
Versos Ácidos do Vale do Aço: Roberta Rocha;
Do
autor pelo autor.
Escrito
e trabalhado entre os dias 16 de agosto a 11 de outubro de 2020.
Um comentário:
Muito bom.
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