Hormiga maldita. El
artista cigarra cantaba limpiando tu sufrimiento, tu cansancio. Y ahora que el
artista te necesita tú le niega suministro. Pues bien. Tú comes y ti amargas
con tu alimento que perdura hasta el calentamiento y… acaba. El artista
hambriento lleva el mismo dolor del pueblo. Sin embargo, lo cambia a – fuerza,
esperanza y lucha – cantos de encantos. Mientras tu corazón solo lamentas.
Na casa e terreno onde moro há aranhas, pássaros,
árvores, matos, flores...
Tem uma planta que uma semana dá flor rosa e na outra, branca.
Pra que ir pra rua se a gostosura está
aqui. Ficar “de cocado” espiando as flores, o vento nos galhos, as borboletas, beija-flores.
Se quem ou o que é de fora:
Nas sombras do meio da névoa não vi nenhuma
cara.
Vi:
Era uma vez um pastor de nome Milton
Rameiro. Terrivelmente evangélico. Um belo dia foi até ele o presidente de uma
nação sem noção e lhe ofereceu barras de ouro se provasse o quão terrível era:
- Universidade é para poucos. Mas não só
isso. Ficarei vinte meses enterrado e sairei vivo.
Passado o tempo estipulado desenterram o
pastor da educação. Este não se preocupou em respirar, beber água ou comer. Terrível
era seu poder. Saiu do sepulcro gritando:
- Cadê as barras de ouro?!?
Vi:
O pum do palhaço é talco. Na cabeça da
Rerreginha Senharte tem algo?
Coração de professor é carne sangrenta e do
artista, alma.
O “coração de ouro” do pastor, Rameiro da
Educação, é farsante. E da cultura, o secretário canastrão, Fria’alma.
Vi:
- Ai, amiga! – Beijinhos no rosto. – Estou tão
angustiada...
- Que foi, amiga?
Afasta a outra para ver a cara da amiga.
- Você sabe que eu costumava abastecer
minha casa de víveres no Rabbit Deenny’s desde que o dono do “grande surface”
se tornou deputado defensor das famílias e da moral...
- Sei... Mas o que tem?!?
- É que agora tem em tudo quanto é lugar.
- Óóóh!
- E você sabe o que dá em tudo quanto é
lugar, né?
- Sei, amiga. Pobre.
Em lágrimas:
- Não poderei mais mandar minhas serviçais
fazer as compras lá.
E recebe um abraço solidário pra passar por
mais essa provação.
Vi:
O homem de quem compro ração trazer-me o
alimento de meus bichos e tremer de medo quando chamei a cachorrinha Iemanjá. Não
se assustou com Florbela, a brava; Pessoa, o brincalhão; Plur, no seu cantinho;
Neno, homenagem a Nena de Castro.
- Fala isso não! – Diz trêmulo e com a mão
no peito arfante.
- Iemanjá?!?
- Não invoque o diabo.
- É só um nome mitológico. Como poderia ser
Zeus, se fosse macho.
- Zeus é mito. Aquela é diabo...
Meu silêncio lhe olha.
- É que não entendo nada dessas coisas.
- Então seria bom entender, né? Conhecer para
compreender. Saber para ter o que dizer.
- Sei não... Sangue de galinha degolada...
Cabeça de bode...
- E o Sangue de Jesus nas missas e cultos?
- Não sei não.
- Eu sei sim.
Vi:
O frio do seu olhar congelar meu coração. A
aspereza de suas palavras endurecer meu coração.
Mas o voo das borboletas, o canto do vento
co’as árvores; estes fazem bem ao meu coração.
Rubem Leite
¹ Maria Maria, de Milton Nascimento.
Escrito entre 29 de março e 03 de abril, mas pensado desde muito
antes disso.
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