domingo, 31 de dezembro de 2017

DESVIOS


Leitura em português e espanhol pelo autor no canal aRTISTA aRTEIRO:

Português

História 1

Toc toc toc. – É uma onomatopeia. Mas, ninguém responde. Toc toc toc continua o tímido chamado e a madrugada ainda está silenciosa. Eram apenas três horas.
- Abram, por favor. – Silêncio. – Sou eu, Ritinha. – Silêncio. Exceto pelas onomatopeias. E assim aconteceu por longo tempo. Onomatopeia; fala sozinha; e nada de resposta. Até que
- Cala a boca, vadia! Não te quero e não espere nada de mim.
- Chama Geleia para mim, por favor. Preciso falar com ele.
Silêncio. Onomatopeia. Silêncio.
- Aaaaaiiiiiiiiiiiiêêê! Só quero viver. Me dá uma pedra, por piedade.
Silêncio. Até ela correr pela rua gritando.

História 2*

Um burburinho.
Chega um homem e...
Arfando e com suas pálpebras trêmulas olha para um burburinho. Retira o paletó, solta-o lentamente no chão, caminha devagar, deixa-se cair no chão e rola como se dançasse ou estivesse em luta. Levanta-se; ainda meio curvado diz alguma coisa e a conclui quando todo ereto.
- Quem bulir com meu filho vai se ver comigo.
O menino sem pai arregala os olhos, cresce um sorriso, olha para os olhos do homem, dá-lhe a mão e sai de cabeça erguida com seu primeiro pai; e único verdadeiro.

História 3

- Oi, amiga!
- Oi, que-ri-da! Beijinhos, beijinhos.
- Três, pra casá!
- Já tô casada, que-ri-da.
- Verdade? Com quem, amiga?
- Com Alexandrão!
- O borracheiro?
- Não, o advogado, que-ri-da.
- Que bom. Estão felizes?
- Um pa-ra-í-so.
- E você, onde está indo com tanta pressa?
- Meu aniversário está chegando e estou fazendo os últimos preparativos. Apareçam! Você e o borrach... o Alexandrão.
- Compareceremos, sim. Que-ri-da!
- Vou indo, amiga. Até logo.
- Você está tão linda, tão bem cuidada... Mas va-idosa...
- Me chamou de idosa?
- Nããããão, imagiiiiina, que-ri-da. É que você é tão vaidoooosa. Mas pudera. Com esse corpinho tããããão lindo. Tem que ser messssmo. Mas vai, amore. Preparar a festa.


Español

Historia 1

Toc toc toc. – Es una onomatopeya. Pero, nadie contesta. Toc toc toc continúa el tímido llamado y aún hay silencio en la madrugada. Eran solo tres horas.
- Abran, por favor. – Silencio. – Soy yo, Ritita. – Silencio. Excepto por las onomatopeyas. Y así aconteció por largo tiempo. Onomatopeya; charla sola; y nada de respuesta. Hasta qué
- ¡Cállate, perra! No te quiero y no espere nada de mí.
- Llama Jalea para mí, por favor. Necesito platicar con él.
Silencio. Onomatopeya. Silencio.
- ¡Haaaaaaaaaaaay! Solo quiero vivir. Deme una piedra, por piedad.
Silencio. Hasta ella correr por la calle gritando.

Historia 2*

Un ruido.
Llega un hombre y…
Arfando y con sus pálpebras trémulas mira el alboroto. Se saca el saco, lo suelta lentamente al suelo, camina despaciosamente, lo deja caer al suelo y rueda como se bailase o estuviese peleando. Se levanta; todavía medio curvado dijo alguna cosa y la encierra mientras erecto.
- De ahora adelante, quien molestar mi hijo se quedará roto.
El menudo sin padre abre desmesuradamente los ojos, crece una sonrisa, mira los ojos del hombre, le da la mano y sale de cabeza erguida con su primer padre; y único verdadero.

Historia 3

- ¡Hola, cariño! – Hablan Juana, Sebastiana y Donana.
- ¡Hola, a-mi-gas! Besito, besito. – Contesta Ana.
- Tres, para casar. – Habla Juana: Así dicen los brasileños.
- Ya estoy casada, a-mi-gas.
- ¿Verdad? ¿Casaste con quién? – Indaga Sebastiana.
- Con Machón.
- ¿El gomero? – Se espanta Donana.
- No, con el abogado, a-mi-ga.
- ¡Qué bueno! ¿Están felices? – Charla Juana.
- Estamos bajo el cielo.
- Y tú, ¿de dónde has venido y para dónde vas? Me parece tan puta, es decir, en horas puntas. – No se cala Donana.
- Estaba en búsqueda de un salón para alquilar. Y lo he encontrado en el Club de las Cascadas. Mi cumpleaños está cerca y estoy en los últimos preparativos.
- ¡Qué lindo, cariño! – Platica Sebastiana.
- ¡Aparezcan, a-mi-gas!
- ¡Si, claro! – Charla Juana.
- Vamos a rever el gome… – Completa Sebastiana.
- … el Machón. – Enmienda Donana.
- ¡Ay ay! – Suspiran las tres y hablan juntas: Nosotras lo extrañamos…
- Iremos sí, cariño. – Dice Joana.
- Me voy, a-mi-gas. Estoy tan cargada. ¡Hasta pronto!
- ¡An… sí, Ana! Estás tan guaaaapa. – Platica Joana.
- ¿Me llamó de anciana?
- No, amiiiiiiga. Jamás.
- Es tan joooven. – Charla Sebastiana.
- Va mismo a preparar la fiesta. – Termina Donana.


Ofereço como presente aos aniversariantes:
Brauner F. Pinto, Josué S. Brito, Vitória Amaral, Francisco P. Araujo, Gerusa Melo, Marcelo Rocha, Elvira Nascimento, Marilélia R. Ezequiel, Vilma Escarlate, Homero Dias, Samanta Bela, Sarah Helena, Graca Maria, Felipe Freitas, Everaldo Nunes, Alvine Kengni, Felipe de Medeiros, Sarah Coelho, Maximiano Lagares, Carlos Antonio, Flavia Rohdt, Nathy Costa,

Recomendo a leitura de:
“Poema que Virou um Continho”, de Girvany de Morais:
“Salvo Conduto”, de Xúnior Matraga:
“Feitiço”, de Bispo Filho:
“A Quem Serve a Sensação de Impunidade”, de Josué da Silva Brito:

* Embasado no conto Pai e Filho, de Sebastião Bicalho (Prosa Gerais – Clesi). Minha versão foi criada na Oficina da Literatura à Cena, ministrada pelo dramaturgo Julio Viana no Centro Cultural Usiminas.

 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Foto de Vinícius Siman.


Escrito 14 de agosto de 2014. Trabalhado entre 20 de julho e 31 de dezembro de 2017.

domingo, 24 de dezembro de 2017

ANOITECEU

ANOCHECIÓ


Melancolia é vidro quebrado em soalho de madeira.
SIMAN, Vinícius. Melancolia.

Leitura pelo autor nas duas línguas no canal aRTISTA aRTEIRO:

Em português:

A mulher andava pelas ruas. Suas roupas tinham tantos rasgos e furos que pouco diferiria se estivesse sem nada. Ou talvez a diferença fosse como biquíni e calcinha e sutiã. São pedaços de pano de mesmo tamanho, mas na rua aquele quase vale como roupa e estes, não; não mesmo.
As lágrimas da mulher descendo pelo rosto deixam uma linha quase de lama. O sangue em suas pernas secou. – Foram doze horas após o ocorrido. – A quem falar? Ela nem cogita tal possibilidade. Para quê? Perguntas farão e nada farão; não de verdade.
A boneca descabelada que ela lavou para a filha não foi vista pelos olhos roxos e lá, naquele local, ficou.
Sentou-se nos degraus da porta de um banco. Seu cochilo se acabou com o jato d’água da mangueira dos funcionários com gorros vermelhos e pompons brancos.
Voltou a andar. A casa é longe. Talvez amanhã ela busque nos lixos dos bairros violentos – os bons, os nobres – outro brinquedo. No momento, sem outra pessoa em casa, a filha espera acompanhada pela fome. Não está sozinha... 

Foto do autor: Futuro do Parque Ipanema (Ipatinga, Brasil).
Do Parque Ipanema cercado para impedir a entrada de coisas feito ela, a mulher passava por fora. Sem olhar pelas gretas, sem nada ver e...
Uma ambulância grita no meio da tarde. Leva a mulher. Uma ninguém? Uma que já foi de um quase alguém. (Para ser alguém tinha o falo, mas a brancura rareava.).
Um carro lhe batera e... – “Já estava ferida mesmo. E isso não há de ser nada... E... ela não é alguém! E o que é nada nem ninguém não há o que sofrer.” – ... e se foi.
Longe, sua filha não é avisada.
No UPA há ninguém.
Na casa, a menina e a fome ouvem no rádio da vizinha:
Anoiteceu, o sino gemeu / A gente ficou feliz a rezar / Papai Noel, vê se você tem / A felicidade pra você me dar   / \   Eu pensei que todo mundo / Fosse filho de Papai Noel / Bem assim felicidade / Eu pensei que fosse uma / Brincadeira de papel   / \   Já faz tempo que eu pedi / Mas o meu Papai Noel não vem / Com certeza já morreu / Ou então felicidade / É brinquedo que não tem¹


En español:

La mujer andaba por las calles. Sus ropas tenían tantos rasgos y agujeros que poco difería si estuviese sin nada. O tal vez la diferencia fuese como biquini y braga y sostén. Son trozos de paño de mismo tamaño, pero en las calles aquél casi vale como ropa y estos, no; ¡jamás!
Las lágrimas de la mujer escurriendo por el rostro dejan una línea casi de lama. La sangre en sus piernas secó. – Ya pasaron doce horas después del ocurrido. – ¿A quién hablar? Ella ni cavila tal posibilidad. ¿Para qué? Preguntas harán y nada harán; no de verdad.
La muñeca descabellada que ella lavó para la hija no fue vista por los ojos morados y allá, en aquél sitio, se quedó.
Se sentó en el peldaño de la puerta de un banco. Su cabeceo se acabó con el choro del agua de la manguera de los funcionarios con gorras rojas y pompones blancos.
Volvió a andar. La casa es leja. Tal vez mañana ella busque en las basuras de los barrios violentos – los buenos, los nobles – otro juguete. En este rato, sin otra persona en casa, la hija aguarda acompañada del hambre. No estay sola…
Foto del autor: Futuro del Parque Ipanema (Ipatinga, Brasil).
Del jardín de la ciudad cercado para impedir la entrada de cosas hecho ella, la mujer caminaba por fuera. Sin mirar por las grietas, sin nada ver y…
Una ambulancia grita en medio de la tarde. Lleva la mujer. ¿Una nadie? Una que ya fuera de un casi alguien. (Para ser alguien llevaba el falo, pero la blancura no era lo suficiente).
Un coche la batiera y… – “Ya estaba herida mismo. Eso no hay de ser nada… Y… ella no es alguien. Y lo que es nada ni nadie no hay lo que sufrir.” – … y se fue.
Lejos, su hija no es comunicada.
En el hospital hay nadie.
En casa, la niña y el hambre escuchan el aparato de la vecina brasileña:
Anoiteceu, o sino gemeu / A gente ficou feliz a rezar / Papai Noel, vê se você tem / A felicidade pra você me dar   / \   Eu pensei que todo mundo / Fosse filho de Papai Noel / Bem assim felicidade / Eu pensei que fosse uma / Brincadeira de papel   / \   Já faz tempo que eu pedi / Mas o meu Papai Noel não vem / Com certeza já morreu / Ou então felicidade / É brinquedo que não tem²


Ofereço aos aniversariantes:
Juliana Novaes, Marconio Souza, Ivanete Valverde, Melyssa Freitas, Leticia A.J. Pitanga, Bill (Joaquim Tiago), Didier Ferreira, Kívia Kiara, Tatiana Brandão, Souza Maria, Wistaliano Rufino, Italo Rafael, Artur Freitas, Éderson Caldas, Deiverson Tófano, Alison W. Martins, Joyce Oliveira e Mª Clara Martins.

Recomendo a leitura de
“A Quem Serve a Sensação de Impunidade?”, de Josué da Silva Brito:
“Genaro Urbina”, de Gianmarco Farfán Cerdán:
e “Moeda de Troca”, de Xúnior Matraga:

¹ Assis Valente. Anoiteceu. Disponível https://www.letras.mus.br/assis-valente/221595/ . Acesso 09 Dez. 2017.
² Assis Valente. Anoiteceu. Disponible https://www.letras.mus.br/assis-valente/221595/ . Acceso 09 Dez. 2017. Traducción libre del autor: Anocheció, la campana gimió / El pueblo se quedó feliz a plegar / Papá Noel (o Santa Claus), ve se tienes / la felicidad para nos regalar   / \   Pensé que todos fuesen hijos de Papá Noel / Bien así felicidad / Pensé que fuese un jugueteo de papel   / \   Ya hace tiempo que pedí / Pero, el mío Papá Noel no viene / Con certeza ya murió / O entonces felicidad / Es juguete que no tiene

 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Foto de Vinícius Siman.


Escrito e trabalhado entre 07 e 24 de dezembro de 2017.

domingo, 17 de dezembro de 2017

AO DIFERENTE

AL DIFERENTE


ODIAR LAS PATRIAS
El señor K. no consideraba necesario vivir en un país determinado. Decía:
—En cualquier parte puedo morirme de hambre.
Pero un día en que pasaba por una ciudad ocupada por el enemigo del país en que vivía, se topó con un oficial del enemigo, que le obligó a bajar de la acera. Tras hacer lo que se le ordenaba, el señor K. se dio cuenta de que estaba furioso con aquel hombre, y no sólo con aquel hombre, sino que lo estaba mucho más con el país al que pertenecía aquel hombre, hasta el punto que deseaba que un terremoto lo borrase de las superficie de la Tierra.
—¿Por qué razón —se preguntó el señor K— me convertí por un instante en un nacionalista? Porque me topé con un nacionalista. Por eso es preciso extirpar la estupidez, pues vuelve estúpidos a quienes se cruzan con ella.
(Bertolt Brecht)

Leitura pelo autor no canal aRTISTA aRTEIRO:


Em português:

Olhando pela janela do escritório se vê acima dos telhados copas de mangueira, de oitis e, um pouco mais ao longe, de uma palmeira.
- De acordo com a Bíblia, Deus perdoa e abençoa os estupradores e os incestuosos.
- Sim! Estes geram filhos que serão soldados para escravizar os povos vizinhos e trabalhadores para alimentar os poderosos.
- Mas não perdoa os homoafetivos...
- Claro! Estes não geram filhos que poderão ser usados para escravizar ou trabalhar. De acordo com a Bíblia, Deus gosta do amor, mas não muito... Ele apoia a opressão e investe no ódio. Então esse Deus não perdoará.
- Entretanto, creio em Deus de Verdade e não esse ‘mito fantasioso bíblico’. Creio em Deus de Amor, de Vida e Sabedoria. Não há nada a perdoar.


En español:

Mirando por la ventana de la oficina se ve arriba de los tejados copas de mango, de oitis y, un poco más lejana, de una yagua.
- De acuerdo con la Biblia, Dios perdona y bendice los estupradores y los incestuosos.
- ¡Sí! Estos generan hijos que serán soldados para esclavizar los pueblos vecinos y trabajadores para alimentar los poderosos.
- Pero no perdona los homoafetivos…
- ¡Claro! Estos no generan hijos que podrán ser usados para esclavizar o trabajar. De acuerdo con la Biblia a Dios le gusta el amor, pero no le encanta… Él apoya la opresión y no ahorra esfuerzos en el odio. Entonces ese Dios no perdonará.
- Sin embargo, creo en Dios de Verdad y no ese ‘mito fantasioso bíblico’. Creo en Dios de Amor, de Vida y Sabiduría. No hay nada que perdonar.


Ofereço como presente aos aniversariantes:
Ziza Saygli, Fabiana Ribeiro, Carlos W. Barbosa, Clayton Heringer, Renata Matos, Jhony Uriel, Joe Arthuso, Ícaro Freitas, Jamille Amaro, Drika Nunes, Gerci Santos e Thaylyny Emanuela.

Recomendo a leitura de:
“História Serve para Causar Desconforto: por uma história do incômodo para um mundo em emergência”, de João Lucas Nery:
“Cigarras e Peões”, deste macróbio que vos fala:
e “Bailarino”, de Girvany de Morais:

 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Foto de Vinícius Siman.


Escrito originariamente en español en la madrugada de 10 de septiembre de 2017 y trabajado en las dos lenguas entre los días 11 y 17 de diciembre del mismo año.

domingo, 10 de dezembro de 2017

IMBAÚBAS – ALÍVIO

ALIVIO


22171 para Vereador.
Meus amigos, minhas amigas, lanço minha candidatura a Vereador.
Único político honesto, pois não minto. Não vou fazer nada, mas quero me aposentar. Por isso candidato-me, pois descobrir que esta é a única maneira honesta para se aposentar.
Vote em mim nas duas próximas eleições, pois preciso aposentar.
Por isso, muito obrigado, meu amigo! Muito obrigado, minha amiga!

Leitura pelo autor postada no canal do youtube aRTISTA aRTEIRO:

Em português:

Desde antes de meu nascimento minha família vive em Ipatinga. Mas eu nasci em Coronel Fabriciano, ao lado de onde moro, Ipatinga. Ficam em Minas Gerais. E eu, quem sou? My name is Watson. Whatson name. Rirri. Eu sou Watson Cabin. Chamado por muitos de Watson e por alguns de Folha.
Com licença; vou pegar um recorte de jornal que guardo em Viagem ao Centro da Terra. Com ele em mãos podemos conversar melhor. – Pausa. – Pronto, podemos continuar.
Nasci duas semanas após a morte de Joelma. Eu em uma segunda-feira e o incêndio do Edifício Joelma em uma terça-feira. Percebi isso olhando um jornal velho que achei perdido em uma gaveta. Era o Globo de 02 de fevereiro de 1974. Ao lado e acima de duas feias fotos em preto e branco está escrito:

173 mortos no incêndio em SP
Do alto do Joelma jogaram-se ou caíram 21 pessoas

Mas na ocasião eu não percebi nada disso, claro. E minha família não ficou abalada. Mas penso que deve ter se comovido na intensidade da distância.
Minha casa não é incomum. Não é grande. Não é pequena. Não é bonita. Não é feia. É só uma casa no Imbaúbas com uma sala, cozinha, dois banheiros e três quartos, varanda, área de serviço e o pequeno quintal em que brincava quando criança e que, adulto, pouco vou. Mas hoje andei por ele.
Da janela entre minha cama e guarda-roupa se vê o pé de manga, única grande árvore; à sua direita se vê as flores que minha mãe planta e à esquerda, a hortinha que meu pai cuida. No guarda-roupa e principalmente nas cinco prateleiras de madeira tosca em duas paredes de meu “quarteca” estão meus livros. Poucos. Apenas algumas dezenas; talvez pouco mais que uma centena.
Olhei pela janela, saí para o quintal e me sentei debaixo da mangueira carregada de frutas verdes. Encostei-me a ela, apoiei meu rosto nas mãos e agora conversamos; você e eu.
Do prezinho até à quarta série estudei na E.E. Dom Helvécio. Do quinto ao oitavo ano estive no Colégio São Francisco Xavier. O segundo grau aconteceu no Colégio Mayrink Vieira.
Entre os fatos marcantes da minha vida gosto de lembrar-me de minha sétima série. Onde, como diz Julio Verne, “a verdadeira viagem começava. Até então as fadigas tinham se sobreposto às dificuldades e agora estas iam nascer verdadeiramente debaixo de nossos pés”. Melodramático, não? Mas em grande parte, fato.
Tímido, não tinha amigos e brincava com meu pé de manga. Ou passava o tempo entre tv e os livros que foram compondo o meu “quarteca”. Compreendeu? É como chamo o lugar onde durmo com meus livros.
Esforcei muito, cansei até, para ter gente com quem brincar, mas não conseguia. Mas com treze anos descobri a forma de ter com quem conversar. Hoje sei que não éramos amigos de verdade, mas na época foi a melhor coisa que me aconteceu.
Enquanto eu tirava sempre boas notas, Mário, o garoto grande, somente notas vermelhas. Ele precisava de ajuda e eu de companhia. Fiz os deveres com ele e alguma coisa aprendeu. Passei cola para ele e seu boletim azulou. Assim foi na sétima e oitava série. Os amigos deles conversavam comigo. Acho que sem muita vontade, mas mesmo não tendo muito o que dizer (eles gostavam de esportes e eu de Português e História) possuía ouvidos para me escutar.
Mas mudei de escola.
Fui para o Mayrink Vieira.
Fiz vários amigos que até hoje tenho contato. Coisa boa?
Destaco Luzemar. A menina que me fez homem e que fiz mulher. Cabelos e olhos negros. Belo rosto. Corpo gostoso.
Como continuava com boas notas me vali de meus méritos. E conheci Maria do Carmo, Valter, Ricardo, Pedro, José, Luzemar, outros e outras.
- Como você é magro... Parece uma folha. – Observou José e Pedro riu. Foram as primeiras palavras que dirigiu a mim e o apelido pegou. E ficou.
Valter nos chamou para seu aniversário. Ricardo levou cachaça. Nós sete a bebemos.
Fui embora; Luzemar também.
A gente se encontrou outras vezes. Ela levava maconha e a fumaça subia para a cabeça antes de sumir no ar.
Até que meus pais descobriram e o escarcéu que fizeram nos separou. Foi difícil e sofrido. Mas hoje a encontrei na rua fumando pedra. Estava suja e com machucados no corpo. Pediu-me dez reais. Dei e sem escarcéu nos separamos. Não foi difícil nem sofrido. Foi um alívio.
E minha maior dificuldade é o alívio que senti.


En español:

Desde antes de mi nacimiento mi familia vive en Ipatinga. Pero nací en Coronel Fabriciano, alrededor de donde vivo hoy, Ipatinga. Se queda en Minas Gerais. Y yo, ¿quién soy? My name is Watson. Watson name. Jijí. Soy Watson Cabin. Llamado por muchos de Watson y por algunos de Hoja.
Con permiso; cogeré un recorte de jornal que guardo en Viaje al Centro de la Tierra. Con él en manos podremos charlar mejor. – Pausa. – Pronto, podremos continuar.
Nací dos semanas después de la muerte de Joelma. Yo, en un lunes y el incendio del Edificio Joelma en un martes. Percibí eso mirando un jornal viejo que encontré  perdido en un cajón. Era de 02 de febrero de 1974, alrededor y arriba de dos feas fotos en blanco y negro está escrito:
173 muertos en el incendio en San Pablo
Arriba del Joelma se lanzaron o cayeron 21 personas
Pero, en la ocasión no percibí nada de eso, claro. Y mi familia no se quedó abalada. Sin embargo, pienso que si conmovieron en la intensidad de la distancia.
Mi casa no es rara. Ni grande. No es pequeña. No es bonita. No es fea. Es solamente una casa en el Imbaúbas con una sala, cocina, dos cuartos de baño, balcón y un pequeño patio donde jugaba mientras niño y que, adulto, poco voy. Pero, hoy anduve por él.
De la ventana entre mi cama y guardarropa se ve el pielde mango, único gran árbol; a su derecha se ve la flores que mi mamá planta y a la izquierda, el huertito que mi papá cuida. En el ropero y principalmente en la tosca estante de mi “habiteca” están mis libros. Pocos. Solamente algunas decenas; tal vez poco más que una centena.
Miré por la ventana, salí al patio y me senté debajo del árbol cargado de frutas aún no maduras. Me acosté a él, apoyé mi rostro en las manos y ahora charlamos. Tú y yo.
Mis primeros años de estudio fue en la escuela Don Helvecio. Mi primaria fue en el colegio San Francisco Xavier. Mi secundaria se ocurrió en el colegio Mayrink Vieira.
Entre los factos más importantes de mi vida me gusta recordar mi séptima serie. Donde, como habla Julio Verne, “el verdadero viaje empezaba. Hasta ahora los cansancios habían se sobrepuesto a las dificultades y hoy se van a nacer verdaderamente bajo nuestros pies.” ¿Melodramático, no? Sin embargo, en gran parte, facto.
Tímido, no tenía amigos y mi pie de mango y yo jugábamos. O pasaba el tiempo entre tv y libros que fueron componiendo mi “habiteca”. ¿Comprendió? Es como llamo donde me acuesto con mis libros. Esforcé mucho, hasta me cansé, para tener gente con quien jugar; pero, no conseguía. Sin embargo, a los trece años descubrí la manera de tener con quien platicar. Hoy sé que no éramos amigos de verdad, pero en la época fue la mejor cosa que me ocurrió.
Mientras yo tenía siempre buenas notas, Mario, el muchacho grande, solamente notas rojas. Él necesitaba de ayuda y yo de compañía. Hice los deberes con él y algunas cosas él aprendió. Le pasé chuleta y su boletín escolar azuló. Así fue en los dos últimos años de primaria. Los amigos de él charlaban conmigo. Pienso que sin mucha voluntad, pero mismo no teniendo mucho que decir (a ellos les gustaban deportes y yo de español e Historia) tenía oídos escuchándome.
Pero, cambié de escuela.
Fue al Mayrink Vieira.
Hice varios amigos y hasta hoy hablamos. ¿Cosa buena?
Destaco Luzemar. La muchacha que me hizo hombre y que la hice mujer. Pelos y ojos negros. Bello rostro. Cuerpo exquisito.
Como continuaba con buenas notas me valí de mis méritos. Y conocí María del Carmo, Valter, Ricardo, Pedro, José, Luzemar, otros y otras.
- Como es flaco… Parece una hoja. – Observó José y Pedro rio. Fueron las primeras palabras que me dirigieron y el apodo pegó. Y se quedó.
Valter nos invitó a su cumple. Ricardo llevó cachaça de Brasil. Nosotros la bebemos.
Me fue de la fiesta; Luzemar también.
Nosotros nos encontramos otras veces. Ella llevaba mariguana y el humo subía hasta la cabeza antes de sumir al aire.
Hasta mis padres descubrieron y la algarabía que hicieron nos separó. Fue difícil y sufrido. Pero, hoy la encontré en la calle fumando piedra. Estaba sucia y todo su cuerpo se quedaba lastimado y herido. Me pidió dinero. Di y sin gritería nos separamos. No fue difícil ni sufrido. Fue un alivio.
Mi mayor dificultad es el alivio que sentí.


Ofereço como presente aos aniversariantes:
Camila Santos, Rayssa Rangel, Cleiser Coura, Carlos Roberto, Bernardo Baião, Adler Franz, Patricia Rodrigues, Lenilson Fonsêca, Holoisa Davino, Lucas Alvisi, Dado Aragon, Renata Sousa, Lucas Lage, Aninha Silva, Mila Eduarda, Marilene Tuler, Fabio S. Rodrigues, Mikael V. Zeleke y Martínez John.

Recomendo a leitura de:
“Pensar Historicamente”, de João Lucas Nery:
“Bang, Bang, Bang, Prendemos 726212”, de Josué da Silva Brito:
“As Ocupações dos MTST E MST SÃO OS NOVOS QUILOMBOS”, de Vinícius Siman:
e “Roubos Invisíveis”, deste macróbio que vos fala:

BECHDEL, Alison. Fun Home: uma tragicomédia em família. Tradução: André Conti. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2007.



VERNE, Julio. Viagem ao Centro da Terra. Rio de Janeiro: Fase. Cap. 17.

 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Foto de Vinícius Siman.

Escrito na manhã de 15 de novembro de 2015, trabalhado no dia 17 de abril de 2016; depois em 2017 entre 23 de fevereiro e 26 de março de 2017 e por fim entre 01 e 10 de dezembro.

domingo, 3 de dezembro de 2017

JESUS É OUTRA HISTÓRIA, SERÁ?

JESÚS ES OTRA HISTORIA, ¿SERÁ?


Desvio Cultural – 08 e 09 de dezembro – Ipatinga:
Em apoio às artes, contra a censura, a favor da liberdade de expressão.
Desvio Cultural – 08 y 09 de diciembre – Ipatinga:
En apoyo a las artes, contra la censura, a favor de la libertad de expresión.
Desvio Cultural – December, 08 and 09 – Ipatinga:
In support arts, against censorship, in favor of freedom of expression.

“Sobe depressa, Miss Brasil”, dizia o torturador enquanto me empurrava e beliscava minhas nádegas escada acima no Dops. Eu sangrava e não tinha absorvente. Eram os ‘40 dias’ do parto. Na sala do delegado Fleury, num papelão, uma caveira desenhada e, embaixo, as letras EM, de Esquadrão da Morte. Todos deram risada quando entrei. “Olha aí a Miss Brasil. Pariu noutro dia e já está magra, mas tem um quadril de vaca”, disse ele. Um outro: “Só pode ser uma vaca terrorista”. Mostrou uma página de jornal com a matéria sobre o prêmio da vaca leiteira Miss Brasil numa exposição de gado. Riram mais ainda quando ele veio para cima de mim e abriu meu vestido. Picou a página do jornal e atirou em mim. Segurei os seios, o leite escorreu. Ele ficou olhando um momento e fechou o vestido. Me virou de costas, me pegando pela cintura e começaram os beliscões nas nádegas, nas costas, com o vestido levantado. Um outro segurava meus braços, minha cabeça, me dobrando sobre a mesa. Eu chorava, gritava, e eles riam muito, gritavam palavrões. Só pararam quando viram o sangue escorrer nas minhas pernas. Aí me deram muitas palmadas e um empurrão. Passaram-se alguns dias e ‘subi’ de novo. Lá estava ele, esfregando as mãos como se me esperasse. Tirou meu vestido e novamente escondi os seios. Eu sabia que estava com um cheiro de suor, de sangue, de leite azedo. Ele ria, zombava do cheiro horrível e mexia em seu sexo por cima da calça com um olhar de louco. No meio desse terror, levaram-me para a carceragem, onde um enfermeiro preparava uma injeção. Lutei como podia, joguei a latinha da seringa no chão, mas um outro segurou-me e o enfermeiro aplicou a injeção na minha coxa. O torturador zombava: “Esse leitinho o nenê não vai ter mais”. “E se não melhorar, vai para o barranco, porque aqui ninguém fica doente.” Esse foi o começo da pior parte. Passaram a ameaçar buscar meu filho. “Vamos quebrar a perna”, dizia um. “Queimar com cigarro”, dizia outro.
ROSE NOGUEIRA, ex-militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), era jornalista quando foi presa em 4 de novembro de 1969, em São Paulo (SP). Hoje, vive na mesma cidade, onde é jornalista e defensora dos direitos humanos.

Leitura do cronto pelo autor no canal aRTISTA aRTEIRO:

Em português:

- “Olhos correndo rumo à escuridão do céu” canta Vinícius Siman em Grito Primal em Beagá. Eu digo: olhos escorrendo a escuridão do céu. Não canto; eu digo. Afinal, não sou torturador dos ouvidos alheios... E nem dos meus, claro. Rerrê.
Para um instante para os dois rirem da piada e pensarem no poema. Depois continua:
- Gabriel Bicalho... O poeta, sabe? Ele é terrivelmente aborrecido, mas seus poemas... Os poemas... Ah, seus poemas! Quem os supera?
Mudando de assunto, Eder:
- Podemos até não saber, mas somos o que mais detestamos...
- Quem é aquele que está me olhando sem parar?
- Rodrigo. Ele é cantor.
- Gosto de músicos... Espero que seja artista e não apenas cantor...
- Não sei dizer. Nunca conversei com ele para saber se é inteligente.
Os três param um instante para beberem. Eder, a sua cerveja. Mauro, coquetel feito por Marcelo, no Feirarte. Vinícius, outro coquetel.
- Mauro! Você não tem facebook, watzap nem nada. Por quê?
- A ditadura deixa marcas. É assustador chegar numa sala com todas as informações a seu respeito expostas nas paredes. – Olhando nos olhos do Eder: Compreende?
- Compreendo!
- Respondeu muito rápido; sem nada reviver. E falou muito enfático. Não compreende, então.
Provavelmente aborrecido (provavelmente?), Eder volta à sua proposta inicial:
- Podemos até não saber, mas somos o que mais detestamos...
- Paz do Senhor! – Chega um conhecido com camisa estampada: “Boçalmito 2018”. – Estou chocado com o sujeito que roubou aquele supermercado. Tem tantos criminosos à solta; precisam ser presos e torturados para ver se aprende...
- Você, cristão, defende a tortura? – Mauro diz boquiaberto. – Como? Jesus foi preso e torturado até a morte. Apoiar a tortura é apoiar o que fizeram com Ele.
- Jesus é outra história. Ele é bom.
- Ele disse que não veio para os saudáveis, veio para os doentes. Não veio para os bons, pois estes já estão com o céu garantido. Veio para os maus. E você é contra a Missão dEle.
- É...
- Vamos ouvir a música, que é melhor. – Intervém Vinícius. Os três se calam e outro vai embora. Não há como dialogar com fascistas, pois estes são o oposto ao diálogo.


En español:

- “Ojos corriendo rumbo a la oscuridad del cielo” canta Vinícios Siman en Grito Primal en Beagá. Digo: Ojos escurriendo la oscuridad del cielo. No canto; digo. Pues no soy torturador de los oídos ajenos… Y ni de los míos, claro. Jejé.
Los tres ríen del chiste mientras paran y piensan en el poema. Después un continúa:
- Gabriel Bicalho… El poeta, ¿sabes? Él es terriblemente aburrido, pero sus poemas… sus poemas… ¡Ah, sus poemas! ¿Quién los supera?
Cambiando el asunto, Eder:
- Hasta podemos no saber, pero somos lo que más detestamos…
- ¿Quién es aquél que me mira sin parar?
- Rodrigo. Él es cantante.
- Me gustan los músicos… Espero que sea artista y no apenas cantante…
- No sé decir. Nunca charlé con él para saber si es inteligente.
Los dos paran un rato para bebieren. Eder, su cerveza. Mauro, cóctel hecho por Marcelo en el Feirarte. Vinícius, otro coctel.
- Mauro, no tiene Facebook, watzap ni nada. ¿Por qué?
- La dictadura deja marcas. Es aterrador llegar en una sala con todas las informaciones a su respecto expuestas en las paredes. – Mirando en los ojos del Eder: ¿Comprende?
- ¡Comprendo!
- Contestó muy pronto; sin nada revivir. Y habló muy enfático. En verdad, no comprende.
Posiblemente aburrido (¿posiblemente?), Eder vuelta a su propuesta inicial:
- Hasta podemos no saber, pero somos lo que más detestamos…
- ¡Paz de Cristo! – Llega un conocido con grandes dictadores estampados en la camisa. – Estoy enfadado con aquél tipo que robó aquella tienda. Hay tantos criminosoS fuera de la cárcel; han que los prender y torturar. Solamente así aprenderán.
- Tú, cristiano, ¿defiende la tortura? – Mauro habla boquiabierto. - ¿Cómo? Jesús fue preso y torturado hasta la muerte. Apoyar la tortura es apoyar que hicieron a Él.
- Jesús es otra historia. Él es bueno.
- Él dijo que no vino para los saludables, vino para los enfermos. No vino para los buenos, pues estos ya están con el cielo garantido. Vino para los malos. Y tú eres contra la misión de Él.
- Es…
- Vamos oír la música, que es mejor. – Interviene Vinícius. Los tres se callan y el otro se va. No hay como dialogar con fascistas, pues estos son el opuesto al diálogo.


Ofereço aos aniversariantes:
Marcelo Vieira, Albio Rodrigues, Lorrayne Sancar, Alcemar Ferreira, Vanda Ribeiro, Welington G. Silva, Patrick Castro, Lucas B.M. Alto, Larissa SA, Kerley H.M. Almeida, Cleber L. Assis, Ricardo Escudero, Regina M.T.P. Simao, Alfredo Pires, Xunior Matraga, Chimeni Lins, André Resende e Alejandro Vera.

Recomendo a leitura de
“Abaixo ‘a consciência humana’”, de Vinícius Siman:
e “Geni, o miniconto”, de Girvany de Morais:

 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve e publica neste seu blog literário aRTISTA aRTEIRO todo domingo e colabora no Ad Substantiam às quintas-feiras.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. E em breve também professor de História. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Foto de Vinícius Siman.


Escrito na tarde de 24 de setembro de 2017. Trabalhado entre os dias 30 de outubro e 03 de dezembro do mesmo ano.