ou PANDEMIA DE IMBECIS
- You believe in God?
- Yes, I believe.
- I doubt it, you speak ill of
religions.
- Religion
and God are not the same.
Not everything needs to be
said,
not all advice is blessed.
Em Português:
O peso dobrado do corpo magro. A lentidão nos movimentos. Passos
cansad… não, desanimados. Nas folhas das árvores tremulando ao
vento há mais vigor.
Pensa no Naná Pedregulho: Ipatinga vende o povo à Morte. Prefeito
autoriza: partindo de oito de abril o comércio na cidade abriu de
dez às dezesseis horas. Mas isso não reduzirá o número de
pessoas. Ao contrário, as fará aglomerar-se. Promete no primeiro
Domingo da Páscoa um evento no Parque Ipanema.
Assim, a Ressurreição de Cristo é a morte dos cristãos.
Nas folhas das árvores tremulando ao vento há mais vigor.
Para onde olha só vê nuvens brancas num espaço azul encardido. O
sol lhe queima por inteiro.
- Afrodildo!
Olha quem lhe interrompe.
- Você tem dildo afro ou é dildo da Afrodite?
Ainda olha e decide não escutar. No lugar disso pensa na mãe e a vê
lavando roupas em um tanque enquanto cantava. Não eram músicas
desleixadas ou sem propósito. Eram cantigas moldadas no sofrimento.
A cada esfregada nas roupas… uma lágrima de labuta.
Há que voltar a casa, mas sonha ver-se tremular como as folhas. Mas
os sonhos morrem. Ele tem o que fazer. Para quê? Apenas tem o que
fazer. Pois aprendera com a mãe: pequenas vitórias em uma vida de
grandes derrotas.
Levanta-se da grama, sorri com os lábios, só com os lábios e
volta. O vento lhe afaga, mas ele não é folha.
- Afrodildo!
Rosto impassível, olhar desinteressado.
- Você crê em Deus?
Rosto impassível e olhar desinteressado, pensa se responde ou não.
- Sim, acredito.
- Mas você vive falando mal das religiões, critica elas o tempo
todo.
- Não, quem não gosta de religião é o autor. Sou apenas
personagem desta história. E suas palavras é um dos motivos dele
antipatizar-se pelas religiões. As pessoas não sabem distinguir
Deus de religiões.
- Não acredito em você…
- Naturalmente. Joguei-te na cara teus preconceitos e ignorâncias.
Por outro lado, estou acostumado com os mais jovens crendo-se mais
sabidos que os mais velhos.
Ainda de pé na grama, sorriu com os lábios, só com os lábios, e
volta. O vento lhe afaga, mas ele, apesar de não ser folha, vai-se
embora com o vento.
- Afrodildo!
Já sem muita paciência para outra vez, mas sem olhar para trás.
- Você disse que sou ignorante e mau. Mas pelo que vi no Caralivro é
você que não quer a reabertura do comércio em Ipatinga. As contas
não param só por causa do coronavírus.
- A história mundial sempre mostra que a solidariedade é algo
praticamente inexistente. A maioria absoluta dos que se creem
solidários apenas o são em dados momentos. Espero que um dia seja
diferente, mas não o será nos próximos séculos, pois o ser humano
é lento para evoluir.
- E você se acha evoluído.
Ignora o comentário e continua:
- Minha casa é frequentada por jovens. Eles, assim como o senhor,
usam muito a palavra “evoluir” – eu também a usei bastante
quando mais novo –, mas não sabem como isso acontece, apenas se
vêm aperfeiçoando sem se darem conta que isso é em determinado
momento ou situação; não no cotidiano. Não é uma crítica aos
jovens de hoje, pois foi assim comigo.
- Então… Então é só ninguém ir lá comprar.
- O problema é que a ignorância é a essência do povo. É tão
mais fácil ser gado.
- Você nos ofende o tempo todo. Por isso ninguém gosta do que você
escreve.
- Se digo a um intelectual ou sábio que ele é burro e imbecil estou
ofendendo. Se digo a um ignorante que ele é isso, um ignorante, o
sujeito se sente ofendido apesar de ser verdade. E quem está falando
aqui não sou eu, já disse. É o autor quem escreve. Mas se não
gostam, paciência. Se não gostam é porque a verdade é feia; feia
como a ofensa e a ofensa é feia e má. Mas ao contrário desta a
verdade não é má. A verdade é a verdade; só isso.
- Me dá um conselho.
Ainda de costas: Nem tudo precisa ser dito. Nem todo conselho é
bendito. – Após isso se mantém em silêncio enquanto sai.
As folhas de árvores molhadas de chuva brilham com o pouco sol do
momento.
En español:
MANTENEOS EN SILENCIO
o PANDEMIA DE IMBÉCILES
El peso doblado del cuerpo
flaco. La lentitud en los movimientos. Pasos cansad… no,
desanimados. En las hojas de los árboles temblando al viento hay más
vigor.
Piensa en Naná Pedregullo:
Ipatinga vende el pueblo a la Muerte. Alcalde autoriza: el comercio
de la ciudad puede abrir de diez a cuatro de la tarde. Pero eso no
reduzirá el número de personas. Al revés, las hará aglomerarse.
Promete en el primer Domingo de Pascua una festividad en el Parque
Ipanema.
Así, la Resurrección de
Cristo es la muerte de los cristianos.
En las hojas de los árboles
temblando al viento hay más vigor.
Adonde mira solamente ve nubes
blancas en un espacio azul mugriento. El sol lo quema por intero.
- ¡Afroverga!
Mira quien lo interrumpe.
- ¿Tenés
verga afro o es la verga de Afrodite?
Todavía lo mira y decide no
lo escuchar. Sin embargo piensa en la madre y la ve lavando ropas en
fregadero mientras cantaba. No eran músicas descuidadas o sin
propósito. Eran canciones moldadas en el sufrimiento. A casa
refregada en las ropas… una lágrima de lucha.
Hay que volver a casa mientras
sueña temblarse como las hojas. Pero los sueños se mueren. Él
tiene mucho que hacer. ¿Para
qué? Solo tiene lo que hacer. Eso
porque aprendiera con la madre: pequeñas vitorias en una vida de
grandes derrotas.
Se
llevanta de la hierba. Sonreí con los labios, solo con los labios, y
vuelve. El viento le acaricia, pero él no es hoja.
-
¡Afroverga!
Rostro
impasible, mirada desinteresada.
-
¿Creés en Dios?
Rostro
impasible y mirada desinteresada, piensa si contesta o no.
-
¡Sí, creo!
-
Pero vos estás simpre hablando mal de las religiones, la critica el
tiempo todo.
-
¡No! A quien no le
gustan las religiones es al autor. Solo soy personaje de esta
historia. Y sus palabras son uno de los motivos de él antipatizarse
por las religiones. El pueblo no sabe distinguir Dios de religiones.
-
No lo creo…
-
Es natural. Eché en tu cara tus prejuicios e ignorancias. Y tambíen
estoy acostumbrado con los más jóvenes creyéndose más sabidos que
los mayores.
Todavía
de pie en la hierba, sonrió con los labios, solo con los labios, y
vuelve. El viento le acaricia, pero él, a pesar de no ser hoja, sale
con el viento.
-
¡Afroverga!
Ya
sin mucha paciencia deja otra vez de caminar, pero sin mirar atrás.
-
Decís que soy ignorante y malo. Pero he visto en el Caralibro que vos no
quiere la abertura del comercio en la ciudad. Las cuentas no paran
solo por causa del coronavirus.
-
La historia mundial siempre muestra que la solidarieda es algo
practicamente inexistente. La
mayoría absoluta de los que cren solidarios solo lo son en ciertos
momentos. Espero
que un día no seas más así. Sin embargo eso no será en los
próximos siglos, pues el ser humano es lento para evolucionarse.
-
Y vos se creés evolucionado.
Ignora
el comentario y continúa:
-
Mi casa es frecuentada por jóvenes. Ellos, así como usted, usan
mucho la palabra “evolución” – también la usé bastate cuando
pibe –. pero no saben como eso ocurre. Solo se ven
aperfeccionándose sin percibieren que eso es en deteminado momento o
situación; no en lo cotidiano. No es una crítica a los chavales de
hoy, pues fue así conmigo.
-
Entonces… Entonces es solo nadie salir de compras.
-
El problema es
que la ignorancia es la esencia del pueblo. Es tan más fácil ser
ganado.
-
Vos nos ofendés rato tras rato. Por eso a nadie le gusta tu escrita.
-
Se digo a un intelectual o sabio que él es imbecil estoy
ofendiendole. Se digo a un ignorante que él es eso, un ignorante, el
tipo se siente ofendido a pesar de ser verdad. Y en esta charla quien
habla no soy yo, ya lo dije. Es el autor quien escribe. Pero se no
les gusta, paciencia. Si no les gusta es porque la verdad es fea; fea
como la ofensa y la ofensa es fea y mala. Pero al revés de esta la
verdad no es mala. La verdad es la verdad; solamente eso.
-
Me da un consejo.
De
espaldas todavía: Ni todo necesita ser dicho. Ni todo consejo es
bendecido. – Tras eso se mantiene en silencio mientras sale.
Las
hojas de los árboles mojadas de lluvia brillan con el débil sol del
momento.
Ofereço como presente aos aniversariantes:
Sérgio Campos e Renato Napoleão.
Recomendo a leitura de:
“A Peste. 2024. Parte 7”, de Javier Villanueva:
“A Certeza de Sermos Menos que Pouco”, de António MR Martins:
O pensamento de Afrodildo em relação à mãe são palavras que
Rômulo Gomes me passou através do fb na manhã de 07/4/20.
É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes.
É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias
do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”,
“Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura
e Literatura”.
Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso
Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo –
Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é
Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração
do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”.
Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga
MG (representando a Literatura).
Imagem do autor pelo autor.
Manuscrito em 17/9/19. Trabalhado entre os dias 24 de março e 12 de
abril de 2020.
Um comentário:
Muito profundo o texto. O Cristo não ressuscita se o matamos na vida humana, vegetal...
Mantemo-nos em silêncio, por enquanto. Não o silêncio da omissão ou da indiferença, mas o da reflexão, da serenidade...
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