domingo, 18 de fevereiro de 2018

COMO A VIDA

COMO LA VIDA


Leitura em português e espanhol do cronto no canal aRTISTA aRTEIRO:

Em português

Choveu na madrugada; forte, mas rápido. O horário de verão findou-se, mas a luz do sol não se iniciou. Levanto-me para realizar minhas obrigações; fiz café cantando as músicas de sempre. Passeei com os cachorrinhos. Voltei. Saí. Voltei. Li alguma coisa. Saí.

- Minha condição humana se perdeu mais do que Gregório Samsa perdeu a sua.
- Não seja presunçoso. Quem é você para se comparar a um ser, mesmo que ficcional?
- Não me dói ouvir isso. Não deveria, mas o ser humano se acostuma a ser nada. Não me dói... Não deveria, mas estou anestesiado.
Alexandre Moreira canta no Feirarte e penso em periquitos... Penso em ausência de tanquinhos... Penso em uma palavra semelhante a glúten; é a parecida que me agrada.
- Você me deseja?
- Sim.
- Me ama?
- Não.
- Sabe algo sobre mim?
- O que sei é que a vida é longa, mas pouco produtiva.
E volto para casa.
Sozinho.

O que quero não posso sequer dizer. Tudo tem ouvidos e bocas para me criticar. Sequer pouco questionam. E os ouvidos escutam, mas não ouvem. E as bocas se voltam contra mim. O horário de verão findou-se, mas a luz do sol não se iniciou. Misteriosamente o relógio não se modificou automaticamente. Assim como a vida.


En español:

Llovió en la madrugada; un rato, pero fuerte. El horario de verano se finalizó, sin embargo la luz del sol no se inició. Me levanto para realizar mis obligaciones; preparo el café cantando las músicas de siempre. Paseo con los perritos. Vuelvo. Salgo. Vuelvo. Leí una cosa. Salgo.
- Mi condición humana se perdió más que la de Gregorio Samsa.
- No seas presumido. ¿Quién es tú para compararse a uno ser, mismo que ficcional?
- No me duele escuchar eso. No debería, pero el ser humano se acostumbra a ser nada. No me lastima… No debería, pero estoy anestesiado.
Alexandre Moreira canta en el Feirarte y pienso en pericos… Pienso en ausencia de bellos cuerpos… Pienso en una palabra semejante a gluten; es la parecida que me gusta.
- ¿Me deseas?
- Sí.
- ¿Me quieres?
- No.
- ¿Sabes algo sobre mí?
- Sé que la vida es larga, pero poco productiva.
Me vuelvo a mi casa.
Solo.

Lo que quiero no puedo tener. Todo tiene oídos y bocas para criticarme. Siquiera poco cuestionan. Y lo oídos escuchan, pero no oigan. Y las bocas se vuelven contra mí. El horario de verano se finalizó, sin embargo la luz del sol no se inició. Misteriosamente el reloj no se modificó automáticamente. Así como la vida.


Ofereço como presente aos aniversariantes:
Mª Fátima W.L. Macedo, Imperatriz B.W. Leite, Cleucy N. Afonso, Meire Alves, Paulo R.F. Campos, Túlio Silva, Joubert B.E.Q. Israar, Roseli Marques, Sidney Muniz, Alex de Sá, Dinei Gonçalves, Orlando Júnior e Helena L. Lopes.

Recomendo a leitura de
“As Perguntas Fundamentais para a História”, de Sued:
“Senhor e Você”, deste macróbio que vos escreve:
“João Carlos Martins”, de António MR Martins:
“Brasil, Entre la Catastrofe o Uma Salida Popular”, de Javier Villanueva:

 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Foto de Rubem Leite do cartão de visitas criado por Jeferson Adriano.


Manuscrito na tarde de 26 de novembro de 2017. Trabalhado entre 13 e 18 de fevereiro de 2018.

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