Eu defendo as universidades e institutos federais.
Contra o corte de verbas e a perseguição.
Defendo as Ciências Humanas.
Pensar é um direito de todos.
Inseguridad es que
la propiedad privada valga más que la vida.
Ni olvido ni perdón para los
asesinos de los artistas callejos.
Baixo o céu azul esbranquiçado do fim da manhã Benito
olha o que ele pensa ser uma espécie de pita e, surgindo do nada, um ser das
trevas mediúnicas lhe diz:
- Ouça, amigo, esta fala.
Sem esperar qualquer resposta pega o celular e põe
para ele ouvir um áudio do Ministro de Justiça e Segurança Pública¹. A mensagem
do Marreco de Maringá pode assim ser resumida:
Apresentou em nome do Governo Boçalnato um projeto de
lei inovador e amplo contra o crime organizado, violento e contra a corrupção.
Deseja que o projeto tramite com urgência regularmente no congresso para que o
povo possa “veiver” em um país menos corrupto e mais seguro. “E Deus abençoe
essa grande nação”.
Após ouvir, olhei para ela. Benito também. Cada um de
seus olhos era um ponto de interrogação. Como ela não demonstrara
compreender-lhe:
- Por gentileza, posso acessar sua internete?
- Pode, claro. – Diz reticente.
Pega o celular e acessa o vídeo B de Balbúrdia². Ela
escuta apenas cinco minutos, desliga o aparelho e diz:
- Num posso achar ingraçado. Ucara tánus Estados
Unidos. A gente tá aqui a mercê de linha dos tiros. Sou brasileira, com B maiúsculo.
- O humor não é para rir sem saber o porquê³. O humor
é para ver; como diz Benvido Siqueira: “Se a gente não olhar a gente nem vê.”.
Então há que olhar para ver.
- Eu sei uquê ele tava dizeno. Mais colocô um fundo
de risos. Pra quê?
Olho seus olhos. Benito também. Parecem brilhar, mas
o que há é um vazio. Benito diz-lhe:
- Boa pergunta. Só vendo o vídeo até o fim e ouvindo
a fala do Gregório para saber. – Olho os olhos dela. Benito também. Vazios. –
Peço sua permissão para eu poder ir-me embora.
- À vontade.
Saímos do Parque Ipanema e paramos diante de um
canteiro de flores com borboletas sobrevoando-as. Depois Benito vai ao Feirarte.
Acompanho a ele. Nem no Caralivro quero saber dessa pessoa.
Na mesa do quiosque do Marcelo bebo um coquetel com
caqui e escrevo em espanhol e português uma pequena série de quadras sem
nenhuma ligação direta entre elas.
Em seu vestido cinza
/ En su vestido gris
Choveu-se tanto
/ Se llovió tanto
Que à nuvem cinza
/ Que a la nube gris
Uniu-se a escoar pela cidade. / Se unió a escurrir por la ciudad.
Sentar-me comigo
/ Sentarme conmigo
Ver minha penumbra
/ Ver mi penumbra
Abrir-me como um figo
/ Abrirme como un higo
Atravessar meu umbral. / Atravesar mi umbral.
A lua cresce
/ La luna crece
Cresce-te aluno.
/ Crecé alumno
O sol brilhará
/ El sol brillará
Brilha-te e te soltes. / Brillá y soltá.
Minha tão linda e amada bandeira / Mi tan linda y amada bandera
Acoberta o sangue indígena / Encubre la sangre indígena
Das veias roubado à madeira / De las venas quitadas a madera
Você não merece ação tão indigna. / Usted no merece acción tan indigna.
As intempéries da vida / Las intemperies de la vida
Buscam fazer-me resiliente / Buscan hacerme resiliente
Recuso pôr voz sofrida / Recuso poner voz sufrida
Nem me vejo penitente. / Ni me veo penitente.
Ofereço como presente aos aniversariantes:
Danielle Grego e Hebert Gabriel.
Ofereço como presente de boas vindas aos meus mais recentes
contatos no fb:
Eraldo Maia, Carlyle Assis, Cesar P. Dezordi, Jaqueline Carla, Edilaine
S. Peres, Mario Antonio, Leila Marques, Mesquita Matos e Valdiene Gomes.
¹ TVUOL. Moro
Responde a Maia e Pede Urgência em Tramitação de Pacote Anticrime.
Disponível: https://www.facebook.com/UOLNoticias/videos/moro-responde-a-maia-e-pede-urg%C3%AAncia-em-tramita%C3%A7%C3%A3o-de-pacote-anticrime/2642725409074978/.
Acesso 25 Mai 2019.
² GREG NEWS. B de
Balbúrdia. Disponível https://www.youtube.com/watch?v=Ns6KcF2mnGo&feature=share
. Acesso 25 Mai 2019.
³ Diquinha de Português – Porquê:
Esta forma representa um substantivo. Significa causa,
razão, motivo.
Sendo o porquê um substantivo ele é usado quando precedido
por um artigo, um numeral ou um pronome adjetivo.
“O humor não é para rir sem saber o porquê”.
“O” é artigo definido masculino e “porquê” é um substantivo
que se trocado por motivo, causa ou razão o sentido não se perde: O humor não é
para rir sem saber a razão.
Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo
domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor de Português, Literatura,
Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias
do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de
Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos
artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”,
“Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua
Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do
Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões,
Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Imagem:
Pita – foto do autor;
Flores e borboleta – foto do autor;
Rubem – foto de Vinícius Siman.
Poemas escritos e trabalhados entre a manhã de 31 de
dezembro de 2018 e 26 de maio de 2019. As quadras não têm ligação entre si; cada
uma tem sua independência e força por si. A prosa foi criada e trabalhada entre
os dias 25 e 26 de maio de 2019.
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