domingo, 25 de julho de 2021

SANHA DOS SONHOS

  

Sentado, olho para cima a admirar o ipê rosa e o céu azul pálido. Comigo estão meus pensamento e sentimentos; tristes e agourados. Estão também O Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato mais A Língua de Eulália, de Marcos Bagno para me consolarem e fortalecerem.

Esteve na Praça Primeiro de Maio (Ipatinga) uma barraca para alistar apoiadores para Boçalnato. Uma musiquinha rezava “os comunistas vão fugir, esconder”. Não me passa pela cabeça como alguém possa querer destruir tanto que alguém precise fugir, esconder-se...

Sei que essa é a prática.

É como define Nietzsche (ou como escreverei doravante: Nite) “Ser forte é ser mau. Ser bom é ser fraco”. Partindo do que ainda mais falou Nite no seu livro O Anticristo compreendo: o “deus” no judaísmo, cristianismo e islamismo teve três involuções.

Primeiro era um deus forte e invadiu Canãa e exterminou toda a população. Toda! Homens e mulheres: crianças, jovens, adultos e idosos. Era um deus mal, portanto, forte. Quando o Catolicismo tinha poder usava de violência como bem nos mostra a “santa inquisição” mais a sua ação na América Latina e o protestantismo na América do Norte; como mostra o cristianismo na África, Ásia, Oceania.

Depois tornou-se um Deus praticante do bem e do mal: “Para que se saiba, até ao nascente do sol e até ao poente, que além de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro. Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas as coisas” (Isaías 45, 06-07). Tornou-se um deus “que rouba, mas faz”, um deus político.

Em sua terceira fase tornou-se apenas bom e o demônio passou a ser algo efetivo: o mau fazedor do mal. Deus tornou-se fraco. Justifica-se que deus permite o diabo para deixar a humanidade livre para escolher o lado que preferir. A verdade, porém, é que ele não teria força de decisão.

As religiões, para justificar sua existência, precisou promover a cisão entre o bem (fraco deus) e o mal (forte diabo). E a força para propagandear é dizer que um deus bom é o que tem de melhor.

Eu não discutiria se isso fosse a verdade: Deus bom é forte e o ideal. A verdade é, diz Nite e quem mais for pensante, que o homem é mau e pratica o mal. Criou as religiões para dar a doce ilusão de um bom futuro no céu se aceitar viver baixo a maldade alheia, pois essa é a garantia de um cantinho no Paraíso.

Dizer “o homem criou as religiões” é dizer “a humanidade criou Deus”? Não discutirei isso; por hora. Discuto as justificativas humanas para o mal; como:

Preto não tem alma. Para não irem pro inferno devem ser escravos aqui e, quando morrerem, os bons pretos merecerão ser escravos no Céu.” Mas se não têm alma, como irão pro inferno? Essa é a ignorância cristã. Não tem lógica, mas tem ganância.

Os “livros sagrados” gritam não pode homem com homem, mas se calam mulher com mulher não pode. Isso porque sexualidade feminina não se considera... O amor entre homens é vedado, mas a prática masculina do incesto, da pedofilia, do estupro, da guerra, da violência e da escravidão são aceitáveis. Por quê? A lógica é procriar mais guerreiros e produzir mais operários sem se importar com quais meios.

Já tive vontade, muita vontade de dar aula de religião:

- Alunes! Nas igrejas vocês encontrarão Satanás. Cuidado ao passarem na frente de uma; é a porta do inferno. Sabe essas cantorias e discursos que se ouvem nas igrejas? São os gemidos de agonia dos torturados no inferno e os palavrões dos demônios. 

Levanto-me e após alguns passos admiro o ipê rosa, outras árvores, a estrada, o céu azul pálido com o sol a pôr-se e os postes apagados. Tenho o que escrever para produzir pensamentos. Tenho que ensinar para promover pensamentos.

- Iguais aos seus?

Perguntaram-me, perguntam-me e hão de perguntar-me.

- Produzir pensamentos e reflexões; não cópias de minhas ideias que não sou de igreja. Produzir pensamentos e reflexões; eis a sanha de meus sonhos.

 

 

Ofereço como presente aos aniversariantes:

Emilci R. Martins e Silvia M. Coronel.

 

Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”. Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).

Imagens – fotos do autor.

 

Sem anotação de quando comecei a escrever, mas encerrado em 25 de julho de 2021.

domingo, 18 de julho de 2021

CORAÇÕES

Retrato dos corações:

  

PERIGO!

Este cronto é o último de uma novena a pensar criticamente a Bíblia. Se isso te amedronta pare por aqui. Está avisade. Se continuar será por sua conta e risco. Não me responsabilizo pelo desconforto que sentirá, pois é difícil não ser misantropo quando se tem neurônios funcionais.


Se o marido provar que não se casara com uma virgem, levará a jovem até a porta da casa de seu pai e os homens da cidade a apedrejarão até que morra.

(Deuteronômio 22, 20-21)¹

 

 

Dona Júlia é dona de casa. Estudou até o final do ensino médio e quatro anos depois casou-se com Jorge, de trinta e um anos na ocasião. Agora, aos trinta, tem oito anos de casada.

Está a maquiar-se com atenção redobrada no olho esquerdo. Pelo espelho vê a filha sentada na cama:

- Anjinho! – A mãe fala para a menina de cinco anos. – Fecha as pernas porque moça educada não senta de pernas abertas. Isso, querida. Agora fica quietinha enquanto a mamãe pega o lacinho cor de rosa para minha borboletinha.

- Marquinhos! Comporte-se! Ai, não. Você já sujou a camisa! Meninos são tão irrequietos...

- Mamãe! – Diz a filha, Carolina. – Quero a camisa do Pawer Ranger...

- Não, amor. Não é para você.

- Mas Marquinhos usa!?!

- Isso é roupa de menino. Menininhas usam roupas da Barbie.

Rapidinho terminaram de aprontar-se e saíram para a festinha.

- Mamãe, quero fazer xixi.

- Vai ali, atrás da árvore, Marquinhos.

- Também quero fazer xixi, mamãe.

- Espere um instante querida. Em cinco minutos chegamos na casa de Mariana e lá você poderá fazer xixi.

- Mas o Marquinhos pode...

- Marquinhos é menino.

A festa foi divertida. Os meninos correndo uns atrás do outro, derrubando-se uns aos outros no chão e como era uma casa ainda subiram nas árvores. As meninas correram um pouco, mas disseram as mães, isso não é comportamento de mocinhas e foram para a varanda brincarem de bonecas.

O aniversário de quinze anos de Carolina foi muito bonito. Muitas amigas, muitos rapazes, os amigos dos pais.

Já sei que não será estranho o que virá a seguir.

Para burlar a vigilância dos pais de Carolina, Renato subornou Marcos para não contar que ela beberia pela primeira vez e, claro, às escondidas.

Ao fim da festa Carolina voltou para a casa com o namorado, rapaz cinco anos mais velho e de boa família. E todo mundo sabe qual é o verdadeiro sinônimo de boa família...

No carro disse para a garota deixar a janela aberta que o verdadeiro presente seria uma surpresa que ele daria quando estivessem a sós no quarto de Carolina.

Um belo quarto rosado, com ursinhos, bonecas... Uma frescura.

Na porta da pequena mansão, Renato abriu a porta do carro para Carolina descer e Marcos – sem saber dos planos do... digamos cunhado – ajudou rindo a irmã entrar em casa para os pais não virem que estava bêbada.

No quarto, trancou a porta, abriu a janela, tirou a roupa e deitou para dormir. Ela nem pensava no que viria depois. Embriagada, não entendia que aquela noite não mais seria virgem.

O jovem cidadão de bem pulou o muro, brincou com os cachorros, foi à janela da Carolina, entrou, deu um pouco mais de bebida para a namoradinha que se resguardava pelo medo culturado pela família. Sem camisinha fez o que quis e foi embora.

Nove meses depois nasceu Ana.

Mas antes:

No primeiro mês Renato foi perdendo o interesse pela assustada Carolina: Sexo fora do casamento? Puta!

No terceiro mês ele terminou com a apavorada Carolina.

No quinto mês não tinha mais como esconder a barriga de sua família. Na mesma semana Renato foi para Estados Unidos. Por que será?

O pai comprou um apartamento de dois quartos em outra cidade, bem longe. Para a Vergonha parir e cuidar da criança sem ficar expondo a cria para todo mundo.

Dona Júlia mandava uma mesada para a Vergonha e sua cria não passarem necessidade... Amorosa! Assim se sentia quando ajoelhava para rezar.

Sem ingressar na faculdade, apesar de terminar o ensino médio, Carolina tornou-se vendedora de uma loja. E com a mesada completando o seu salário foi sobrevivendo.

Aninha estava sempre limpa, com boa alimentação, bons materiais escolares na escola pública.

Ana é o nome sem sobrenome paterno e é assim chamada na escola e na vizinhança. Nunca viu nenhum dos avós nem tios.

Em casa, cada fim de mês, quando chegam a mesada e o salário, Carolina paga as contas, faz as compras para o mês, guarda um pouco, quase nada, para isso ou aquilo que venham necessitar, compra alguma bebida e mais ou menos na metade da garrafa muda o nome da filha para Castigo e nos dias seguintes ninguém via os roxos em suas costas.

Ana fez quinze anos com uma festinha sem baile. Também deixou de ser virgem naquela noite. Após uns tapas na cara terminou a gestação e na casa passaram a morar Carolina, Ana e Luiza.

Thiago, sendo pobre, não teve como fugir e pagava a pensão estipulada pela justiça e só via filha contra a vontade.

Dona Júlia, Carolina, Ana e Luiza não foram assassinadas, não morreram, mas estão vivas?

 

 

¹ Violência contra a mulher é o ensinamento de Deuteronômio 22, 20-29.

 

Ofereço como presente aos aniversariantes:

Alex Pontes e Sarah Lombello.

 

Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”. Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).

Imagens – fotos do autor.

 

Escrito entre os dias 05 de maio e 18 de julho de 2021.

domingo, 11 de julho de 2021

PLANETA SILENCIOSO

 

Nove e meia da manhã a escola liberou a saída dos alunos e dos professores para o recreio. O sol estava com a quentura típica de quase meio de julho; um calor que queima sem aquecer. Desconfortável a céu aberto e frio à sombra.

Quase todos já tinham comido e estavam brincando. E todos embarulhando a maior parte da escola. Exceto quatro alunos; três do nono ano e um do sétimo.

Um deles é um vívido planeta com dois satélites a sair de sua órbita e indo ao encontro de um planeta silencioso.

- Deixe o monstro dormir. Não o acorde.

Riram.

- Você não me vê? Não me enxerga?

- Não!

- Então não precisa de olhos... 

- Como uma criança conseguiu machucar tanto assim?

À voz ríspida outra – baixa como um cochicho – responde:

- Todo mundo tem um monstro dormindo dentro de si. Ele acordou. Mas voltou a dormir. – Pausa. – Espero que nunca mais alguém o acorde outra vez. – Pausa. – Agora estou leve.

 

 

En español:

PLANETA SILENCIOSO

 

Nueve y media de la mañana, la escuela autorizo la salida de alumnos y maestros para el recreo. El sol estaba ardiendo, típico de casi mitad de julio; un calor que quema sin calentar. Inconfortable al cielo abierto y frío a la sombra.

Casi todos ya habian comido y estaban jugueteando. La mayoria alborotando casi todos los rincones de la escuela. Excepto cuatro pibes; tres de quince años y uno de trece.

Uno de ellos es un vívido planeta con dos satélites a salir de su órbita y llendo al encuentro de un planeta silencioso.

- Dejen el monstruo dormir. No lo despierten.

Rieron.

- ¡Vos no mirás! ¿No me ves?

- ¡No!

- Entonces no necesitas de ojos… 

- ¿Cómo un chico puede lastimar tanto?

La otra voz ríspida  – baja como un susurro – contesta:

- Todos llevan un monstruo dormido dentro de sí. El mío despertó. Pero volvió a dormir. – Pausa. – Espero que nunca más alguien lo despierte otra vez. – Pausa. – Ahora estoy liviano.

 

 

Ofereço como presente aos aniversariantes:

Cida Lima, Solange Maria, Paulo G.C. Pimenta e Pablo Figueroa.

 

Recomendo a leitura de:

“O Picapau Amarelo”, de Monteiro Lobato. Editora Autêntica.

 

Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”. Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).

Andres Garcia é revisor em espanhol. Natural da Colômbia e estudou até o quinto semestre de Licenciatura en Filosofia.

Imagens:

Desenho do monstro pelo autor; feito em 10-7-21;

Do autor pelo autor.

 

Escrito na tarde de 23 de maio de 2021 e trabalhado entre os dias 10 e 11 de julho do mesmo ano.

domingo, 4 de julho de 2021

O CASULO

  

Visita II

Dona Brabuleta inda qui maloprigunte, com tanto pé de couve no mundo, causa de quê todo dia visita o meu? E põe ovos minuscrinhos, bunitinhos, que viram lagartas devoradoras? HUMPF! Não lhe dou tais intimidades, vê se me erra! ARA!

Porque “apousas” no meu pé de couve brabuleta infeliz? Vou te dar um cascudo, bem no nariz!

O que digo, me ouve. O mundo é tão grande, voa por aí e põe seus ovinhos tão amarelinhos bem longe daqui...

(Nena de Castro)¹.

 

Em português:

 

- Ah, dona Neníssima de Castríssimo! Nem te conto. – Responde a borboleta e como todos que dizem isso ela conta tudo. – Meus filhinhos são imaturos. Tudo pobre de direita. Classe média que se acha rica e não vê que é pobre, pobre, pobre de marré, marré desci. Não são iguais a mim: Linda, delicada, mas vivida. Sendo eu resiliente sou de esquerda. Mas meus pobres filhinhos são tuuuuuuudo eleitores e fãs do Boçalnato. Por isso destroem o meio ambiente. Mas a culpa não é deles. É que quando nascem baixa neles o espírito de Ber...

- Espirito de Ber? O que é isso?

- É um demônio terrível, terrível! É a Bancada Evangélica Ruralista.

- Entendo... Continue.

- Com o espírito de Ber meus filhinhos ficam dizendo coisas como "Terra plana; vacina, quando não faz virar jacaré, implanta chip comunista". Estou triste, tão triste.

- Fica assim não.

- Estou tão tristinha, mas não demora e os colocarei na escola, sabe.

- Borboleta tem escola?

- Claro, boba. A escola é quando fazem um casulo e ficam lá lendo. Estudando Literatura, Português, História, Sociologia, Ciências etc. É assim que abre os próprios horizontes e respeita as múltiplas diversidades.

- Não é muito fechado o casulo? Tanto tempo imóvel...

- Sim, é um pouco duro. Mas melhor isso que adorar Ber.

- Educação resolve todos os problemas.

- Educação sim, mas só diploma não. Tem muita borboleta diplomada, mas com alma de lagarta. Semana passada ouvi uma lagartinha do Jardim do Palácio do Governador do Rio Grande do Sul elogiando o Escatológico Borboletofóbico, mas como a lagartinha sabe que vai virar borboleta ontem entrou no casulo.

- Isso é bom. Afinal, aprenderá muitas coisas.

- Infelizmente, o pai é doutor Jairinho e a mãe é Flordeliz. Pelo que vi daquela família só tem fruto podre. E assim a lagartinha não aprenderá nada no casulo e sairá mau caráter diplomada.

 

 

En español:

 

EL CAPULLO

 

- ¡Ah, doña Nenísima de Castrísimo! Estoy tan preocupada. Mis hijos son tan inmaduros. Son pobres de derecha. La clase media que se creen ricas y no ven que son pobres, muy pobrecitas. No son iguales a mí: Linda, delicada pero vivida. Siendo yo resiliente soy de izquierda. Sin embargo, mijos son toooooooodos electores y fans de Bozalnato. Por eso están destruyendo el medio ambiente. Pero la culpa no es de ellos. Es que cuando nacen, baja en ellos el espíritu de Reelpo.

- ¿Espíritu de Reelpo? ¿Qué es eso?

- Es un terrible demonio. Reelpo es el “Religioso en la Política”.

- Comprendo… Continúe, por favor.

- Con el espíritu de Reelpo mis hijos quedan charlando cosas como “Tierra Plana; vacuna es la causa de autismo, cambia el adn”. Estoy triste, tan triste.

- ¡No! Tienes valor. ¡Fuerza!

- Estoy muy triste pero no tarda; los pondré en la escuela.

- ¿Hay escuela de mariposas?

- ¡Sí! ¿Cómo no? La escuela es cuando hacen su capullo y se quedan leyendo alli. Estudiando Literatura, Español, Historia, Sociología, Ciencias…

- ¿No es muy cerrado el capullo? Un largo tiempo inmóvil…

- No es fácil. Sin embargo, mejor eso que adorar Reelpo.

- La educación soluciona todos los problemas.

- Educación sí, pero solo un diploma no. Hay muchas mariposas diplomadas. Pero con alma de gusano. La semana pasada oí un gusanito del Jardín del Palacio del Gobernador del Rio Grande del Sur tejiendo elogios al Escatológico Mariposofóbico. Sin embargo, como sabe que cambiará a mariposa entró en el capullo.

- Eso es bueno. Al fin y al cabo, aprenderá muchas cosas.

- Infelizmente, el padre es doctor Jairito y la madre es Flordeliz. Y aquella familia solo produce frutos podridos. Y así el gusano no aprenderá nada en el capullo y saldrá basura diplomada.

 

 

Ofereço como presente aos aniversariantes:

Edgar Soares, Rita E.M. Rocha e Neide R. Azevedo.

 

Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve todo domingo neste seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO. É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. E pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”. Autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).

Andres Garcia é revisor em espanhol. Natural da Colômbia e estudou até o quarto semestre de Filosofia.












     








Imagens:

Da borboleta e das lagartas: Erika Aviles (natural da Colômbia, artesã e fotógrafa amadora);

Do autor e do revisor (pai e filho na cachoeira): por Gustavo Drumond.


¹ Nena de Castro é escritora, professora aposentada, advogada residente em Ipatinga MG. Importante personalidade regional e pessoa a quem agradeço a Deus por ter no meu rol de amizades e de quem aprendi/aprendo muito. A historieta foi publicada em 17/01/21 no Caralivro.

 

Escrito em 17/01/21 e trabalhado no mesmo ano; revisto na metade de abril e depois nos dias 03 e 04 de julho.