Minhas impressões durante a oficina “Varal de Poesia”,
ministrada por Sandra Bittencourt nos dias 29-
no Centro Cultural Usiminas durante o 4º Salão do Livro do Vale do Aço.
O que põe uma coisa no jeito? É a palavra.
Muito apreendi e quase integralmente foram coisas introspectivas, como os olhares, as lágrimas, as palavras, os sorrisos dos meus colegas participantes. E os meus próprios sorrisos, lágrimas e olhares? Ah! Esses estão em meu coração. E o meu coração se faz visível em minhas escritas.
Pegue um objeto. Vamos, por favor, pegue. Qualquer um. Jogue-o no chão. Pegue-o de novo. Abra a mão. O que esse último ato lhe diz? Eu, você e todos os outros aprendemos através dos sentidos e para tanto é preciso se abrir para si, para o novo, para o mundo. Eu e você. O outro
Segundo nos foi contado por Sandra algumas tribos indígenas do Brasil e mais ainda em muitas tribos africanas quando nasce uma criança cada membro da tribo sai pela floresta ou pela tribo buscando sons e objetos para apresentar ao recém nascido. O som, imagem ou objeto que atiçar o bebê será sua matriz de vida. Não deixando nunca se perder a matriz para que toda vez que se fizer necessário à criança/jovem/homem ou mulher/idoso tem onde se refugiar por um tempo, onde se fortalecer para resistir, persistir.
Quem sou eu? Da palavra Rubem descobri que sou possessivo, individual, imperativo, acusatório, positivo e tanto mais. Eu, meu, me, um, réu, reme, bem, em, ué, buuum, bumbum, breu.
O que atrapalha uma coisa? É a palavra.
Acabou
Se não me escuta não vou te chamar
Do carnaval se desbota para 4ª feira de cinza
Acabou
Minha dor criança
Minha dor humana
Acabou
Nunca bateram à minha porta
Recomeço então o vôo da borboleta
Acabou
Voa minha alma
Oferecendo a si.
Encontrei num dia de semana
Numa manhã de sol
Uma fada vestida de cor
Com um pandeiro mágico
Ela se despiu
E me deu de si
Numa música
Num jogo de palavras
Depois se foi
Tocando seu pandeiro mágico
Deixando-me seu vestido
Sob as folhas de uma árvore
Que uma vez soltas
Voam e não voltam
Ó deficientes
Com aleijões no amor
Na audição, na visão
Não digo os surdos ou cegos
Mas os que não sabem amar
E não sabem serem amados,
Ouvir, ver, tocar, aspirar, experimentar
Acorde!
A cor é você quem dá.
Encerro nossa conversa com o ensinamento de Guimarães Rosa “Silêncio é a pessoa grande demais”.
O que mantém as coisas no seu melhor estado? É a palavra.
Palavrapalavrapalavrapalavrapalavrapalavrapalavrapalavrapalavrapalavrapalavra.
Um comentário:
Que lindo!
Revivi a oficina agora...
Parabéns, soube condensar um texto, quatro dias de pura magia!
Um abraço,
Adriane
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