segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

POETAS

solidão...

não creio como eles crêem,
não vivo como eles vivem,
não amo como eles amam.

morrerei
como eles morrem.

YOURCENAR.


Nena de Castro,
Que coisa mais feia
Escritor não ter pele de alabastro;
Coisa mais sem eira nem beira.

Coisas meigas e lindas
Tem que ser de olhos azuis
Para serem dignas de lidas,
Não herança de tições.

Entendeu? Captou a mensagem?
O quê? Não compreendeu a lição?
Isso é que não é sacanagem.

É no que se diz nas entrelinhas
Que se capta preconceito ou fraternidade
E não nas belas palavras de estrelinhas.


Ofereço como presente para
Antonio Netto, Thaís L.M. Almeida, Vera Almeida, Ivone Piló, Alexandre Farah, Graça Costa, Bras Sarb, Raul F.M. Leite, Gloria Silva, Lilian Farias, Fabiano F. Barbosa, Iuri Cupertino e Celma Anacleto.

Escrito entre 26 de novembro de 2013 e 27 de janeiro de 2014.


YOURCENAR, Marguerite. Solidão. Na página Fábrica de Escrita do facebook – 14-12-13.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

POR ENTRE AS GRETAS

Obax anafisa.


O tempo é primo do vento:
Invisíveis
Mas perceptíveis.

No coração dos apaixonados
O tempo
É quase inalterável.

Ah, o tempo incomodado
Em seu passatempo
Que passa exagerado.

O tempo é cruel
E descompassado
Não respeita a criança alheia ao relógio.

Nem o velho
Inerte ao passo desbotado
Do tempo que passa ao seu lado.
ARTHUSO.



Em português

Pela janela as nuvens cinzas gretadas por rubros raios voam nem felizes nem infelizes. Somente voam. Abro a janela e os cantos dos pássaros entram e se alojam em meus ouvidos. Ainda assim fico em meu quarto.

Pela janela o vento dança e balanga
De frente, de lado e de ré
E nenhuma fruta cai do pé
Dos lindos galhos de manga.

Não quero falar de nada
Mas no meu calar escrevo direitos versos
Sobre seus presentes que são anversos
Mas apenas sinto “de nada”.

“Mas a condição humana é a de transcendência”. – Ouço pela internete o professor José Márcio Barros ministrando a palestra ‘Os desafios de ser conselheiro de cultura’. E me pergunto: Por quê? Misteriosamente, ou não, ele responde de imediato: “Sim, a condição humana é de transcendência porque o ser humano não cabe em si”.
Minha coluna se desconforta, olho para a porta enquanto penso.
E penso que tenho uma corujinha de estimação. Ou talvez ela seja uma amiga. Quem sabe o que se passa no coração das corujas? Todas as madrugadas a gente se vê quando saio com meu cachorrinho Vitório para passear e ela fica dando uns rasantes nele. Uarrarrá! Hoje ela veio nos acompanhando até a porta de minha casa. Esperou-nos pousada no asfalto e depois foi para o poste. Quando fechamos o portão ela se foi.


En español

Por la ventana las nubes gris grietadas por rayos rubros vuelan ni felices ni infelices. Solamente vuelan. Abro la ventana y los cantos de los pájaros entran y si alojan en mis oídos. Aun así me quedo en mi habitación.

Por la ventana el viento baila un tango
De frente, de lado y de atrás
Y ninguna fruta cae del pié
De las lindas ramas de mango.

No quiero hablar de nada
Pero en mi callar escribo derechos versos
Sobre sus regalos que son anversos
Pero solamente siento “de nada”.

“Pero, la condición humana es a de la trancedencia”. – Oigo por la internete el profesor José Marcio Barros ministrando la palestra ‘Los desafíos de ser consejero de la cultura’. Y me pregunto: ¿Por qué? Misteriosamente, o no, él contesta de inmediato: “Si, la condición humana es a de la trancedencia porque el ser humano no cabe en sí”.
Mi columna se desconforta, miro la puerta mientras pienso.
Y pienso que tengo una lechuzita de estimación. O tal vez ella sea una amiga. ¿Quién sabe lo que pasa en el corazón de las lechuzas? Todas las madrugadas a gente se ve cuando salgo con mi perrito Vitorio para pasear y ella se queda dando vuelos rasantes en él. ¡Uajajá! Hoy ella vino nos acompañando hasta la puerta de mi casa. Nos esperó posada en el asfalto y después voló para el poste eléctrico. Cuando cerramos la puerta ella se fue.


Ofereço como presente de aniversário a
Diana Duarte, Dalgreis Lage, Mariana Cheloni, Suely E. Nascimento, Fernando Pires e Chrystian Stocler.

Escrito entre el día 23 de noviembre de 2013 y el día 20 de enero de 2014.


ARTHUSO, Joe. Reflexões do tempo ao vento. Postado em feicebuque.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

PREVISÕES

Obax anafisa.


Em português:

- Boa tarde! Eu sou Madame Destino e o senhor... O senhor é Dr. Bobo.
- Como sabe?
- Madame Destino sabe tudo. O passado, o presente, o futuro…
- Que medo!
- Não há que ter medo. Só se não me pagar. Rirri! Me pagará?!
- Va-vamos ao meu futuro. – Fala com medo – Leia, por favor.
- O senhor... O senhor... seu futuro está nublado, com nuvens escuras... VEJA! Estou vendo. O senhor será fisgado feito um peixe.
- Co-como?
- Ao descer por uma escada escorregará em uma casca de banana e uma loira se...
- O que tem ela?
- Rirri! Ela o conduzirá ao pé do altar. Rirrirri!
-E ela será bonita?
Madame Destino tira outra carta e fala
- O senhor a amará e ela porá no mundo três crianças.
- Serei pai? – Pergunta feliz.
- Aaam... Se quiser acreditar nisso... Rirri!
- Como? Não escutei direito.
- Madame Destino não disse nada. Foram os sussurros dos espíritos...
- Ah tá! E eu ficarei rico no meu trabalho? Minha família e eu conheceremos a felicidade? E meus sócios, investirão muito na fábrica? E os clientes comprarão muitos produtos nossos e contratarão nossos serviços?
- Sim! Para tudo que perguntou a resposta é sim. Até...
- Até?
- Até conhecer uma jovem muito linda, muito inteligente, muito habilidosa e...
- Ai, meu Deus! Quantas reticências. Diga logo, diga tudo.
- Vou ler as cartas de novos.
- Sim, sim, por favor!
- Seu porco imundo! Seu vagabundo vadio! Seu ladrão bandido! Seu... Seu... Político! – Madame Destino rasga as cartas em mil e joga os pedacinhos na cara do homem enquanto o amaldiçoa:
- Minha filha não. Jamais! Vai nascer minhocas, vermes e formigas no seu troço de mijar até ele cair.
- Não, não! Socoooooooooooorro!
- Sim, siiiiim! Rirrirri, rarrarrá!


En español:

- ¡Buenas tardes! Yo soy Madame Hodo y usted… Usted es Don Tonto.
- ¿Cómo sabe?
- Madame Hodo sabe todo. El pasado, presente, futuro…
- ¡Qué miedo!
- No hay que tener miedo. Solo si no me pague. ¡Jejejé! ¡¿Me pagará?!
- Va-vamos a mi futuro. – Habla con miedo – Va a leer.
- Usted… Usted… su futuro está nublado, con nubes oscuras… ¡OJO! Estoy viendo. Usted será agarrado hecho el pez que se cambia pescado. ¡Jejejé!
- ¿Có-cómo?
- Bajará por una escalera y resbalará en una cáscara de plátano y una rubia si…
- ¿Ella qué?
- ¡Jejejé! Ella lo conducirá al pié del altar. ¡Jejejé!
- Y ella, ¿será bella?
Madame Hodo saca otra carta y habla
- Usted la amará y ella pondrá en el mundo tres chicos.
- ¿Seré padre? – Pregunta feliz.
- Aaan… Si así crees… ¡Jejejé!
- ¿Cómo? No escuché.
- Madame Hodo no lo dice nada. Fueron los susurros de los espíritus…
- Aaan… ¡Bien! Y mi trabajo, ¿yo haré fortuna? ¿Mi familia y yo conoceremos la felicidad? Y mis socios, ¿pondrán mucha plata en la fábrica? Y los clientes, ¿comprarán muchos productos nuestros y contratarán nuestros servicios?
- ¡Sí! Todo que preguntó la respuesta para cada una es ¡sí! Hasta…
- ¿Hasta?
- Hasta conocer una muchacha muy guapa, muy inteligente, muy habilidosa y…
- ¡Ay Dios mío! Cuantos puntos suspensivos. Diga más. Diga todo.
- Yo me voy a leer las cartas.
- ¡Sí, sí, por favor!
- ¡Su cerdo sucio! !Su pescado muerto! ¡Su bandido criminoso! Su… Su… ¡Político! – Madame Hodo rasga las cartas en mil trozos y las tira en la cara del hombre echándole pestes:
- Mi hija no. ¡Jamás! Va a nacer en su equipo de mear gusanos, urugas y lombrices hasta él caer.
- ¡No, no! ¡Socoooorro!
- ¡Sí, síííí! ¡Jejejé, jajajá!


Ofereço como presente de aniversario a:
Elis Nunes, Rair Anício, Valéria Alves, Christiano Santos, Fernando Vale, Felipe Wallace, Srta. Valente, Daniele Roza, Douglas Brasil, Karine Morais, Laércio Louro, Nanda Abrahão e Marrione Warley.
Sucesso Perna de Palco,

URDUME é um ebook de poesias para exorcizar lamentos de amor, raiva e dor exacerbada através de sentimentos apurados e de um posicionamento significativo no mundo.
Obra bilíngüe (português e espanhol) de Rubem Leite; publicada pela editora CÍRCULO DAS ARTES. Ilustração de Bruno Grossi. Revisão de Cida Pinho e Lilian Ferreira.

Escrito originalmente en español y entre los días 19 de noviembre de 2013 y 06 de enero de 2014.
Revisión en español: Valdiene Gomes.


Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

CANDELABRO E LAMPIÃO Ou A FERÊNCIA DE OUTREU

Obax anafisa
e bom 2014!


Candelabro... Acho lindo “candelabro”. Desejo que o novo ano que se inicia seja assim, um can-de-la-bro. Mas só conheço lampião. Então será um lampião que irei acender para você e para cada um que me lê. Pois sou ou serei como Bandeira proclama:

Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito,
Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito bem engomada, e na primeira esquina passa
um caminhão, salpica-lhe o paletó ou a calça de uma nódoa de lama:
É a vida

O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.

Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as virgens cem por cento e as amadas que envelheceram sem maldade.

Para se perceber o outro é mister buscar o outro; sair do conforto individualista mesquinho para uma política de convivência. Não é, contudo, perder a individualidade, não é deixar de ser. É ser “outreu”, ou seja, outro mais eu.
Para tanto é necessário se engajar. E meu engajamento se faz lendo e escrevendo. Se faz na arte, da arte, pela arte. Minha ação é menos física que dos artistas cênicos e ao mesmo tempo tão ativa quanto. Assim, leio para ver o não visível; como um vidente de olhos vendados percebe o mundo pela audição, olfato, tato, paladar e dessa forma ver. Escrevo para me possibilitar e me permitir ser visto.
O fazer-me visível não deixa de satisfazer minha necessidade de ser reconhecido. No entanto, a ultrapassa por buscar o outro em uma ação paralela do ser engajado.
E porque tudo é texto – o corpo é instrumento de escrita, uma mídia. Cada órgão e membro é uma palavra e as ações formam\apresentam história. Cada palavra nova é nova proposta política, é uma “ferência”: interferência, transferência, referência e o neologismo intraferência.
E porque tudo é texto eu serei... eu sou um lampião que se acende para você. Mas talvez seja apenas pretensão. Sendo ou não eu me entrego e me deixo possuir em palavras. E te sujo.

furo
na
saia
da
madrugada:
aurora


Ofereço como presente de aniversario a:
Marcelo Rocha, Elton L. Macedo, Ana Lúcia, Edson Nascimento, Claudio Oliveira, Eddy Fonseca, Rafael Fontes, Loraidan Anjos e Pedro Apk.
E sucesso para o Pé de Cabra Coletivo.

URDUME é um ebook de poesias para exorcizar lamentos de amor, raiva e dor exacerbada através de sentimentos apurados e de um posicionamento significativo no mundo.
Obra bilingüe (português e espanhol) de Rubem Leite; publicada pela editora CÍRCULO DAS ARTES. Ilustração de Bruno Grossi. Revisão de Cida Pinho e Lilian Ferreira.
Vou ficar muito contente se você comprar e divulgar. Bruno, Cida e Lilian também se encantarão.

Escrito entre 08 de novembro de 2013 e 06 de janeiro de 2014.

O poema é Nova Poética, de Manuel Bandeira.

Parte do cronto é fruto de um processo experienciado no Espaço de Convívio promovido pelo Hibridus (grupo de dança em Ipatinga MG) nos dias 01 a 09 de dezembro de 2013 e com provocações de Joubert Arrais e Micheline Torres.


Em banto, obax anafisa significam flores e pedras preciosas. O texto é minhas flores para você e faço votos de que encontre nele pedras preciosas.